Chile: indústria de lácteos de olho no mercado externo

A indústria de lácteos está atualmente aproveitando os benefícios do aumento da demanda e das altas nos preços internacionais. Diante disso, o Chile está querendo se preparar para uma mudança, e vê como solução o aumento nas exportações de lácteos, segundo informou reportagem de Rodrigo Obreque Echeverría para a revista El Mercúrio.

Cada empresa tem sua própria receita para enfrentar esta mudança, mas como sabem que o tempo pode ser curto, estão dispostas a compartilhá-las em busca de uma estratégia que lhes permita aproveitar este momento o melhor possível.

Por isso, há alguns dias, no seminário Chilelácteo, organizado pela Federação Nacional dos Produtores de Leite do Chile (Fedeleche) em Valdivia, reuniram-se representantes da Colún, Loncoleche, Nestlé, Soprole e Surlat.

Quase todos concordaram que é possível cumprir a meta de exportar US$ 1 bilhão em um prazo de 10 anos, mas apontaram que para isso, será indispensável conseguir uma aproximação entre os elos da cadeia, além de inovar, desenvolver uma imagem de país lácteo, trabalhar com visão de longo prazo e não descuidar do mercado interno.

O gerente de assuntos públicos da Nestlé, Cláudio Sarah, enfatizou que mesmo que o Chile triplique suas exportações - atualmente em 300 milhões de litros anuais -, continuará sendo um participante marginal. Hoje, o país tem uma participação de 0,8% nos 37 bilhões de litros que são destinados à exportação no mundo.

"O Chile apresenta uma boa oportunidade de desenvolvimento de seu setor leiteiro com base em suas aptidões produtivas, que reúnem aspectos de ambiente natural, qualidade do leite e de produtos e sanidade animal, que, junto com uma capacidade empresarial e a seriedade do país, permitirão que se consolide como um novo ator emergente no mercado internacional", disse o gerente da Nestlé.

Outro elemento é que, diferentemente dos principais exportadores (Nova Zelândia, União Européia e Austrália), que têm pouco espaço para crescer e seu custo é cada vez maior, o Chile pode aumentar seu volume e a um custo menor.

Para o secretário executivo da Associação de Exportadores de Produtos Lácteos (Exporlac), Manuel Zamora, se o Chile quer aumentar suas exportações, precisa elaborar uma estratégia como país em que participem representantes da indústria, dos produtores e do Governo.

Outro assunto que interessa resolver, segundo concordaram as indústrias, é que o Governo chileno consiga que, na revisão do Tratado de Livre Comércio (TLC) com o Japão, daqui a dois anos, o setor lácteo seja integrado, visto que este país é um dos principais importadores do mundo.

Além disso, a indústria precisa ficar de olho em questões importantes, como legislação ambiental e trabalhista, investir em pesquisa e desenvolvimento, ter cuidado com a qualidade e melhorar a cadeia exportadora, disse Sarah.

Também foi citada a necessidade de organização da indústria e, no caso do setor produtivo, os desafios incluem a erradicação definitiva da brucelose e da tuberculose bovina.

As indústrias chilenas estão de olho nos mercados com maior demanda que são Japão (2,5 bilhões de litros), México (2,5 bilhões), Estados Unidos (2,4 bilhões) e China (2,2 bilhões).