AR: abastecimento insuficiente eleva preços do leite

A oferta restrita de leite no mercado argentino, em função do excesso de chuvas e inundações nas bacias leiteiras do país vizinho, está promovendo uma forte concorrência entre as indústrias lácteas, elevando assim os preços do produto. Fontes do setor lácteo da província de Córdoba afirmaram ontem ao Infocampo que na primeira quinzena de abril se chegou a pagar até 71 centavos de peso por litro na zona de Villa María (a bacia leiteira mais importante da província), o equivalente a US$ 0,2272/l, segundo dados do Banco Central do Brasil.

"A escassa oferta e o aumento dos preços se devem a uma grande quantidade de exportação de leite em pó feita pelas grandes empresas", alegou a fonte. Nesta zona (onde atuam a Dreyfus e a SanCor, entre outras empresas), a maior parte das operações são negociadas a valores entre 67 e 68 centavos de peso por litro (o que equivale a US$ 0,2144/l a US$ 0,2176/l). As indústrias se encontram com estoques baixíssimos e a produção de leite é insuficiente, devido ao excesso de chuvas que prejudicou grande parte das pastagens em muitas fazendas das principais bacias leiteiras argentinas.

"As grandes companhias se comprometem a abastecer o mercado externo e se lançam a comprar a qualquer preço o leite no mercado local", alegou outra fonte do setor consultada pelo Infocampo.

O setor prevê ainda uma redução de mais de cerca de 11% na produção do primeiro quadrimestre do ano, o que complicaria em curto prazo o abastecimento do mercado e a situação dos produtores, conforme divulgou o Infoabe.com.

No ano passado a produção chegou a 10,130 bilhões de litros - 7% a mais que em 2005, com um bom incremento das exportações. Pata este ano, se projeta uma forte queda, o que dificultaria o abastecimento do mercado, bastante afetado pelas inundações nos centros fundamentais.

Segundo o jornal "La Nueva Provincia", além da queda de produção de leite em função do clima, outros fatores que contribuem para um abastecimento anormal de lácteos são o mecanismo de regulamentação de preços estabelecidos pela Secretaria de Comércio Interior, a forte pressão das exportações em função da demanda externa e o compromisso adquirido pela SanCor com a Venezuela, que leva a maior parte da produção da companhia.

O jornal explicou que em muitos casos a mercadoria não chega às gôndolas de supermercados porque o fabricante ajusta seus preços, e estes superam os valores estabelecidos pelo Governo.