Benefícios dos orgânicos são questionados

Matéria publicada na edição de 28/12/2006 da Revista Exame, mostra que os produtos orgânicos, fenômeno de marketing bem sucedido devido ao apelo dos benefícios para a saúde e respeito a natureza pelo não uso de produtos químicos, têm sido atualmente alvo de críticas.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 1 minuto de leitura

Ícone para ver comentários 21
Ícone para curtir artigo 0

Matéria publicada na edição de 28/12/2006 da Revista Exame, mostra que os produtos orgânicos, fenômeno de marketing bem sucedido devido ao apelo dos benefícios para a saúde e respeito a natureza pelo não uso de produtos químicos, têm sido atualmente alvo de críticas.

Apesar de movimentar um mercado mundial de 30 bilhões de dólares, expandindo a taxas de 25% ao ano, os pontos criticados concentram-se justamente na alegação de maior preservação ambiental e nos benefícios à saúde, quando comparados aos produtos que se utilizam de agrotóxicos, insumos químicos e fertilizantes.

A crítica ambiental advém do fato de que a produção anual de alimentos nos últimos 20 anos cresceu 1,1% ao ano, com utilização de tecnologias e métodos tradicionais de cultivo, enquanto que o consumo global de alimentos aumentou 1,5%. Assim, para que os orgânicos sejam utilizados para suprir a demanda crescente, as lavouras deveriam ocupar, segundo Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz em 1970 e "pai" da chamada Revolução Verde, que disseminou o uso intensivo de tecnologia, áreas três vezes maior àquelas usadas para cultivo de alimentos convencionais devido a seu baixo rendimento na produção. Portanto, se a população mundial resolvesse se alimentar apenas desse tipo de produto, as lavouras de cultivo teriam que crescer a ponto de invadirem áreas de florestas que ainda são inexploradas, criando o efeito oposto na questão ambiental.

A outra crítica, baseada na alegação dos orgânicos serem mais saudáveis, é embasada no fato da aplicação de agroquímicos resultar, indiretamente, na redução da contaminação microbiana. Como exemplo, a matéria cita a recente intoxicação, nos EUA, de centenas de pessoas pela bactéria E. coli encontrada em lotes de espinafre livre de agroquímicos. Embora o FDA ainda esteja investigando o caso para comprovação, a ampla repercussão levantou a discussão junto ao público. Há também pesquisas mostrando a maior presença de toxinas fúngicas e bacterianas nas plantas orgânicas, o que aumenta o risco de doenças e outros distúrbios.

As críticas são rebatidas pelos defensores dos orgânicos, como o diretor do Instituto Biodinâmico, Alexandre Harkaly, sob a argumento de que se trata, na verdade, de uma reação frente ao grande crescimento do segmento, incomodando os produtos tradicionais.

Adaptado da Revista Exame.
Ícone para ver comentários 21
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Lucio Teixeira de Souza
LUCIO TEIXEIRA DE SOUZA

BRAÇO DO NORTE - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/01/2007

O problema com os orgânicos não é tão superficial assim. Se pesquisássemos os orgânicos com a mesma intensidade com que pesquisamos o convencional talvez tivéssemos também excelentes resultados, mas são poucos os experimentos, pois não há interesse das grandes indústrias em patrocinar este tipo de pesquisa.

Não é necessário aumentar a produção mundial de alimentos, e sim a dividir mais. Os norte-americanos engordam porque comem demais e africanos emagrecem porque comem menos, além do desperdício de alimentos como vimos estes dias no Brasil onde batatas eram jogadas no lixo.

De uma forma ou de outra, o planeta precisa que mudemos o ritmo de crescimento, e devemos estar abertos a alternativas, pois já estamos perto do limite. A terra não acabará, o que acabará serão os homens sobre a terra.

