Cepea: terceira queda e ainda mais acentuada

Os preços do leite recebidos pelos produtores recuaram pelo terceiro mês consecutivo, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP. E pelo que apontam 80% dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Centro, as quedas podem se repetir no próximo mês.

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Os preços do leite recebidos pelos produtores recuaram pelo terceiro mês consecutivo, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP. E pelo que apontam 80% dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Centro, as quedas podem se repetir no próximo mês.

O recuo do preço bruto de setembro, referente ao leite entregue em agosto, foi de 5,5 centavos por litro, ou 7,62%, considerando-se os sete estados tradicionalmente incluídos na média ponderada nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA). Assim, a média caiu para R$ 0,6574/litro (valor bruto). Em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro, estados que ainda não compõem a média nacional do Cepea, as quedas foram ainda maiores, chegando a 9 e 12 centavos por litro, respectivamente.

Tais recuos refletem uma acomodação dos preços tanto do leite ao produtor quanto dos derivados, decorrente do aumento da oferta em ritmo mais acelerado que a demanda. Mesmo com a economia brasileira mantendo bons índices de crescimento e as exportações batendo recordes, a produção de leite nos oito primeiros meses deste ano é 19% maior que a de igual período de 2007.

Excluindo-se setembro do ano passado, o valor do último pagamento é cerca de 10 centavos maior que o de setembro/2006 e de 2005, e pouco menor que o de setembro/2004 - a comparação é feita com valores deflacionados pelo IPCA.

Com preços menos atrativos para os produtores, a recuperação da oferta que normalmente ocorre no segundo semestre do ano, desta vez está mais lenta que nos anos anteriores. Conforme o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L), o volume de leite recebido pelas empresas em agosto foi somente 1,28% superior ao de julho, enquanto no mesmo período do ano passado foi de 7%. Com isto, em agosto especificamente, a diferença em relação ao índice do mesmo mês do ano passado foi de apenas 4,2%, mas em abril o aumento beirou os 27%.

Apesar da falta de pastagem neste período de final de inverno (captação se refere a agosto), produtores estariam mantendo o rebanho alimentado devido ao estoque de volumoso (silagens ou cana) que foi produzido no último verão - final do ano passado/início deste. Naquela época, os produtores estavam motivados com os preços recordes recebidos na entressafra recém-terminada - em setembro/07, a média nacional chegou a R$ 0,80/litro, a maior em termos reais da série do Cepea.

Quanto aos derivados, suas cotações também seguem em queda, segundo pesquisas do Cepea. O leite UHT vendido no atacado paulista em agosto, por exemplo, recuou 12,15% em relação a julho; o leite pasteurizado teve desvalorização de 3,2% e os queijos mussarela e prato tiveram recuos de 8,5% e 10%, respectivamente. A menor queda foi a do leite em pó (sache de 400g), de apenas 2,7%.

Considerando a média de preços dos derivados apurada em agosto (setembro ainda não disponível) e o pagamento feito aos produtores em setembro, ambos no estado de São Paulo, um litro de UHT equivaleu a 1,78 litro do produtor. No mês anterior, essa relação era de 1,90 e há um ano, de 2,14. Isso indica que mesmo com a redução dos preços ao produtor, as indústrias, de modo geral, ainda continuam perdendo poder de compra devido às quedas mais acentuadas em alguns derivados.

Nesse cenário, produtores podem interpretar a desaceleração do aumento da oferta como sinal de que as quedas de preços podem cessar nos próximos meses. De fato, alguns agentes (representantes de laticínios e cooperativas) consultados pelo Cepea começam a indicar a perspectiva de estabilidade das cotações para os próximos 60 e 90 dias. No último levantamento, quando se perguntavam as expectativas para o pagamento de outubro, 18,5%, apontavam estabilidade, apesar de 80% ainda sinalizarem nova queda.

Por outro lado, o volume já ofertado neste ano é consideravelmente superior ao do ano passado, como mostrado pelo ICAP-Leite, e os preços dos derivados seguem em queda mais acentuada que as do leite ao produtor. Além disso, os custos de produção se mantêm em nível relativamente elevado, mesmo com o milho tendo pequenas quedas - o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) recuou cerca de 3% de setembro comparado com agosto.

Gráfico 1. ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - AGOSTO/08. (Base 100 = Junho/2004)

Figura 1

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Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em SETEMBRO referentes ao leite entregue em AGOSTO.

