A queda foi menor do que a mediana das projeções de consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data, que apontava para baixa de 0,46%. Em maio do ano passado, o índice havia subido 0,13%. Dessa forma, a inflação oficial desacelerou pelo indicador acumulado em 12 meses, passando de 2,40% em abril para 1,88% em maio deste ano.
Com o resultado, o índice segue abaixo do piso meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC), de 2,5% neste ano — o centro da meta é de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o IPCA cai 0,16%.
O IBGE calcula a inflação oficial com base na cesta de consumo das famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Aracaju, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Rio Branco e São Luís.
5 dos 9 grupos de preços tiveram deflação
Cinco dos nove grupos que integram o IPCA tiveram deflação em maio. Os bens e serviços do grupo de transportes — que tem o maior peso entre os grupos do IPCA — registraram, em média, queda de 1,90% nos preços em maio. O grupo retirou, desta forma, 0,38 ponto percentual do índice de inflação no mês.
Dentro do grupo de transportes, os destaques de queda de preços foram os combustíveis (-4,56%), com destaque para a baixa na gasolina (-4,35%), exercendo o mais intenso impacto deflacionário sobre o IPCA no mês, retirando 0,20 ponto percentual do índice. O etanol também ficou mais barato no mês (-5,96%), assim com o óleo diesel (-6,44%).
Em maio, as passagens aéreas recuaram 27,14%, retirando 0,16 ponto percentual do IPCA de maio. O setor sofre com a menor demanda provocada pela pandemia de covid-19. Esses preços recuaram em todas as as regiões pesquisadas pelo IBGE.
Outra contribuição importante para a deflação do IPCA veio do grupo de habitação, cujos preços médios registraram redução de 0,25% na passagem de abril para maio. Esse grupo retirou, desta forma, 0,04 ponto percentual do IPCA do mês. Em habitação, a maior contribuição para queda veio da energia elétrica (-0,58%). Em maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.
No lado positivo, tiveram aumento de preços os grupos de alimentação e bebidas (+0,24%), artigos de residência (+0,58%), educação (+0,02%) e comunicação (+0,24%).
Outros grupos com taxas negativas foram vestuário (-0,58%), saúde e cuidados pessoais (-0,10%) e despesas pessoais (-0,04%).
Ainda no lado das altas de preços, o item que mais contribuiu para o IPCA foi a cebola, que ficou 31,31% mais cara em maio, refletindo a sazonalidade de clima, assim como a maior procura por alimentos das famílias durante a quarentena.
Todos os locais tiveram queda nos preços
Todos os 16 locais pesquisados pelo IBGE para IPCA registraram deflação em maio. O menor resultado foi registrado na região metropolitana de Belo Horizonte (-0,60%), com a queda nos preços da gasolina (-6,61%) e das passagens aéreas (-28,14%).
A queda menos intensa foi na região metropolitana do Recife (-0,18%), reflexo das altas nos preços da cebola (31,31%) e do automóvel novo (1,86%) e também da queda menos intensa nos preços da gasolina (-3,59%).
O IPCA da região metropolitana de São Paulo foi de -0,28%, a mesma taxa registrada na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Difusão cai
A inflação se espalhou menos pelos produtos que compõem a cesta do IPCA em maio.
O chamado índice de difusão, que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preço caiu a 43% no mês passado, de 53,1% registrado em abril, segundo cálculo do Valor Data. O índice de difusão do IPCA de maio é o menor desde julho de 2017 (41,8%). Sem os alimentos, grupo considerado mais volátil, a difusão do IPCA em maio caiu a 36,8%.
As informações são do jornal Valor Econômico.