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O que vamos selecionar em nossos rebanhos II- Características funcionais - Facilidade de parto

ANDRÉ THALER NETO

EM 12/03/2015

5 MIN DE LEITURA

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No artigo anterior desta série relatamos sobre os desafios para obter ganhos genéticos para fertilidade em bovinos de leite. Outra característica funcional com impacto considerável sobre a lucratividade em rebanhos leiteiros, especialmente na raça Holandesa, é a facilidade de parto.

A facilidade de parto deve ser levada em consideração por causa dos elevados custos veterinários e da redução de fertilidade causada pelos partos difíceis ou distócicos. Porém, a importância econômica depende da incidência da distocia no rebanho, a qual tende a ser maior em vacas de primeira cria. Diversos trabalhos de pesquisa têm demonstrado impactos importantes da ocorrência de um parto difícil sobre a probabilidade de descarte das vacas, bem como sua futura eficiência reprodutiva e produção de leite.

Além de fatores de manejo, como um bom desenvolvimento dos animais, manejo pré-parto e condição corporal ao parto adequados, a seleção de touros provados também pode auxiliar na redução de problemas de parto. Existem diferentes indicadores de facilidade de parto, bem como modos de expressar os resultados das avaliações genéticas em diferentes países.

Na avaliação genética dos Estados Unidos, o efeito direto do touro utilizado para inseminar, normalmente denominado somente como facilidade de parto, é expresso como percentagem de partos difíceis em vacas de primeira cria, isto é, partos que necessitam força considerável ou apresentam extrema dificuldade, correspondentes a 4 ou 5, em uma escala de 1 a 5 pontos.

O efeito materno, ou facilidade de parto das filhas, é baseado na mesma escala, sendo que os valores percentuais representam a probabilidade de partos difíceis das filhas deste touro, em seu primeiro parto. Também são estimadas as habilidades previstas de transmissão (PTA) para percentual de natimortos para cada caso, representado pelo percentual de bezerros nascidos mortos ou mortos nas primeiras 48 horas de vida, em vacas de primeira cria, para o caso de utilização do sêmen do touro (% de natimortos ou mortos ao nascer - touro) ou em partos das filhas destes touros (% de natimortos ou mortos ao nascer - filhas).

Nos Estados Unidos, tanto a facilidade de parto, como o percentual de natimortos apresenta um valor médio próximo a 8% na raça Holandesa CDCB (2014), sendo normalmente considerados indicados touros com PTA inferiores a este valor. Entretanto, como se trata de uma característica contínua não existe um ponto de corte exato, sendo os menores PTA mais desejáveis. Na raça Suíça Leiteira os valores médios são próximos a 5% CDCB (2014), enquanto na raça Jersey parte dos países não divulgam os resultados de vido à baixa ocorrência de partos distócicos, normalmente inferior a 1%.

No Canadá o valor genético para facilidade de parto direta e materna é expresso na forma de Valor Genético Relativo (RBV), onde a base é 100 e valores desejáveis são aqueles acima de 100, sendo que cada cinco pontos representam um desvio-padrão. Um aumento de 5 pontos nos RBV para facilidade de parto representam uma expectativa de 3,7% de partos fáceis em novilhas, no caso da facilidade de parto direta e 3,0% para facilidade de paro das filhas (Beavers e Doormaal, 2014). Na Holanda os resultados são apresentados de forma similar aos do Canadá, sendo cada desvio-padrão de 4 pontos (CRV, 2012).


Enquanto a utilização de sêmen de touros com adequada facilidade de parto representa uma adequada estratégia de manejo, a facilidade de parto das filhas deve ser utilizada como ferramenta de melhoramento genético para facilidade de parto.
 
A facilidade de parto direta apresenta correlação genética com facilidade de parto maternal (+0.46 segundo Cole et al., 2007), o que significa que ao selecionar para facilidade de parto do touro pode-se esperar algum ganho genético para facilidade de parto das filhas. Por outro lado implica no fato de que aqueles produtores que se preocupam com facilidade de parto somente na inseminação das novilhas estarão perpetuando genética relacionada a partos difíceis em seus rebanhos.
 
Observa-se na Figura 1 que nas últimas décadas houve ganho genético para facilidade de parto das filhas, demonstrando a eficiência do processo de seleção. Resultado semelhante também tem sido observado na Holanda (CRV, 2012).



A dificuldade de parto direta apresenta correlação genética relativamente elevada com a taxa de mortalidade dos bezerros (rg= 0,67), o mesmo ocorrendo para dificuldade de parto e mortalidade de bezerros das filhas (rg= 0,67), de modo que maior facilidade de parto tende a diminuir a mortalidade (Cole et al., 2007).
 
Em um trabalho recente ,avaliando a relação entre facilidade de parto e mortalidade dos bezerros, Yao et al. (2014) demonstraram que nas raças Holandesa e Suíça Leiteira a relação entre facilidade de parto e percentagem de natimortos mortos é intensa (Figura 2), o que não ocorre na raça Jersey, a qual apresenta raros partos difíceis, havendo, provavelmente, outras causas de mortalidade de bezerros.



Os índices de seleção da maioria dos países incluem a facilidade de parto no seu cálculo. Para o índice de seleção mérito líquido dos Estados Unidos, é calculado um índice de facilidade de parto (CA$,) englobando pesos econômicos para os quatro componentes acima descritos. Este índice, apesar de apresentar herdabilidade relativamente baixa (h2 = 0,07), apresenta correlação genética considerável com vida produtiva das vacas (rg = 0,40), tendo um peso relativo de 5% no cômputo do mérito líquido (VanRaden e Cole, 2014).

Uma variável que afeta consideravelmente a facilidade de parto é o sexo da cria (Figura 3), de modo que a utilização de sêmen sexado em novilhas também pode ser uma ferramenta auxiliar para a redução de partos distócicos.



Conclui-se que através da escolha de touros com adequados valores genéticos para facilidade de parto pode-se auxiliar no controle de problemas de parto, além de obter algum ganho genético para estas características.

Referências bibliográficas

Beavers, L.; Doormaal, B.V. Interpretation of functional trait evaluations in practical terms. Canadian Dairy Network. CDN, 2014. Disponível em < www.cdn.ca/document.php?id=368>

CDCB – Council on Dairy Cattle Breeding. Trend in Sire Calving Ease (SCE) and
Daughter Calving Ease (DCE) for Holstein or Red & White. 2014. Disponível em < https://www.cdcb.us/eval/summary/trend.cfm?R_Menu=HO.ce#StartBody>.

Cole, J.B.; Wiggans, V.R.; VanRaden, P.M.; Miller, R.H. Stillbirth (Co)Variance Components for a Sire-Maternal Grandsire Threshold Model and Development of a Calving Ability Index for Sire Selection. Journal of Dairy Science , v. 90, p. 2489 – 2496, 2007.

CRV. Direct calving ease index and maternal calving process (MCP) index. 2012. Disponível em < https://global.crv4all.com/68143/67761/67689/e14calease>

VanRaden, P.M.; Cole, J.B. Net merit as a measure of lifetime profit: 2014 revision. ARS/USDA, 2014. Disponível em < https://aipl.arsusda.gov/reference/nmcalc-2014.htm>

Yao, C.; Weigel, K.A.; Cole, J.B. Short comunication: Genetic evaluation of stillbirth in US Brown Swiss and Jersey cattle. Journal of Dairy Science, v. 97, p. 2474-2480, 2014.

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GUILHERME FRANCISCO

JANAÚBA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 03/01/2020

Ola, ótimo artigo, eu gostaria de saber quais são os indicadores de facilidade de parto existentes nas provas holandesas.

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