Figura 2

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Médias estaduais das novas regiões - RJ e MS

Figura 3

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MARCIO DIEGO PIRES
MARCIO DIEGO PIRES

OUTRO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/10/2008

Sou Técnico Agricola e produtor de leite no Sudoeste do Paraná, posso dizer que a crise por aqui é muito grande estamos recebendo final de outubro R$ 0,43 por 1 litro de leite e a expectativa é diminuir mais uns 0,05; ai o leite nao paga nem a silagem, imagina a ração.

Diego Planalto Pr
Maria Beatriz Malta Campos Dotta e Silva
MARIA BEATRIZ MALTA CAMPOS DOTTA E SILVA

SÃO CARLOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2008

Gostaria imensamente de adivinhar o preço que iremos receber em novembro, dezembro e janeiro, já que as chuvas começaram mais cedo e a oferta de leite está em alta! Se a tendência for a estabilização ainda temos que agradecer, pois as contas à pagar nunca abaixam os preços. Temos que apertar os cintos e como sempre esperar para ver! Gostaria que divulgassem o VIII dia de campo da raça jersey a ser realizado em 29 de novembro de 2008 em São Carlos. Aguardem a programação. Um abraço Beatriz.
Raul cardoso da Silva Filho
RAUL CARDOSO DA SILVA FILHO

VISCONDE DO RIO BRANCO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/10/2008

Realmente as coisas estão tornando-se cada vez mais complicadas. Não estamos vendo notícias boas sobre o produto que colocamos na mesa do consumidor brasileiro. O jeito é ficar atentos as notícias do setor e no momento, é diminuir o trato das vacas, sem contudo prejucá-las muito e aguardar como vai ficar o mercado.
Marcos Vinicius Marques
MARCOS VINICIUS MARQUES

RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/10/2008

Aqui na região das missoes onde moro, temos 4 empresas que recebem o leite, mas temos produtores recebento R$ 0,32 e ha algumas expectativas de que leite ira baixar possivelmente ate a R$ 0,25. O que seria um absurdo, desde que insumos para fazer uma pastagem, os medicamentos, rações e minerais todos subiram. O custo aproximado aqui de 1 litro de leite é de R$ 0,45 a R$ 0,50, imagine o prejuizo?

Manoel Moreira Campos
MANOEL MOREIRA CAMPOS

OLARIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/10/2008

Pra onde andam aqueles que se dizem lideres e defensores da pecuária de leite? Será que não já esta passando da hora de fazer uma campanha de publicidade com a finalidade de aumentar o consumo? Pedir ao governo para aumentar o volume de compra nos programas sociais, escolas, etc. Ou será que está esperando quebrar à pecuária leiteira, pra depois querer salvar?

Salário de funcionário não pode abaixar, mas abaixar a rentabilidade do produtor de leite pode? Os grandes empresários, costumam ter outra fonte de renda e o pequeno produtor, que são milhares neste Brasil, como é que fica a situação? Visto na maioria das vezes ser a única fonte.
Pedro Afonso Almeida de Salles Jr.
PEDRO AFONSO ALMEIDA DE SALLES JR.

BAGÉ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/10/2008

Chegou a hora de parar de investir na produção de leite e deixar cair a oferta do produto, com este preço pago ao produtor a atividade não é rentavel.
Eu aqui no meu estabelecimento já cortei o concentrado.
Roberto Carlos de Castro
ROBERTO CARLOS DE CASTRO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2008

Boa tarde. Na minha região recebemos no pagamento do dia 20/09/08 o valor de R$ 0,55 por litro e com previsão de R$ 0,45 para o próximo pagamento. Isto está acontecendo na minha minha região por que nós estamos nas mãos do laticínio bom gosto, pois não temos outro para entregar o nosso leite, com isso temos que aceitar os preços estipulados.
Sidney Lacerda Marcelino do Carmo
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 02/10/2008

Prezados colegas,

Apesar estarmos com um tendência de aumento do valor do dólar o que favorece às exportações. Entretanto. fico apreensivo com a entressafra do ano que vêm uma vez que já estamos com excesso de leite nas indústrias que fazem a captação e estamos entrando na safra, período pelo qual ocorre um aumento na oferta de leite. Isto pronunciará um estoque maior de leite e com isto a entrassafra iniciará com estoque. Vamos torcer para conseguirmos exportar o excesso de leite.

Grato

Sidney
Márcio F. Teixeira
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2008

Sem comentários: salve-se quem puder!
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