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Novidades nas provas de touros dos Estados Unidos em dezembro de 2020

VÁRIOS AUTORES

ANDRÉ THALER NETO

EM 04/01/2021

5 MIN DE LEITURA

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A adoção de programas de melhoramento genético aprimorados, trazem benefícios para a pecuária leiteira. 

As estimativas de valor genético de bovinos de leite são as fontes de informação mais seguras para escolher indivíduos com características mais desejáveis, seja em produção, conformação e mais recentemente em características funcionais e saúde.

A adoção de um programa de melhoramento genético com objetivos bem definidos e utilização de reprodutores com valores genéticos desejáveis para as características de interesse podem levar a ganhos genéticos contínuos e, consequentemente, não só melhorar a lucratividade do produtor de leite, mas também a saúde e funcionalidade dos animais, podendo proporcionar a estes maior bem estar.

Os Estados Unidos são um importante fornecedor mundial de material genético, sendo o principal fornecedor de sêmen de raças leiteiras especializadas para o Brasil (ASBIA, 2020). Desta forma, as mudanças lá feitas, repercutem na pecuária leiteira brasileira. 

Com o objetivo de melhorar o processo de seleção, o CDCB (Council on Dairy Cattle Breeding) coleta e reúne informações para o cálculo da estimativa do valor genético dos animais. Esses valores são divulgados 3 vezes ao ano (abril, agosto e dezembro), onde grande parte desses valores são expressos na média da população de contemporâneos, ou base genética, que para as provas americanas são atualizadas de 5 em 5 anos.

Nas avaliações genéticas de abril de 2020 houve a mudança da base genética, correspondente às vacas nascidas em 2015, na qual foi possível observar o intenso ganho genético nos últimos 5 anos, com ganhos em 81 das 102 características avaliadas. Ganhos genéticos foram obtidos nas três características de produção (leite, gordura, proteína), com ganhos foram particularmente impressionantes para Holandês e Jersey (esta alteração reduziu a habilidade prevista de transmissão (PTA) para estas raças em cerca de 492 e 524 libras e os PTAs para gordura e proteína em cerca de 18 a 25 lb), assim como para a maioria das características de saúde e conformação.

Nesta atualização de base também foi possível confirmar que a revolução genômica iniciada em 2008 trouxe um aumento nos ganhos genéticos, principalmente devido à redução no intervalo de geração. Uma pequena parcela dos benefícios genômicos teria sido revelada na mudança de base anterior para vacas nascidas em 2010, mas a atualização atual refletiu todos os benefícios da genômica obtidos de 2010 a 2015 (THE BULLVINE, 2020).

Na avaliação de dezembro de 2020, além de diversas atualizações metodológicas foram incorporadas duas novas características. Abaixo descrevemos essas mudanças baseadas em CDCB (2020a). O texto original em inglês pode ser acessado clicando aqui.     

A alimentação é geralmente o principal custo na pecuária leiteira especializada. Assim animais mais eficientes conduzem a um maior retorno sobre os recursos gastos em alimentação. Aliado a busca por maior eficiência alimentar um índice foi criado para auxiliar na seleção dessa característica. Nomeado em inglês de Feed Saved ou alimento economizado em tradução livre (disponível apenas para a raça Holandês/Holstein) é a combinação entre o composto corporal (estatura, força, profundidade corporal, forma leiteira e largura de garupa) e o consumo residual (diferença entre a quantia que a vaca realmente consumiu e a quantia que foi estimada que a vaca consumiria).

A característica será reportada como um índice, expresso em libras, de alimento economizadas. Para touros da raça Holandesa, os valores genômicos de Saved Feed dos nascidos desde 2000 e com confiabilidade do Mérito líquido vitalício (MLV$) > 90% variam de -605 a +409 libras e têm uma confiabilidade média de 43%. Entretanto a maioria dos touros (95%) devem estar entre -218 e + 218.(Figura 1), correspondendo a desvios de -2 a +2 desvios-padrão. 

Figura 1 – Distribuição esperada das Habilidades Previstas de Transmissão (PTA) dos touros para Feed Saved (FSAV). Fonte: CDCB (2020b)

 

Esta característica possui uma herdabilidade intermediaria (aproximadamente 14%), entretanto, a confiabilidade média esperada para a característica ainda é baixa (28% para touros genômicos e 38% para touros provados) devendo aumentar na medida em que mais dados são adicionados pela pesquisa (CDCB, 2020b).

Nos Estados Unidos, estima-se que a inclusão de Feed Saved como um critério de seleção poderia economizar cerca de U$ 540 milhões por ano em custos de alimentos sem perda na produção (GADDIS, 2020). Além disso, a seleção de vacas com alimentação mais eficiente deve resultar em benefícios ambientais, devido à redução de emissão de metano (CDCB, 2020). Devido ao impacto econômico desata nova característica espera-se que seja incluída no Mérito Líquido Vitalício (NMS) na sua revisão prevista para abril de 2021.