Devemos estar abertos a novas idéias e a produção orgânica não é a ideal, mas talvez um caminho que devemos pensar, por enquanto. Quem sabe daqui a alguns anos não surja uma nova alternativa!
Tiago Morini Leal
TIAGO MORINI LEAL

ÁGUA BOA - MATO GROSSO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 25/01/2007

Gostei da reportagem e acredito que este tipo de assunto tem que ser mais discutido.

Com a globalização, a diversidade de mercados/clientes é crescente, e assim cada vez mais haverá espaço para os diferentes produtos. O que não podemos permitir é a omissão de informações, principalmente sobre os níveis de garantia e origem dos produtos. O consumidor bem informado é capaz de decidir.

Será que o "mundo" está realmente preocupado em eliminar a fome do "mundo"? Fica a pergunta....



Jean-Pierre Grandsire
JEAN-PIERRE GRANDSIRE

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/01/2007

Quando são colocados pontos de vista tão extremados como de um lado o padrão Químico Mecânico e Genético (QMG) e do outro o orgânico, é certa a discussão acalorada.

O problema está em se promover um crescimento sustentável, que não precisa obrigatoriamente ser o modelo orgânico proposto.

Um grande equívoco consiste em pensar que o produto orgânico deve ser vendido por preços mais elevados que o produto convencional. Ora, se o produto convencional depende de grandes quantidades de adubo, químicos, solúveis ou não, de outra grande quantidade de herbicidas e inseticidas para se manter produtivo, é razoável entender que seu custo de produção é elevado. Mas por outro lado a produtividade é maior. Nesta lógica, apesar do ganho unitário pequeno, a escala compensa o custo.

Já na produção orgânica, seguindo a mesma lógica, o custo de produção torna-se menor, apesar de menor produtividade: não há custo com herbicidas, inseticidas nem adubos químicos solúveis. Mas em contrapartida gasta-se muito com adubação orgânica oriunda, na grande maioria, de animais. Gasta-se muito diesel para se transportar estes insumos, pois há necessidade de grandes volumes. Seria desta forma tão ecológico assim?

Entretanto, acreditar que o modelo QMG é o correto é no mínimo ingênuo. Caso contrário não haveria tantos produtores agrícolas em estado de insolvência, apenas para remeter a discussão ao patamar econômico.

O que se deve discutir não é se um ou outro modo de produção está certo ou errado. Caminhos existem, porém a discussão deve ser mais ampla, menos fisiológica, sempre buscando o desenvolvimento sustentável, através de um modo de produção que consiga conciliar o conhecimento orgânico, porém menos ortodoxo e mais pragmático, que não seja plenamente dependente de insumos, menos poluente e agressivo.

O problema da fome mundial não está na falta de produção de alimentos, e sim na má distribuição de renda.

Um caminho que permita que a renda do produtor seja mais bem distribuída entre ele e o consumidor, em lugar de ser transferida na sua quase totalidade para a indústria de insumos e instituições financeiras, parece-me uma via mais sensata.

Jean-Pierre Grandsire
Zootecnista
Renata Romaguera Pereira dos Santos
RENATA ROMAGUERA PEREIRA DOS SANTOS

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 10/01/2007

Concordo que a agricultura orgânica seja menos produtiva que a convencional. Porém, como comentou sabiamente Antonio Carvalho, não se trata apenas de produtividade.

Além disso, quem faz a crítica à agricultura orgânica é "o pai da revolução verde". É evidente que o Norman Borlaug não haveria de defender um tipo de agricultura que vai de encontro com aquilo que ele propôs, não é mesmo?
Alberto Machado
ALBERTO MACHADO

OUTRO - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2007

O Curso era sobre Agricultura Sustentável - Alimentação de Alto Valor Nutricional que e o que eles se baseiam para tratar as pessoas . No caso do Arden ele é Agrônomo e Médico, mas tem um monte de gente usando a comida como forma de se tratar ou no mínimo prevenir, mas tem de ter nutrientes neles. Sé para dar um exemplo: em 6 meses você pode aumentar (equivale a 2 Graus BRIX em Feijão) o teor mineral de quase todas as plantas de circulo curto, são dados de pesquisa: o Armazém no solo e a Matéria Orgânica que também seqüestra carbono, 105% de aumento, proteína ( verdadeira ) + 90%, cálcio + 86% , fósforo + 100% , magnésio +67% , potássio +205% , cobre + 308% , fero + 65% , zinco + 220% , manganês + 20%.

