Argentina: produção de leite aumenta 9,7% no primeiro trimestre do ano

Publicado por: MilkPoint

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A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGPyA) da Argentina informou que, segundo dados preliminares da Direção Nacional de Alimentos, no primeiro trimestre de 2005, a recepção acumulada de matéria-prima nas principais indústrias de lácteos (estimativa direta da produção primária de leite) foi 9,7% maior do que a registrada no mesmo período do ano anterior.

O aumento se deve à expansão na produção diária por propriedade leiteira, que mais que compensou a redução no número de propriedades. De fato, o número de fazendas leiteiras na Argentina mostrou uma redução de 3,4%, em média, nos três primeiros meses de 2006, enquanto a produção diária por propriedade aumentou em média 13,5% com relação a 2005.

Longe de acusar o impacto da seca da primavera-verão, pelo menos até março, o panorama produtivo exibiu inclusive sintomas de melhora com relação ao ano anterior. A recuperação dos níveis de reservas hídricas no solo, produto do ciclo de precipitações iniciado na segunda metade de janeiro, e a conseqüente normalização da produção forrageira, somam-se às convenientes relações de preços leite/milho e leite/soja, que, apesar de terem mostrado certa redução nos últimos meses, persistem em níveis bastante superiores às médias da última década.

As taxas de expansão interanual observadas até agora em 2006, tanto em nível de recepção total como de entrega diária por propriedade, são muito promissoras, considerando o passado recente: enquanto a recepção total cresceu 8,8% em janeiro, 7,8% em fevereiro e 12,6% em março, a entrega média diária por estabelecimento cresceu em média em 12% no primeiro bimestre e completou com um surpreendente crescimento de 16% em março.

Como referência da situação do setor primário argentino, pode-se destacar que em março de 2006 as indústrias "indicadoras" (15 empresas sobre cuja base se estima a tendência da produção primária nacional) receberam em média 14,4 milhões de litros por dia, provenientes de 6,17 mil produtores, enquanto no ano anterior, a captação média foi de 12,8 milhões de litros diários, entregues por 6,38 mil fazendas.

Exportações

Com relação às exportações, a Argentina exportou 74 mil toneladas de produtos lácteos no primeiro trimestre de 2006, que representaram cerca de US$ 170 milhões, o que denota altas de 0,4% em volume e 6,9% em valor com relação a 2005. Esta diferença entre as duas taxas de crescimento se deve ao aumento do preço implícito médio. Os principais destinos foram Venezuela, Argélia e Brasil, de um total de 90 países.

Segundo dados provisórios da Aduana-AFIP (Administración Federal de Ingresos Públicos), em março de 2006, as exportações de lácteos da Argentina alcançaram o volume de 26,5 mil toneladas, por US$ 61 milhões, o que denota um aumento de 26% em volume e 30% em valor com relação ao mesmo período de 2005.

O preço implícito médio do primeiro trimestre de 2006 foi de cerca de US$ 2.165 por tonelada de produto, o que, com relação à média do mesmo período do ano anterior, significa uma alta de 2,3%. Destacam-se os aumentos no leite em pó integral (+8%) e desnatado (+1,5%), e dos queijos macios, semi-duros e duros (+12,5/14,5%).

Assim como em 2005, nos primeiros três meses do ano as vendas de queijos mostraram um desempenho melhor do que as de leite em pó. Entre janeiro e março de 2006, as vendas de queijos da Argentina mostraram uma expansão interanual de cerca de 2% em toneladas e 12% em valor, frente ao primeiro trimestre de 2005.

Por outro lado, as vendas de leites em pó mostraram quedas de 8% e 0,4% em volume e valor, respectivamente. Como resultado disso, vale destacar que enquanto a participação - medida em valor - dos leites em pó declinou de 72% no primeiro trimestre de 2005 para 67% em 2006, a dos queijos passou de 19,5% para 20,5% no mesmo período.

No primeiro trimestre de 2006, as exportações de leite em pó representaram US$ 114 milhões, enquanto as de queijos geraram divisas de quase US$ 35 milhões.

Vale destacar que durante este período, as pequenas e médias empresas (PyMEs) exportadoras da Argentina representaram 62% do total de firmas que exportaram queijos (16 sobre um total de 26), uma presença muito superior à presença no mercado de leites em pó, que foi de 36% (com 8 firmas sobre um total de 22). Em termos monetários, as PyMEs exportadoras concentraram 31% do valor total exportado em queijos, uma contribuição seis vezes maior do que a no categoria de leites em pó (5,5% do valor total).

Quanto aos mercados, vale destacar que durante o primeiro trimestre de 2006, foram exportados produtos lácteos para 90 destinos, três a mais do que no mesmo período de 2005. Entre os compradores se destaca a liderança da Venezuela que, com uma alta interanual de 30% em volume, exibe uma participação de cerca de 19% em toneladas. Em segundo lugar esteve a Argélia, que diminuiu em 4% suas compras da Argentina com relação a 2005 e representou 14,5% das vendas. O Brasil mostrou em 2006 um aumento interanual de 17% em volume e ficou em terceiro lugar, com uma participação de 13,3% do volume total.

No caso particular dos queijos, nos primeiros três meses de 2006, foram exportados a 27 mercados - nove a menos que em 2005 -, destacando-se em volume: Estados Unidos (25%), Rússia (19%), Chile e México (16%, cada) e Coréia (6%).

Seguem abaixo os dados de produção e exportação de lácteos da Argentina no primeiro trimestre de 2006.

Recepção de leite na Argentina (em litros)

Figura 1

Nota: Os dados são provisórios.
Pode ser parcialmente explicado por flutuações nas compras a terceiros ou na quantidade ou tamanho das propriedades leiteiras da amostra.
2 Em dias constantes.

Recepção acumulada de leite (em milhões de litros)

Figura 2

Nota: Os dados são provisórios - em dias constantes.
Fonte: Direção da Indústria Alimentícia - Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGPyA), sobre abase de dados fornecida pela indústria.

Recepção de leite nas principais indústrias - 2003-2006

Figura 3

Recepção total, número de propriedades leiteiras e entrega diária por propriedade

Variação com relação ao mesmo mês do ano anterior

Figura 4

Nota: Os dados são provisórios - em dias constantes.
Fonte: Direção da Indústria Alimentícia - Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGPyA), sobre a base de dados fornecida pela indústria.

Recepção total, número de propriedades leiteiras e entrega diária por propriedade

Variação interanual 2005-2006

Figura 5

Exportações de lácteos da Argentina 2004-2006 - Totais e Brasil

(a) Em volume

Figura 6

1 Em toneladas de peso produto, exceto leite fluido, que foi previamente convertido em equivalente em leite em pó (10%).
Dados provisórios.

(b) Em valor

Figura 7

(c) Preço

Figura 8

Preço médio = valor total/volume total.
Para obter um preço mais representativo, neste caso, o preço está expresso em toneladas de peso produto incluindo o leite fluido.

Exportações de lácteos da Argentina - 2004 - 2006

Figura 9

Fonte: Até fevereiro 2006: INDEC; Março: Aduana-AFIP.
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