Outra novidade é a Heifer Liviability ou capacidade de sobrevivência das novilhas em tradução livre (disponível para a raça Jersey e Holandês/Holstein) e mede a habilidade genética, ou probabilidade, de uma novilha permanecer viva até 18 meses. É estimada pelo número de novilhas mortas entre os dois dias de vida e os 18 meses.

Dados médios para essa característica, indicam uma sobrevivência de 96% das novilhas. Para um touro com PTA de +1, espera-se que 97% de suas filhas sobrevivessem até os 18 meses. A herdabilidade média dessa característica é de 0,4%, variando de –0,6% a +1,6%  para Holandês e –0,5% a +0,5% para Jersey. A confiabilidade média para touros jovens foi de 46% para Holandês e 30% para Jersey. Esta confiabilidade relativamente alta, considerando a herdabilidade extremamente baixa, demonstra o potencial da avaliação genômica, permitindo seleção e ganhos ao longo do tempo. A Heifer Liviability também deve ser incluída na revisão do MLV$ (CDCBF, 2020a). 

Novas características devem ser adicionadas às avaliações genéticas dos Estados Unidos, assim como de outros países fornecedores de genética de bovinos de leite, visto que um grande número de pesquisas se encontram em andamento tanto na fenotipização, ou seja na definição de novas características de importância econômica para a produção leiteira, assim como na sua avaliação em condições de pesquisa e a campo.

A partir do advento da avaliação genômica não é mais necessário que o desempenho (fenótipo) seja avaliado em toda a população. Com isto é possível avaliar características de difícil mensuração a campo, como o consumo residual, por exemplo que permitiu o desenvolvimento da característica Feed Saved apresentada neste texto. Assim que novas características ou metodologias de elevado impacto venham a ser desenvolvidas, traremos à esta coluna.

Referências
ASBIA. Index ASBIA 3º Trimestre de 2020. 34p. 2020. Disponível em <https://www.asbia.org.br/wp-content/uploads/2020/11/INDEX-ASBIA-M%C3%8DDIA-3o-Trimestre-2020.pdf>;

CDCB. Changes to evaluation system (December 2020). 2020a. Disponível em < https://www.uscdcb.com/cdcb-changes-to-evaluation-system-december-20-2;

CDCB. Trait reference sheet: Feed save (FSAV). 2020b. CDCB. 2p.;

GADDIS, K.P. Learn more about the new trait “Feed Saved. Hoard’s Dairyman. 2020. Disponível em < https://hoards.com/article-28961-learn-more-about-the-new-trait-feed-saved.html>;

THE BULLEVINE. April 2020: Genetic Base Change. Disponível em < https://www.thebullvine.com/genetic-evaluation-review/april-2020-genetic-base-change>;

ANDRÉ THALER NETO

Médico veterinário, doutor em melhoramento genético de bovinos de leite. Professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) em Lages, SC

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EUGENIO FARIA BARBOSA

EM 04/01/2021

Boa tarde,
Parabéns pelas informações!

Gostaria de saber como chegaram na eficiência alimentar? Como mediram consumo residual por animal?
ANDRÉ THALER NETO

LAGES - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2021

Olá Eugênio

Obrigado pela pergunta. O consumo foi medido sim individualmente, bem como a produção, composição do leite, variações no peso da vaca, eventos de saúde, a composição e umidade ou matéria seca das dietas. Ao todo foram aproximadamente 650 mil dados de consumo de ao redor de 6200 vacas Holstein. Esse trabalho envolveu dois grandes projetos executados desde 2010 até 2019 nos Estados Unidos, envolvendo as estações experimentais de universidades e centros de pesquisa. A dimensão de trabalho de medida de consumo é enorme, pois com sabemos, para poder avaliar o consumo as vacas precisam de alimentadores individuais ou sistemas que restrinjam a entrada e identifiquem o animal. O cálculo do consumo residual adotado foi o proposto por Tempelman et al. (2015), usando uma função direta entre o consumo medido (em kg/dia ou em Mcal/dia) e os valores somados da produção e composição do leite, o peso metabólico, variações no peso, e os efeitos de rebanho.
A partir destes resultados foram estimados valores genéticos para uma parcela de touros que dispunham de um número suficiente de filhas com dados fenotípicos. Em seguida foi realizada análise genômica em toda a população da raça Holandesa, determinando-se desta maneira os valores genéticos para os touros comerciais

Referência:
Tempelman, R. J., Spurlock, D. M., Coffey, M., Veerkamp, R. F., Armentano, L. E., Weigel, K. A., de Haas, Y., Staples, C. R., Connor, E. E., Lu, Y., & VandeHaar, M. J. (2015). Heterogeneity in genetic and nongenetic variation and energy sink relationships for residual feed intake across research stations and countries. Journal of Dairy Science, 98(3), 2013-2026. https://doi.org/10.3168/jds.2014.8510

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