O mais incrível, é mais simples de produzir e manter (pouquíssimas doenças) e mais é barato.

Aqui no Brasil eu falo e não há eco, parece que todos gostam de um comprimidinho mesmo.

Alberto
André Scalco
ANDRÉ SCALCO

APIAÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/01/2007

É absolutamente possível produzir alimentos saudáveis, não agredindo o meio ambiente, e suprir a demanda do consumo humano.

O que falta é pesquisa para desenvolver tecnologia capaz de produzir com maior eficiência os produtos orgânicos, ou melhor, agroecológicos. O que vemos hoje nas universidades de ciências agrárias é uma produção totalmente convencional, ensinando-nos dosagem de adubos e veneno para produção de alimentos.
agnobel dantas silva
AGNOBEL DANTAS SILVA

SALVADOR - BAHIA

EM 07/01/2007

É necessário entendermos que produto orgânico, de origem vegetal ou animal, como normalmente tratamos e compreendemos - e para que este seja chamado de tal -, não basta ser produzido sem o uso de qualquer agrotóxicos ou de medicamentos alopáticos. É preciso ser oriundo de um Sistema Orgânico de Produção Agropecuária, que atualmente já existe na forma de Lei e que deverá ser regulamentado ainda este ano.

Portanto, esta Lei define que o Sistema orgânico de produção agropecuária deverá utilizar técnicas que otimizem o uso de recursos naturais e socioeconômicos disponíveis, respeitando a integridade cultural das comunidades rurais, empregar, sempre que possível, métodos culturais biológicos e mecânicos - em contraposição ao uso de materiais sintéticos, maximização dos benefícios sociais, dentre outras.

E em alguns dos seus Princípios, na Agricultura orgânica, está a inclusão de práticas sustentáveis em todo seu processo, desde a escolha do produto a ser cultivado até sua colocação no mercado, incluindo o manejo dos sistemas de produção e dos resíduos gerados;o uso de boas práticas de manuseio e processamento com o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas; a utilização de práticas de manejo produtivo que preservem as condições de bem-estar dos animais; e o consumo responsável, comércio justo e solidário baseados em procedimentos éticos.

Deste modo, a partir do momento que esta legislação começar a vigorar, pois é quem regulamentará toda produção orgânica no País, definindo termos, processos, métodos, etc, usados na produção orgânica, é que muitas dúvidas poderão ser esclarecidas em torno do novo sistema de produção orgânica.

O novo a que me refiro aqui é a sistematização dada pelo governo federal (obedecendo também a uma política do próprio governo), a uma realidade já existente, mas que na prática já vinha sendo realizada, a décadas, por várias correntes da agricultura orgânica, aqui no Brasil.

Por uma vida melhor e melhor qualidade de vida.
Márcia Cabral Dietrich
MÁRCIA CABRAL DIETRICH

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 07/01/2007

Responsabilidade com a qualidade da produção.

O artigo, bastante interessante por sinal, nos leva a avaliar a importância da produção correta e responsável, seja ela orgânica ou não. Esse sim é o ponto fundamental para o qual devem estar voltados todos os esforços - tanto de órgãos governamentais, institutos de pesquisas, fundações públicas e particulares - no sentido de normatizar e fiscalizar o uso de defensivos e insumos agrícolas, assim como os métodos de produção orgânica.

Considero que já não é tempo de utopicamente acreditar que a produção 100% orgânica seja capaz de suprir a demanda mundial por alimentos. Ao mesmo tempo em que considero inaceitável estimular a grande produção a qualquer preço, desconsiderando riscos à saúde humana e ambiental.

