Os produtores de leite dos EUA estão longe de ser os únicos a terem que lidar com o mercado abalado pela pandemia neste ano, mas nem todas as fazendas enfrentaram os mesmos desafios.
Comparados com os da Pensilvânia ou Nova York, os produtores de leite da América Latina receberam menos apoio do Governo, mas também foram poupados de parte da turbulência do mercado, pelo menos até o momento.
A América Latina não teve interrupções no fornecimento de varejo na mesma escala que os EUA enfrentaram nesta primavera.
"Isso pode ter algo a ver com a volatilidade econômica e política que faz parte da vida cotidiana", disse Monica Ganley, diretora da Quarterra Consulting & Advisory. "As pessoas estão acostumadas a lidar com interrupções com mais frequência e provavelmente possuem níveis mais altos de estoque em cada etapa da cadeia", disse Ganley, graduada da Cornell University com sede na Argentina.
Ela falou em uma videoconferência em 8 de julho apresentada pela International Dairy Foods Association.
A América Latina, é claro, teve que ajustar a produção de produtos lácteos quando as empresas de serviços de alimentação fecharam. O consumo de leite UHT – um tipo de leite fluido que pode ficar sem refrigeração – aumentou durante a pandemia. "Isso não é exatamente uma surpresa, considerando que a bebida já é popular", disse Ganley.
Ao mesmo tempo, porém, o consumo de queijo caiu. Como nos EUA, o queijo está fortemente ligado à pizza e, portanto, aos serviços de alimentação. E quando os latino-americanos comem queijo em casa, segundo Ganley, geralmente é servido em reuniões, e esses não são recomendadas durante a pandemia.
Na América Latina, o preço dos laticínios é muito mais simples do que nos Estados Unidos. Não há classes ou pools. Os preços são negociados principalmente com base na oferta e demanda. As opções de gestão de riscos também são escassas. Os contratos futuros de leite são incomuns e os produtores relutam em assinar contratos com medo de perder os aumentos de preços.
"Os lácteos latino-americanos se beneficiaram de alguns programas nacionais de estímulo criados em resposta à pandemia, mas não na extensão dos produtores dos EUA", disse Ganley.
A pandemia atingiu os mercados de lácteos dos EUA na primavera, na época em que a produção de leite naturalmente aumenta. Mas no Hemisfério Sul, o risco de excesso de oferta foi reduzido, porque abril está no ponto mais baixo do ciclo de produção.
Nos últimos meses, os a produção de derivados lácteos latino-americanos têm aumentado graças a condições climáticas favoráveis, custos operacionais baixos e margens fortes. O aumento de derivados está prestes a terminar, no entanto. Na América do Sul, a produção sazonal de leite aumenta na segunda metade do ano. "Acho que em breve nos encontraremos em uma situação em que teremos muito leite", disse Ganley.
As informações são do Lancaster Farming, traduzidas pela Equipe MilkPoint.