As fortes chuvas em Santa Catarina devem provocar um “nível bem alto de perdas” na agricultura do Estado, mas estimativas precisas só poderão ser feitas quando as precipitações derem trégua. A afirmação é de Valdir Colatto, secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural do Estado.
Em entrevista ao Valor/Globo Rural, neste sábado, ele disse que praticamente todo o Estado está sendo atingido pelas chuvas, o que afeta várias atividades da agropecuária.
No momento, segundo ele, as produções que mais sofrem são as de hortaliças e frutas em geral e as culturas de inverno, como trigo. “O trigo está na pré-colheita. (...) Na serra catarinense, as chuvas estão atingindo a floração de maçãs, e os vendavais afetam as uvas, que perdem ramos e ficam suscetíveis a doenças”, afirmou.
Também já há reflexo no plantio de culturas de verão. Segundo Colatto, as chuvas estão atrasando a semeadura do milho, principalmente. “O prejuízo já está acontecendo (...) A erosão já levou [algumas lavouras recém-plantadas] e é preciso fazer o replantio, mas há dificuldade de entrar no campo”, relatou. Nesse cenário, disse, o Estado, que é grande produtor de aves e suínos, vai ter de importar mais milho de outras regiões.
Ainda, segundo ele, a região do oeste catarinense, que concentra grande parte da produção de aves e suínos, também sofre com as precipitações intensas.
Os problemas não acabam aí. O secretário de Agricultura de Santa Catarina disse que as chuvas também provocaram o alagamento de arrozais do Estado, segundo maior produtor de arroz do país. Atualmente é época de plantio, quando chuvas são bem-vindas, mas o excesso de precipitação pode comprometer a cultura. A região mais afetada nesse caso é o Vale do Itajaí, afirmou.
As tempestades e vendavais também atingem a produção de banana em Santa Catarina. Na região norte do Estado, segundo Colatto, “áreas enormes” foram afetadas, bananeiras foram derrubadas e, em alguns casos, bananais tiveram de ser eliminados.
Outro segmento prejudicado é o leite. As chuvas derrubaram pontes e limitaram os transportes de produtos, como o leite, disse o secretário. “Há comunidades isoladas, (...) há leite sendo jogado fora porque não tem como fazer a coleta”, acrescentou.
De acordo com ele, a secretaria está em contato com as áreas técnicas de cooperativas locais para levantar o tamanho das perdas nas diferentes atividades. A preocupação é grande, disse, porque ainda há previsão de chuvas para este fim de semana.
Ontem, o governo de Santa Catarina decretou situação de emergência nas regiões mais afetadas pelas chuvas. Em nota, a Defesa Civil do Estado informou que “para garantir atendimento prioritário e a liberação de mantimentos e recursos, a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil elaborou um decreto estadual para atender as demandas dos municípios mais afetados por conta das chuvas que atingem Santa Catarina desde a última quarta-feira”.
Com o decreto "fica declarada situação anormal, provocada por desastre meteorológico e caracterizada como situação de emergência. Ao todo, 82 municípios estão na lista”, segundo a Defesa Civil.
As informações são do Globo Rural, adaptadas pela equipe MilkPoint.