É hora, portanto, de se buscar mecanismos efetivos de garantia de qualidade na produção dos alimentos. Ou será que isso é tão difícil?

Ouso sugerir que um destes mecanismos já existe, porém é sub ou muito mal utilizado: a divulgação de informações isentas e precisas, sobre os mais diversos sistemas de produção.

O consumidor bem informado, por si só, opta e define quem tem ou não lugar no mercado de produção de alimentos.
Antônio Gustavo de Carvalho
ANTÔNIO GUSTAVO DE CARVALHO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

EM 07/01/2007

Acredito que quem se dispõe a dedicar seus esforços de produção no sistema orgânico, não está buscando apenas satisfação financeira! Em parte sonha com o tempo em que se produzia de forma natural, sem adubação química e defensivos!

Boa parte deles participaram como eu dessa vivência até o final da década de sessenta. Lamento que tudo isso tenha sido esquecido e se adotado nas universidades apenas o pensamento do dr. Borlaug.

Não se tem um curso de agricultura orgânica nas universidades brasileiras até hoje! É a ditadura do pensamento único! A agricultura orgânica sobrevive no Brasil graças a alguns agrônomos que se dispuseram a estudar por conta própria e praticá-la com perdas sucessivas durante os primeiros anos!

São com esses produtores que podemos pensar em assessoria para nossas lavouras. Tenho visitado algumas dessas propriedades e cada vez me convenço que é possível, sim, a produção orgânica certificada ou não.

Só que é muito mais trabalhoso e difícil. Não existem receitas prontas. Temos que cuidar primeiro do solo, corrigindo-o, colocando quebra-vento, refúgios biológicos, reservas naturais, reconstruir o ambiente, aprender a fazer compostagem e a utilizar a adubação verde, enfim é uma agricultura de processo, holística, de observação e aprendizado constante!

Não tem resposta rápida. O tratamento das lavouras é preventivo, dentro dos princípios do equilíbrio ecológico, da diversidade.

Entendo que a agricultura orgânica é uma alternativa de produção para aquelas pessoas que não se adaptaram com a agricultura convencional, e se dispõem não a abrir novos caminhos, porque ela é tão antiga quanto o homem, mas a apresentar, restaurar uma opção alimentícia comprovadamente melhor que os alimentos de origem convencional.

Antônio Gustavo de Carvalho
marcelo
MARCELO

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 06/01/2007

A produção orgânica é fundamental, sua importância é ímpar para que possamos adquirir produtos de melhor "qualidade", entenderam? Eu escrevi "qualidade". É assim que são os produtos orgânicos e "politicamente" corretos.

A agricultura orgânica é muito bem vendida, mas como tudo na vida, devemos pagar um preço por algo supostamente "melhor". De novo às aspas, eu sei. Como todo produto pouco aferido por órgãos competentes, a agricultura orgânica para viabilidade dos fatos deve levar "aspas" para sempre.
José Wolny Alves de Oliveira
JOSÉ WOLNY ALVES DE OLIVEIRA

SÃO LEOPOLDO - RIO GRANDE DO SUL

EM 06/01/2007

Produtos orgânicos, assunto polêmico e provocador, com discussões e divergências de longas datas.

Todos nós, produtores rurais, fabricantes, pesquisadores e consumidores e outros tantos, devemos expor nossas experiências e pontos de vista com amplos e incansáveis debates e divulgação à opinião pública.

Devemos lembrar o passado, observar o presente e projetar o futuro! Como assim? À pouco tempo tinha-se a impressão de que a natureza era forte, água boa em abundância, florestas intermináveis e atmosfera gigantesca. Desmatar para construir ou plantar era sinal de progresso. A fumaça de queimadas, chaminés de fábricas e descarga de veículos, etc..., "desapareciam" na atmosfera e nada diferente era percebido. Efluentes urbanos e industriais, bem como uso indiscriminado de produtos químicos nas lavouras escoavam para os rios.

