“A NotCo é uma foodtech chilena fundada em 2015 com o intuito de revolucionar a indústria de alimentos. Utilizamos inteligência artificial própria - o Giuseppe - para recriar os alimentos que amamos, porém, apenas com plantas. Nossa missão é mudar sem mudar. Atuamos no Brasil desde maio deste ano com a Not Mayo (maionese feita a partir de grão de bico). Até o final do ano lançaremos o Not Milk e o Not IceCream”. Foi assim que Luiz Augusto Silva, CEO da NotCo no Brasil iniciou o bate-papo com a Equipe AgriPoint.
Giuseppe é o software responsável por cruzar todas as informações de um gigantesco banco de dados para obter as combinações de moléculas ideais na criação de cada alimento. O nome do robô é uma homenagem a Giuseppe Arcimboldo, pintor italiano renascentista famoso por criar figuras humanas a partir de frutas e legumes. O software aprende com suas tentativas e erros e, para ensiná-lo, a NotCo conta com um time completo de chefs de cozinha trabalhando em período integral. Tudo o que estiver fora do esperado, é detectado por esses profissionais.
Luiz será um dos palestrantes do Dairy Vision 2019, evento que ocorrerá nos dias 26 e 27 de novembro em Campinas/SP. O tema da sua apresentação será “Reinventando o alimento através da tecnologia”.
Mas de onde surgiu a ideia da NotCo?
O cientista e empreendedor chileno Pablo Zamora molhava uma batata frita em uma maionese feita 100% a partir de vegetais quando fez uma projeção chocante. Em apenas três anos, utilizando produtos da empresa que ajudou a criar, toda pessoa será capaz de cozinhar, do início ao fim e sem restrições, as refeições que consome hoje passando longe de qualquer ingrediente de origem animal. Segundo ele, a Not Company, ou NotCo, empresa que criou junto aos parceiros Matias Muchnick e Karim Pichara, está muito perto de conseguir desenvolver as três bases necessárias para possibilitar essa realidade.
Vale destacar neste ano, a empresa recebeu um aporte de Jeff Bezos, CEO da Amazon e homem mais rico do mundo, por meio do fundo familiar Expeditions. A rodada de investimento totalizou US$ 30 milhões.
Em abril, a NotMayo chegou aos supermercados brasileiros da rede Pão de Açúcar, a partir de uma parceria da NotCo com o GPA. Segundo Luiz, que trabalhou a anteriormente na Danone, a tecnologia da empresa permite acelerar a pesquisa e desenvolvimento no setor, fazendo com que a NotCo tenha oportunidade de recriar os mais diversos alimentos e oferecer ao consumidor um alimento de base vegetal sem que tenha que abdicar do sabor ou da experiência de consumo.
“A demanda por produtos plant-based é crescente e, além disso, é uma questão de sustentabilidade. Oferecemos uma solução sustentável a todos os consumidores, e não apenas aos de nicho, já que nossos produtos mantêm o sabor que todos gostam. Um desafio é que ainda esbarramos em questões tributárias que não nos permitem competir diretamente com um produto ‘tradicional’”, completou.
Para as carnes, a equipe está desenvolvendo a gordura, o sangue, responsável pela suculência e até a estrutura fibrosa que permitirá reproduzir com exatidão os diferentes cortes encontrados no mercado. Para isso, entre os ingredientes, há moléculas de cacau e beterraba, por exemplo. Em publicação recente, os cientistas da NotCo revelaram que a estrutura mais difícil de reproduzir até o momento foi o leite., Porém, revelam que o resultado em textura, sabor e cheiro é ‘impressionantemente preciso’.
E o negócio é financeiramente sustentável?
Por incrível que pareça, os empreendedores garantem que o método de produção da NotCo é ainda mais barato que o da indústria tradicional. Para garantir produtos acessíveis, a NotCo definiu que sempre terá produção local nos países onde operar, minimizando gastos com importações. No Brasil, já há parcerias com fazendeiros, distribuidoras e empacotadoras. Sendo assim, o consumidor paga menos ou o mesmo preço de um produto feito da maneira tradicional.
“Queremos transformar a NotCo na empresa alimentar de mais rápido crescimento no país, liderando o food tech disruption e permitir que todos tenham a oportunidade de provar os nossos produtos”, concluiu. E para finalizar, fez um convite: “venha participar o Dairy Vision 2019. Como sempre, este é um importante evento e este ano especialmente, está cheio de novidades para o setor”.
Será mesmo que essas previsões se confirmarão, gerando forte disrupção no setor? Ou será um nicho restrito? O ato de alimentar-se vai muito além dos nutrientes, passando por questões culturais, políticas e econômicas, entre outras. A visão do MilkPoint é a de que o alimento natural, que remonta às nossas mais profundas raízes, sempre terá valor e apelo, e talvez cada vez maior, à medida que soluções totalmente novas como as propostas pela NotCo, ganham força. Mas coexistirá com outras alternativas sem dúvida. Também, a produção animal é atividade econômica e social para mais de um bilhão de pessoas no mundo, a maioria em situação de risco sob o âmbito da renda. Ainda, acreditamos que a produção animal possa ser parte da solução da questão ambiental, a partir do aumento de produtividade e de pesquisas que permitam ao setor ser neutro em carbono, por exemplo. Mas não podemos nos furtar de olhar o novo - e dialogar com ele - até para sabermos com quem estamos competindo.
Afinal, o setor lácteo passa por profundas transformações no Brasil e no mundo. Estas transformações têm diversas vertentes e carregam como consequência um cenário difuso, em que não se pode mais classificar o setor como algo uniforme: certamente haverá vários “setores” dentro do que se convencionou chamar de indústria de laticínios, com rentabilidades, perspectivas e crescimento muito distintos. A transformação passa por diversos pilares, podendo-se destacar: protagonismo crescente do consumidor, novas tecnologias e inovação aberta. O Dairy Vision é o evento mais exclusivo do setor no Brasil e um dos principais do mundo. A cada ano, cresce em número de participantes e empresas, sinal de que a proposta do evento é vencedora. Serão mais de 20 apresentações e debates com um único objetivo: dar uma oportunidade concreta para que os executivos tenham insights relevantes, daqueles que podem mudar o rumo de seus negócios. Faça a sua inscrição com desconto até o dia 30/09!
Leia aqui artigo sobre o tema escrito pelo CEO da AgriPoint, Marcelo Carvalho.