Bebidas vegetais: o leite realmente está em decadência?

A pandemia de coronavírus mudou o comportamento de consumo de lácteos e esses não são mais ameaçados pelas bebidas vegetais, segundo dados dos EUA.

Publicado por: MilkPoint

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Durante anos, uma variação dessa frase apareceu em quase todas as notícias que abordam o consumo de leite fluido: "As vendas de leite caem enquanto as das bebidas vegetais aumentam".

É uma frase fácil de usar, porque, embora tenha sido uma afirmação factualmente precisa em seu próprio escopo limitado, pode ser usada para fins fantásticos, como exagerar o crescimento do consumo de bebidas à base de plantas ou elaborar uma narrativa falsa sobre as tendências dos lácteos que, na verdade, estão vendo seus mais altos níveis de consumo per capita em décadas. A afirmação nunca exigirá uma correção em um jornal, por isso persiste.

Exceto pelo fato de que não é mais verdade. A crise do coronavírus parece estar redefinindo os hábitos de consumo e os primeiros sinais são de que algumas dessas mudanças – incluindo o aumento da compra de leite – persistem enquanto os EUA reabre. Se as tendências atuais se mantiverem, o “renascimento do leite” poderá finalmente forçar uma revisão dos pontos de discussão do mito da "morte dos lácteos".

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Os dados deste ano contam a história. Enquanto o leite supera as alternativas à base de plantas por uma margem superior a 10 para 1, 2020 começou como mais um ano de lento declínio nas vendas de leite nas lojas. E, de fato, os volumes de produtos à base de plantas estavam aumentando.

Figura 1

*milk = leite; plant-based = bebidas vegetais. 
Fonte: Federação Nacional dos Produtores de Leite

Então a crise ocorreu – e o comportamento mudou.

À medida que os consumidores esvaziavam as prateleiras das lojas, as bebidas lácteas e à base de plantas obtiveram ganhos – mas estes ganhos foram drasticamente diferentes. Enquanto os consumidores compraram 7,9 milhões de galões (29,9 milhões de litros) a mais de bebidas à base de plantas durante as duas semanas de pico de março do que no mesmo período do ano anterior, a demanda por leite explodiu em mais de 45 milhões de galões (170,34 milhões de litros), apagando seu declínio no ano em menos de duas semanas.

Figura 2
Fonte: Federação Nacional dos Produtores de Leite

Essa dramática reviravolta foi importante para os produtores de leite. Literalmente, os consumidores ajudaram a sustentar os laticínios, enquanto os pedidos de serviços de alimentação desapareciam e a assistência federal ainda não havia chegado. Mas depois que o choque dos bloqueios desapareceu e todo mundo já havia estocado, algo interessante aconteceu: as pessoas ainda compravam mais leite. Essa vantagem de cinco para um estabelecida em março permaneceu estável até maio.

Figura 3
Foto: Federação Nacional dos Produtores de Leite

Quando os tempos ficaram difíceis, os consumidores pareciam querer voltar ao conforto de alimentos naturais, saudáveis ??e nutritivos, como o leite, evitando o hype de marketing das alternativas à base de plantas, cujo sabor e perfil nutricional se mal comparam ao verdadeiro.

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É difícil prever futuras tendências de varejo, especialmente nesse ambiente. Quando a vida se tornar mais "normal" e quando os restaurantes reabrirem, os consumidores vão trazer para casa o máximo de garrafas de leite da mercearia? Quando as escolas retornam, os pais comprarão menos leite para os filhos? Estas são perguntas em aberto.

O que sabemos é o seguinte: o leite está de volta nos carrinhos de supermercado, em grande quantidade. Seus ganhos são muito maiores que os concorrentes autoproclamados e mostram sinais de persistência. Os consumidores estão navegando nas novas realidades dos supermercados – e também as estão criando. O retorno do leite pode ser feito para durar. Chegou a hora de pausar as histórias de “o leite está lutando”. E isso significa ainda menos apoio ao mito da “morte dos lácteos”.

As informações são do Wisconsin State Farmer, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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