Sempre houve divergência sobre esses procedimentos. Haviam os que se preocupavam com a conservação do meio ambiente e aqueles que precisavam atender às necessidades prementes do mercado da época.

Todos sentimos as consequências negativas, como efeito estufa, clima irregular, ar, rios, solo e subsolo contaminados, solos degradados, desertificação, várias espécies animais e vegetais extintas e a saúde do ser humano comprometida.

Porém, agora acreditamos nos prognósticos porque sentimos as consequências.

Dando ouvidos aos ditos "opositores do progresso" a humanidade exige e impõe o desenvolvimento de tecnologias para se fazer o mesmo porém de forma sustentada, não poluidora.

Não podemos estigmatizar quem produz, seja lá o que for, em escala industrial, empregando alto nível tecnológico, como um "agressor do meio ambiente", nem taxar de "opositor ao progresso ou retrógrado" a quem se preocupa com o equilíbrio e bem estar do meio ambiente, no qual todos estamos inseridos.

Devemos sim ouvir e entender os defensores dos produtos orgânicos e trabalhar desenvolvendo tecnologias apropriadas, por mais simples e elementar que seja, de modo a aumentar a qualidade e produzir em escala maior.

Quem produz em escala industrial, atendendo às exigências do grande mercado consumidor, inevitavelmente suas técnicas de produção se aproximarão das empregadas na produção de produtos orgânicos. Conservação do meio ambiente, uso racional de defensivos e fertilizantes, manejo do solo, redução de conservantes na fabricação, etc..., serão pré-requisitos para se produzir e fornecer ao mercado.

Não serão produtos certificados como orgânicos mas serão muito bons produtos. Certamente seremos beneficiados.

O que diriam nossos colegas de saborearem uma chá calmante ou digestivo de ervas medicinais cultivadas com agrotóxico? Mas podemos tomar esse excepcional chá de ervas medicinais, cultivada sem qualquer tipo de agrotóxico, sem que ela seja orgânica. Se for ervas medicinais orgânicas, qual seria a preocupação?
Elio Cruz de Brito
ELIO CRUZ DE BRITO

GUARAPARI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 05/01/2007

Respeito e compreendo o ponto de vista do Dr. Borlaug e dos inúmeros outros produtores que fundamentam-se nas suas idéias, ou seja, a revolução verde.

Mas acredito que se tivéssemos investido todos os recursos financeiros e humanos investidos na revolução verde em um sistema de produção sustentável (não o sustentável difundido por ai), com certeza teríamos outra realidade.

Será que as indagações que apresentamos hoje para não aceitarmos que precisamos fazer algo diferente, seriam as mesmas? Todavia, preferimos desde o início (desde Liebig) atender a interesses econômicos (de pessoas gananciosas e empresas) e reduzir sistemas complexos (como o sistema solo-planta) a sistemas reducionistas (simples).

Assim, acreditamos que fundamentarmos nossas justificativas na questão da área de produção necessária para alimentar o mundo e nas dificuldades de produzir de forma sustentável é apenas a forma mais fácil de não enfrentarmos uma realidade cruel, que se apresenta para qualquer um que a queira ver...
Marcos Vinícius Corneli
MARCOS VINÍCIUS CORNELI

CACHOEIRA DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/01/2007

A Europa e os EUA pressionados pela OMC, estão dispostos a diminuir os subsídios na produção. Estes subsídios seriam repassados para a produção de alimentos orgânicos. Este fato acirrou a discussão, dos produtores que não queriam perder a "teta" e das indústrias de agroquímicos, já que a produção de orgânicos não utilizam estes produtos.

Os argumentos apresentados pelo artigo, mostra-se bastante semelhante às promessas da Revolução Verde, que garantia acabar com a fome do mundo. Nós vivemos numa economia de mercado, ou seja, é regulado pela oferta e procura, desta forma se os preços dos produtos orgânicos são superiores aos tradicionais mostra que existem pessoas dispostas a pagar mais para ter este tipo de produto. Como na compra de qualquer mercadoria, existem pessoas dispostas a pagar mais do que as outras.

