A empresa de alimentos Arcor tem a clara intenção de crescer no segmento de lácteos e, portanto, continua avançando na compra de ações na companhia de lácteos, Mastellone Hnos. Até a semana passada, a Arcor detinha 40% das ações da empresa que opera no mercado local com a reconhecida marca, La Serenissima, mas na sexta-feira comprou pouco mais de 15 milhões de ações no valor de US$ 6,8 milhões, detendo agora, 42,65%.
Em 2015, a Arcor, liderada por Luis Pagani, comprou 25% do laticínio por US$ 50 milhões e aporte de capital de outros US$ 10 milhões. O acordo deixou a porta aberta para a Arcor continuar aumentando o poder na empresa de lácteos, mas apenas até obter 49% do capital social, ou seja, os herdeiros de Pascual Mastellone continuariam a ter o controle da empresa. A verdade é que agora, no setor, soa cada vez com mais força que Pagani quer assumir o controle da La Serenissima até 2020 e os acionistas majoritários da empresa estariam avaliando. Vale destacar que as principais empresas de lácteos da Argentina, Mastellone Hnos e SanCor, vêm arrastando sérios problemas econômicos há vários anos, motivo pelo qual as levaram a se desfazer de grande parte dos seus ativos.
A Arcor se juntou à Mastellone em 2015 e, na ocasião, a empresa registrava resultados negativos consecutivos e um forte passivo. Ao longo dos anos, conseguiu mostrar sinais de recuperação, inclusive, em seu último balanço do ano de 2017, obteve um lucro - depois dos impostos - de US$ 1,156 bilhão. Agora, o fato chave e que anima Pagani, é que a crise que levou a SanCor - sua principal rival - a se desarmar como uma cooperativa e se vender para a Adecoagro, o que acabou sendo um negócio muito bom para a Mastellone.
"Do lado da concorrência, a situação pública da SanCor teve impacto no mercado, deixando espaços nos diferentes segmentos que poderiam ter sido ocupados por nossa companhia e/ou pelas demais empresas do setor", destacou o balanço anual da Mastellone em março na Comisión Nacional de Valores.
Comercialmente a situação ficou evidente nas gôndolas, faltando produtos da SanCor. A Mastellone, junto com outras empresas de menor porte, ocupou os espaços vazios e até ofereceram opções em segmentos de maior valor agregado, como queijos e iogurtes. Precisamente nesta área é onde a Arcor quer crescer pela mão da Mastellone. A intenção da empresa é valorizar o segmento de produtos com maior valor agregado e não apenas crescer no mercado interno, mas também na região, onde já tem uma plataforma de negócios consolidada.
Finalmente, para a realização deste plano há um fator determinante: a reativação no consumo local. Este item continua preocupando as principais empresas de alimentos e a Arcor não é exceção. Durante 2017, suas receitas cresceram 30%, mas seu ganho final foi de apenas 3%, o aumento dos custos e a inflação jogaram contra, pois as perspectivas para 2018 não são totalmente animadoras, mas o projeto de expansão do setor continua firme.
As informações são do Diario Ámbito Financiero, traduzidas pela Equipe MilkPoint.