Integradas a uma trading, oito cooperativas do Norte do Paraná vão exportar leite em pó para a África, Oriente Médio, México e China. O negócio foi fechado pela Serlac Trading, empresa criada oficialmente há três meses, que prevê o envio de 15 mil toneladas por ano, a partir de outubro.

Do total, 2.040 toneladas por ano serão fornecidas pela Confepar, responsável pela industrialização do leite em pó das cooperativas paranaenses. A cota será completada pelas outras integrantes da trading, as empresas Embaré (MG), Itambé (MG), Ilpisa (AL) e Cooperativa Central de São Paulo (CCL).

O presidente da Confepar, Renato Beleze, diz que a parceria representa adicional de 10% no faturamento da cooperativa, com um incremento na receita que pode chegar a R$ 1 milhão por mês.

Para isso, a Confepar investiu, desde julho do ano passado, R$ 12 milhões no processo de industrialização, em equipamentos, tecnologia e qualificação de pessoal. Parte dos recursos foi destinada à compra de um novo concentrador de leite, com capacidade para 600 mil litros por dia.

As oito cooperativas que integram a Confepar representam um universo de 3,5 mil cooperados. Juntos, são responsáveis por uma produção média de 300 mil litros de leite por dia. Os produtos, leite longa vida, pasteurizado, em pó e bebidas lácteas, são comercializados com as marcas Cativa, Confepar e Polly.

A integração das cooperativas conseguiu aumentar muito a produtividade das empresas. Em 1999, quando começaram a trabalhar juntas, produziam 1,3 mil toneladas de leite em pó. No ano passado, já foram 5,79 mil toneladas e, para este ano, a previsão é chegar a oito mil toneladas.

Agora, com foco no leite em pó, as cooperativas pretendem conquistar mercados no exterior, para obter melhor remuneração para os cooperados, como diz o presidente de uma das cooperativas, a Cativa, Adir Salla.

Beleze também acredita que, eventualmente, a trading possa atuar como importador, a exemplo da indústria automotiva, que pode importar a mesma quantidade exportada, com o diferencial do custo reduzido. Hoje o Brasil produz 21 bilhões de litros de leite por ano, mas o consumo é de 23 bilhões de litros.

União

Negócios, como a exportação de leite em pó, só foram possíveis pelo processo de integração levado a cabo pelas oito cooperativas de leite do Norte do Paraná. Em menos de quatro anos, elas conseguiram reverter uma situação de graves problemas financeiros para resultados positivos.

As cooperativas Cativa, Central Norte e Confepar, de Londrina, e a Colari, de Mandaguari, além de suas filiadas, amargavam resultados negativos por vários anos seguidos até 1998. Para viabilizar a atividade, juntaram suas forças no ano seguinte, quando conseguiram equilíbrio financeiro, com faturamento de R$ 59 milhões. Agora, já prevêem R$ 119 milhões em faturamento para este ano. No ano passado foi de R$ 84 milhões.

No plano de integração, as cooperativas desativaram seus parques industriais e passaram a entregar o leite para ser processado na Confepar, a única a manter sua indústria em operação.

A fusão proporcionou a redução de custos, operacionais e de pessoal, "possibilitando o início de uma escalada no processo de recuperação financeira", diz o presidente da Confepar.

Ao invés de disputar mercado e produtores, as cooperativas dividiram o trabalho. A Colari, Cativa e Central Norte são hoje responsáveis pela recepção do leite, enquanto a Confepar industrializa e comercializa. "A centralização do comercial e o enxugamento das cooperativas foram fundamentais na relação custo-benefício", diz o presidente da Cativa.

Fonte: Valor On Line (por Miriam Karam), adaptado por Equipe MilkPoint