Quanto a produtividade, garanto que a produtividade de orgânicos é muito superior do que de muitos latifúndios. Os problemas estruturais do Brasil, quando a concentração de terras, mostra que a reforma agrária se faz necessária, desta forma não precisa-se desmatar florestas como o artigo cita, mas sim uma melhor distribuição de terras, isto acabaria com os problemas alimentares e diminuiria os problemas sociais, já que aumentaria o número de ocupados no campo.

Num país com tanto desemprego, não podemos especializar nossas propriedades sem se preocupar com o impacto que isto causaria, com o crescimento do desemprego.

A produção de orgânicos já é uma realidade e tudo comprova que a tendência é aumentar. Existem autores que acreditam que a produção de orgânicos fará parte da terceira Revolução Agrícola. As indústrias de insumos já começaram a espernear, o que comprova que esta Revolução está próxima.
Gilberto Guarido
GILBERTO GUARIDO

CAMPO MOURÃO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/01/2007

Eu prefiro consumir orgânicos. Todos preferimos.

Mas quem está no dia a dia da produção sabe que, infelizmente, não é possível atender a necessidade de alimentos apenas com orgânicos. Experimente produzir 50 hectares de soja orgânico em uma região própria para soja conforme o Zoneamento da Embrapa.

Como você combaterá a ferrugem? Com urina de vaca? E os percevejos? Com vespinha? Sim e funciona se o clima ajudar.

Não é questão de ser contra, precisamos insistir no desenvolvimento da agricultura orgânica, mas precisamos ter os pés no chão. Precisamos dos sonhadores, precisamos dos sonhos.

Quem tem condições de pagar um pouco mais por orgânicos, que assim o faça pois quem produziu merece uma melhor remuneração e deve ser de interesse de todos que estes produtores continuem na atividade

Enquanto isto, tratemos de utilizar os insumos da maneira correta.
Ana Lúcia de Lira Guimarães
ANA LÚCIA DE LIRA GUIMARÃES

RECIFE - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/01/2007

O assunto é interessante e polêmico.

Fazendo uma comparação entre os alimentos convencionais e os orgânicos; o primeiro, produzidos com fertilizantes químicos ou agrotóxicos e portanto com contaminação química, chegam a boca do consumidor, não há maneira de eliminá-la. Uma vez contaminada o organismo humano e animal tem que dar conta e aí aparecem as doenças.

Em contrapartida os alimentos orgânicos que apresentam bactérias, fungos... Existem medidas que podem eliminá-los ao ponto do alimento ao ser consumido não transmitir doenças ao consumidor ou até mesmo, se o consumidor tiver uma boa resistência (imunidade), não apresentará doenças.

Por fim pensando pelo lado ambiental, há milhares de anos que o Homem vem tirando da natureza sem fazer a reposição que ela necessita, mais sim o que ele (homem) necessita que é o aumento da produtividade e a busca cada vez mais do recurso financeiro. A natureza tem respondido através das catástrofes cada vez mais frequentes.

Diante disso, será que não é chegado a hora de pagarmos mais por menor produtividade, em busca de alimentos mais saudáveis de preferência naturais? Como tudo tem seu preço, para arrumarmos nosa casa precisamos primeiro tirar tudo do lugar para depois de limpa organizarmos, mantendo um ambiente saudável.

É a nossa vida. Vale refletir...
Leonardo Dantas da Silva
LEONARDO DANTAS DA SILVA

BOTUCATU - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2007

Tenho acompanhado em minha cidade (Botucatu) o crescimento saudável do número de produtores de alimentos orgânicos, e vejo com ressalvas esses comentários sobre o sistema orgânico.

Primeiro deve ser levado em conta a higiene do processamento, de qualquer produto, seja ele orgânico ou não.

Segundo, os produtos orgânicos são para uma minoria da população, que pode pagar mais por um produto ecologicamente correto, mesmo porque a produção de orgânicos é quase sempre em pequena escala, no sistema familiar.

