As crianças roubaram a cena na 45ª Expointer. Após duas edições da feira realizadas sob restrições sanitárias, elas voltaram com tudo. Porém, encontraram um agro mais preocupado em que aprendam sobre o campo e se aproximem da realidade produtiva.
Uma das iniciativas que mais chamou a atenção do público foi o projeto “Fazenda Doce de Leite”, desenvolvido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS).
Este foi o tema principal do 2° Fórum Gaúcho do Leite, realizado pelo Correio do Povo e pelo Sindilat/RS. O evento, que reuniu representantes da indústria leiteira gaúcha, do Poder Executivo estadual e da ciência especializada ocorreu na casa do CP e mostrou como a iniciativa conseguiu ensinar, no mínimo, 5 mil crianças como ocorrem os processos de produção, industrialização e comercialização de leite.
A visita à Casa de Laticínios ainda inclui passagem pelo Recanto das Terneiras, no qual estão expostas quatro terneiras leiteiras das raças Holandês, Jersey, Gir e Girolando.
O diretor-executivo do Sindilat-RS, Darlan Palharini, explica que o projeto nasceu em 2016, na própria Expointer, mas que foi colocado em prática este ano. A ideia, segundo ele, não é aumentar o consumo de leite, mas explicar aos pequenos como os derivados lácteos são produzidos. “A companhia de teatro foi muito feliz em se comunicar de uma forma lúdica. Para isso, levamos o produtor teatral à uma propriedade para que conhecesse de perto a realidade rural”, conta.
O executivo também revela que houve preocupação em disponibilizar técnicos junto aos animais para que pudessem explicar às crianças todos os processos e cuidados com os animais. “Para completar, temos o concurso Arte na Caixinha, atividade através da qual, após a visita, as crianças realizam uma arte em caixinhas recicláveis e, juntamente com os professores, concorrem à premiação”, diz.
O envolvimento do Ministério da Agricultura e da Embrapa se deu no aval sobre o conteúdo técnico levado às crianças. Conforme o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso, a instituição ajudou na formatação do texto final da peça e inclui informações sobre a importância da pesquisa científica. E anunciou que a segunda etapa do projeto Fazenda Doce de Leite ocorrerá após a Expointer, em Pelotas e região. “Vamos ouvir as escolas para saber qual a melhor forma de interagir, se levando a peça às salas de aula ou levando os estudantes à Estação Experimental Terras Baixas, onde poderão estar próximos dos animais”, ressalta. O prefeito de Sapucaia do Sul, Volmir Rodrigues, destacou a participação no projeto de 5 mil crianças da rede de ensino municipal, composta por 17 mil estudantes. “O ônibus busca os estudantes nas escolas e traz à Expointer. Os grupos vão direto ao espaço do Sindilat. Depois, vão ao espaço de Sapucaia e aprendem sobre a história do município e fazem uma visita guiada no parque”, conta.
Os alunos de 5 a 10 anos aprendem, principalmente, a origem do leite e sua importância à saúde. “As crianças estão na fase de cinco a dez anos, a qual mais ingerem leite e à qual o cálcio e as vitaminas do leite são importantes”, lembra. A consultora de Agronegócios Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), Larissa Ramos, comentou sobre a relevância do projeto para, além de educar crianças, valorizar o homem do campo, especialmente o produtor de leite. “As crianças levam informação às suas famílias, o que vem ao encontro do interesse do cooperativismo, que é investir nas comunidades. Acreditamos muito neste projeto e no pecuarista de leite”, diz.
A estreia do projeto se realiza na Expointer após dois anos de pandemia, fato que chama a atenção do secretário adjunto da Agricultura do Estado e presidente da Expointer, Rodrigo Rizzo. “Nós estamos vivendo a Expointer do abraço. Todos os nossos produtores estavam com saudade de trazer o que produzem ao público urbano”, diz. O professor e pesquisador da Universidade de Passo Fundo (UPF) Ricardo Zanella lembrou da importância do projeto para evitar o êxodo rural. “Precisamos renovar as gerações na produção de leite no campo. E quando trabalhamos com crianças, ensinamos a elas não somente a forma de produzir leite, mas mostramos os passos necessários para que o leite chegue até o consumidor.
As informações são do Sindilat, adaptadas pela equipe MilkPoint.