3 perguntas para Otávio Farias sobre mercado lácteo

Otavio Farias, sócio da Alliance Commodities, concedeu essa entrevista ao MilkPoint, na qual trata a situação atual do mercado internacional de lácteos e quais as influências no mercado interno.

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Otavio Farias é graduado em administração de empresas e pós graduado em economia internacional. Atua há 13 anos em mercados mundiais de leite e derivados. Atualmente é sócio da Alliance Commodities, empresa de consultoria e comercialização de leite e derivados, ingredientes e alimentos, alinhada a empresas no setor de laticínios e alimentos no Brasil e exterior, no desenvolvimento de mercados brasileiros e internacionais.

Otavio Farias concedeu essa entrevista ao MilkPoint, na qual trata a situação atual do mercado internacional de lácteos e quais as influências no mercado interno.



MKP: Há algum sinal de melhoria no mercado internacional de lácteos?

Otavio A. C. de Farias: Em geral não se sente melhora no mercado internacional. Sempre há atividade, mas nos últimos meses o mercado internacional se movimentou a preços que não interessaram ao Brasil, ainda que o cambio tenha melhorado para o exportador. A queda nas exportações reflete essa situação. É claro que o Brasil segue exportando, abrindo mercados com participação cada vez mais contínua. Mas estratégia de contínua atuação externa tem sido pouco difundida no setor, sendo a exceção e melhor exemplo a Itambé. O setor em geral analisa oportunidades comerciais em um horizonte curto, sem levar em consideração oscilações e tendências de mais de 2 meses, 1 trimestre ou mais.

Houve queda de preço nos lácteos, como em outras commodities, devido a desequilíbrio entre oferta e demanda. O petróleo, que teve brusco ajuste de preços, tem influência direta nos lácteos; enquanto estiver em queda ou oscilando abaixo de US$ 50/barril, os preços de leite e derivados tendem a ter um teto, pois exportadores de petróleo são também grandes importadores de lácteos.

Alem disso, a falta de crédito e corte nos seguros de crédito tem afetado o comércio internacional. Boa parte das negociações internacionais de lácteos se dão por meio de concessão de linhas de crédito baseadas em seguros de crédito. Seguradoras tem analisado em detalhes riscos de mercados e clientes e cortaram limites recentemente. O Brasil tem tido linhas de seguro de crédito mantidas, gracas à percepção de estabilidade do país, apesar da crise.


MKP: Como estão hoje as vendas lá fora?

Otavio A. C. de Farias: Sempre há vendas e movimento no mercado, mas os compradores preferem ter compromissos "da-mão-pra-boca". E o fazem com razão, já que não se sabe como o mercado deverá reagir ao restabelecimento dos subsídios e programa de suporte à exportação na UE e nos EUA.

Os leilões online da Fonterra tem mostrado demanda pouco agressiva, e como resultado os preços tem caído continuamente na tentativa de se encontrar equilíbrio entre oferta e demanda. As incertezas nos mercados, aliadas a este sistema transparente de comércio eletrônico, resultam em uma atitude de "esperar para ver".


MKP: Como você vê a oferta e os negócios hoje no mercado interno?

Otavio A. C. de Farias: Há ofertas e disponibilidade, mas o mercado interno tem dinâmica específica e não necessariamente se move no mesmo sentido ou na mesma velocidade do mercado externo. Há algum atraso entre movimentos do mercado externo e interno.

Também há ações isoladas, política de preços dispares entre empresas, mas isso também se deve ao tamanho do mercado brasileiro e às safras alternadas do Sul e do Sudeste. Há disparidade de preços entre regiões diversas, que ocorrem devido às necessidades de caixa de cada empresa, motivando decisões comerciais com base em sua estrutura financeira e obrigações.

Atualmente, estamos ameaçados por importações, pois produto de fora está competitivo para entrar no Brasil. Ou seja, o Brasil terá que manter competitividade ou terá concorrência de fora, o que não ajudará em nada o setor.


Veja também a carta que nosso entrevistado enviou ao site MilkPoint, comentando a matéria 'NZ: Fonterra será afetada por subsídios da UE'.
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José Moisemar lima Loiola
JOSÉ MOISEMAR LIMA LOIOLA

MANDAGUARI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2009

O mercado do leite é sempre uma caixinha de surpresas, onde está inserida toda a cadeia produtiva; eu que trabalho na base da piramide - da porteira pra dentro - tenho cada dia mais preocupado com a realidade do mercado hoje, e sem falar nos preço de insumos que sobem cuminados com a seca que acometeu os estado do Paraná. Infelizmente as pespectivas a curto prazo não são muito boas, mas resta nós pedirmos a Deus para que ajude a abrir as fronteiras do mercado do leite novamente, e esperar com muita dedicação e trabalho por dias melhores.
Qual a sua dúvida hoje?