O Carrefour Brasil divulgou ontem à noite, (24), o relatório de resultados do segundo trimestre, com um prejuízo de R$ 494 milhões no período, revertendo o lucro de R$ 389 milhões registrados no mesmo intervalo de 2018. Esse número considera a norma contábil IFRS-16, enquanto o resultado de 2018 não foi ajustado.
Em termos ajustados, o lucro líquido do controlador subiu 11% no período, para R$ 419 milhões. A receita líquida da companhia cresceu 12,6%, indo de R$ 13,8 bilhões para R$ 14,7 bilhões. As vendas brutas subiram 12,9% para R$ 15,3 bilhões. Houve um crescimento de 55,4% das despesas operacionais totais, para R$ 3,05 bilhões, e este número considera a linha negativa de "outras receitas e despesas" de R$ 902 milhões no trimestre.
Trata-se de um efeito não recorrente relativo a uma provisão por conta de uma decisão judicial para créditos de ICMS sobre a Cesta Básica, conforme informado pela rede em maio. Ao se considerar apenas as despesas com vendas, gerais e administrativas, houve alta de 9,1%, para R$ 1,9 bilhão. Segundo a companhia, no conceito "mesmas lojas", que consideram os resultados de unidades em funcionamento há mais de 12 meses, as vendas subiram 7,7%, o melhor desempenho trimestral nos últimos três anos. A empresa destacou que, apesar desse desempenho, o aumento da inflação de alimentos e o fraco cenário macroeconômico pressionaram a renda disponível dos clientes, resultando em um "ambiente de consumo desafiador e maior pressão sobre os volumes". As vendas brutas da bandeira de atacarejo Atacadão no segundo trimestre aumentaram 15%, para R$ 10,4 bilhões. No braço de varejo, as vendas aumentaram 9%, para R$ 4,9 bilhões (incluindo postos de combustível), com avanço de 8% no conceito "mesmas lojas".
"Este foi o maior aumento trimestral dos últimos cinco anos pela companhia [...] devido aos fortes ganhos de participação de mercado", diz trecho do relatório. O saque de R$ 500 do FGTS, a partir de setembro, deve impactar positivamente o varejo no segundo semestre, disse ontem Sébastien Durchon, diretor financeiro do Carrefour. "Há três anos, quando houve a liberação do FGTS [de contas inativas] houve aumento no consumo, principalmente de pagamento da dívida do nosso cartão. Acredito que dessa vez também haverá impacto." Segundo ele, de abril a junho, o consumo de alimentos registrou queda, mas desde o fim do mês passado vem ocorrendo uma melhora.
Novamente, o desempenho do Atacadão foi melhor que o das lojas do varejo do Carrefour. A empresa vem criando ações comerciais no segmento. "Em abril, fizemos uma ação de aniversário do Atacadão e as vendas foram 35% superiores em relação ao mesmo evento de 2018", disse ele.
O mesmo ocorreu com o Grupo Pão de Açúcar (GPA), que registrou lucro líquido consolidado atribuído aos acionistas controladores de R$ 432 milhões no segundo trimestre deste ano, uma queda de 8,1% ante o mesmo período de 2018, conforme o demonstrativo entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A receita líquida totalizou R$ 13,08 bilhões, uma alta de 11,1%.
O resultado deste ano considera o novo padrão contábil IFRS 16 e o do ano passado foi ajustado para aderir ao padrão. Ao desconsiderar esse efeito, o lucro cai 9,7%, já que o número de 2018, sem o ajuste, foi de R$ 478 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 33,4%, para R$ 785 milhões. A despesa financeira líquida subiu 0,9%, para R$ 280 milhões. Separando os resultados por unidades de negócio do Grupo Pão de Açúcar, a rede Assaí obteve lucro de R$ 412 milhões no segundo trimestre (aumento de 327,8%) e receita líquida cresceu 23,5%, para R$ 5,3 bilhões.
O segmento multivarejo obteve ganho de R$ 64 milhões entre abril e junho de 2018, queda de 36,3% ante um ano atrás. A receita líquida aumentou 1,7%, para R$ 6,5 bilhões. Também ontem o conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA) orientou sua subsidiária operacional Sendas a aprovar o lançamento da oferta pública para aquisição (OPA) do Éxito, ao preço de 18 mil pesos colombianos por ação, o equivalente R$ 21,20. Conforme fato relevante, a aprovação pelo conselho leva em consideração a proposta do Casino de comprar a participação indireta do Éxito no GPA por R$ 109 por ação.
As informações são do jornal Valor Econômico.