Com uma apresentação intitulada 'Crescimento de laticínios nos EUA: extinto ou revivido?', Marion Cassagnou, economista do Instituto Pecuário Francês Idele, não prevê nenhum aumento na produção de leite antes de 2023.
Desde o primeiro slide de sua apresentação, Marion Cassagnou destacou a quebra no crescimento de lácteos nos EUA.
Com o país registrando um aumento da produção de leite em 2021 para 102,6 milhões de toneladas (+1,5% face a 2020), o aumento dos volumes verificou-se sobretudo no primeiro semestre do ano (+3% face ao 1º semestre de 2020). Da mesma forma, após forte crescimento no primeiro semestre de 2021, o rebanho leiteiro caiu drasticamente para 9,37 milhões de vacas leiteiras. A produtividade, no entanto, ainda está em alta em 10.860 kg/vaca (+1% em relação a 2020).
“A captação de leite caiu 1% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o primeiro trimestre de 2021; uma queda na produção pela primeira vez desde 2013 (excluindo 2020)”, disse Cassagnou, que acrescentou que o USDA prevê uma manutenção da produção e, portanto, um aumento no 2º semestre (a confirmar).
Embora o preço do leite tenha subido acentuadamente em 2021, a margem do custo da ração vem caindo desde fevereiro de 2022 para US$ 255/tonelada porque o preço da ração está subindo tão rápido quanto os preços do leite. Os custos de alimentação vêm aumentando constantemente desde 2020, observou Cassagnou. “A margem dos produtores continua com pouco incentivo e eles não parecem dispostos a reagir à alta dos preços”, acrescentou a palestrante.
A este panorama, acresce o mau tempo, com 22% das pastagens em estado bom a excelente (22 de Maio), contra 28% no ano passado e 50% em estado considerado mau a muito mau (39% no ano passado a mesmo período) de acordo com o USDA. Confira o mapa abaixo.
Exportação de queijo em alta
A produção de queijo americano apresenta um aumento há vários anos que continuará em 2022 (+3% no primeiro trimestre), em particular, para atender o consumo interno. Por outro lado, a produção de ingredientes secos caiu (-13% para pó desnatado e -2% para soro de leite em pó no primeiro trimestre de 2022).
“As exportações de produtos lácteos dos EUA estão em melhor forma em 2021, crescendo 11% em volume (para 13,6 milhões de toneladas equivalentes de leite) e 19% em valor em relação a 2020”, explicou Cassagnou. Esse aumento é mais acentuado em direção ao México (26% a partir de 2020) e Canadá (19%), que continuam sendo os 2 principais destinos.
“As exportações também estão em forte alta na Ásia (27% em valor para a China, 19% para o Japão e 15% para a Coreia)”, acrescentou, destacando ainda uma forte presença na exportação de ingredientes e boa competitividade exportadora de pós desnatados.
O leite em pó desnatado lidera as exportações (203.000 toneladas de janeiro a março de 2022), queda de 8% em relação a 2021, principalmente para o México. O soro de leite em pó vem em segundo lugar (132.000 toneladas exportadas no primeiro trimestre de 2022), mas com queda de 6% em relação a 2021, especialmente para a China (queda de 24%). Os queijos chegam na terceira posição (105.000 toneladas exportadas no primeiro trimestre de 2022) com um aumento nas exportações (13% em março sobre 2021), e para o México (27%).
Quanto à manteiga, mostra um aumento nas exportações, mas em volumes modestos (19.000 toneladas no primeiro trimestre de 2022).
Competitividade das exportações
“As perspectivas para 2022 são menos animadoras”, concluiu ela, destacando a produção de leite equivalente à de 2021 (102,6 milhões de toneladas em 2021) e um pequeno aumento em 2023 para 104 milhões de toneladas. Além disso, os preços do leite ao produtor aumentam em 2022, mas prevêem queda em 2023.
Sobre o leite em pó desnatado:
- A produção caiu 7%, ou 44.000 toneladas em janeiro-março 2022/2021.
- As exportações caíram 8%, ou 18.000 toneladas em janeiro-março 2022/2021.
- Os estoques caíram 9%, ou 11.000 toneladas, em março 2022/2020.
“Se do lado da produção os laticínios derem uma pausa em 2022, os EUA manterão sua competitividade exportadora, com a exportação de leite em pó desnatado crescendo menos que os concorrentes e os estoques de leite em pó desnatado permanecendo confortáveis”, concluiu Cassagnou.
As informações são do Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.