Acredito que haja espaço para todos os sistemas de produção, orgânicos ou não, desde que manipulados com a higiene adequada.
Eduardo Penteado Cardoso
EDUARDO PENTEADO CARDOSO

OUTRO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 04/01/2007

Muito esclarecedora a reportagem da Exame, bem como o ponto de vista do Dr. Borlaug.

Não acredito que os produtos orgânicos sejam capazes de alimentar a população mundial cada vez mais urbanizada.

Os defensivos químicos estão cada vez mais eficazes e mais seguros por causa da própria demanda dos consumidores dos países em que são utilizados.

Me digam os alarmistas, onde houve uma grande intoxicação humana recente devido ao uso inadequado de defensivos agrícolas?

Eduardo Penteado Cardoso
Eng. Agronomo
Fazenda Mundo Novo - Uberaba/MG
Marco Antonio Torres
MARCO ANTONIO TORRES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - TRADER

EM 04/01/2007

Seria desejável que a natureza em equilíbrio promovesse naturalmente a saúde.

Isto cada vez mais é difícil, o que aumenta o uso de agrotóxicos (obviamente aplicado com responsabilidade), organismos geneticamente modificados (tão discutidos pelos mercado/consumidores, mas cada vez mais aprovados pela ciência/produtores), enfim a fase é de transição e requer cuidados.

Os interesses comerciais precisam ser administrados e, para isto, nada melhor que a regulamentação dos órgãos de controle nacionais/internacionais, os certificados acreditados de origem, as fiscalizações e os cuidados inerentes ao consumo.

Pagar mais pelo apelo de ser saudável e limpo é um absurdo. Saudável e limpo deve ser tudo que se produz e comercializa com responsabilidade.

Enfim... Os consumidores, na medida que se informam melhor, sempre darão a decisão final.

Quanto aos aspectos nutricionais, acredito em variáveis de preço legítimas, pois a produção/industrialização podem vir a ter custos maiores, que devem ser cobrados. Os rótulos devem informar isto, para esclarecimento do consumidor.
Alberto Machado
ALBERTO MACHADO

OUTRO - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2007

Devem estar mal informados. A E. coli patogênica, se desenvolveu no modelo que lá nos EUA chamam de Factory Farms, com 80% da alimentação a base de grãos subsidiados.

Acontece que tanta energia favorece a acidez subclínica animal, e neste ambiente se desenvolveu a cepa patogênica.

Outro aspecto é que tal modelo de alimentação levou o rebanho leiteiro americano de 8,5 milhões de cabeças a uma media de 1.3 lactações, o que faz a reposição impossível. Traziam novilhas do Canadá já não existem mais, agora importam do México.

É complicado, a legislação da Comunidade Comum Européia está com um programa de monitorando resíduos que a cada ano fica mais exigente.

Alberto
Sérgio Diniz Junqueira
SÉRGIO DINIZ JUNQUEIRA

ORLÂNDIA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 04/01/2007

O artigo é bastante interessante e desmistifica o produto orgânico.

Alimentos orgânicos são muito mais caros, porque apresentam baixa produtividade, e portanto só servem para quem tem alto poder aquisitivo. Em relação ao não uso de fertilizantes químicos (minerais) existe outro grande mito, por que o adubo orgânico basicamente esterco tem que se mineralizar para ser utilizado pelas plantas, conclusão, para a natureza tanto faz se o fertilizante for orgânico ou mineral.

E na parte de defensivos, os produtores convencionais estão cada vez mais cientes da importância de se utilizar o mínimo possível deles e de forma correta para se economizar dinheiro e não prejudicar o meio ambiente.

Por fim, o risco de se ter uma intoxicação com produtos orgânicos é bem maior do que se ter intoxicação com produtos convencionais, pelo uso inadequado e perigoso de materiais orgânicos não totalmente decompostos.
Qual a sua dúvida hoje?