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Entrevista: Lélo, CEO do Laticínios São João - Lac Lélo

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 29/09/2014

10 MIN DE LEITURA

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Maikel William Grasel, mais conhecido por Lélo, tem 31 anos, é formado em Administração, com pós-graduação em Finanças e em Gestão, e Master em Empreendedorismo e Inovação. Desde os 14 anos, trabalha na Laticínios São João Ltda, empreendimento fundado pelo pai, Ruben Grasel.

Atualmente Lélo é presidente na mesma empresa, que atua no setor de suinocultura, grãos, lojas agropecuárias e a indústria de laticínios Lac Lélo, nome originado do apelido “Lélo”.

Lélo iniciou sua vida profissional fazendo entregas da loja agropecuária e, posteriormente, recolhia e entregava suínos, que nesta época era a principal atividade da empresa. Em 1999, com o inicio das atividades de Laticínios, passou a trabalhar no setor administrativo da indústria como secretário para, em 2004, assumir a gerência geral da indústria de Laticínios.

Em 2008, a empresa, juntamente com a Vaccinar (indústria de nutrição), inaugurou um dos frigoríficos de suínos mais modernos no Brasil, do qual Lélo assumiu a gerência e permaneceu por 3 anos quando então retornou definitivamente para a Laticínios São João e assim iniciou o processo de sucessão. Mesmo estando na atividade do frigorífico, Lélo detinha responsabilidades gerenciais na indústria de laticínios da família e, esse período de muito aprendizado, despertou-lhe a paixão por gestão.

Confira a entrevista que Maikel William Grasel concedeu ao MilkPoint Indústria:

Indústria: Como e quando surgiu a ideia de iniciar a fábrica de laticínios Lac Lélo?

Lélo: Quando meu pai, Ruben, teve a ideia de iniciar uma indústria de laticínios, o principal objetivo foi bastante inusitado. Fabricar queijo para ter soro, que seria utilizado na alimentação dos suínos a fim de reduzir seus custos de produção. Então, no dia primeiro de julho de 1999, recebemos os primeiros litros de leite numa fábrica com capacidade máxima de 20 mil litros por dia.

Iniciamos as atividades sem experiência e, consequentemente, com muito amadorismo, mas com um propósito muito claro (além do soro): produzir produtos de alta qualidade. Assim foi feito e a indústria de Laticínios passou a crescer ano após ano, aumentando seu mix de produtos e fidelizando seus consumidores, para hoje ser a principal atividade da empresa.



Indústria:  Quantos litros são processados hoje em dia pela empresa? A intenção é expandir este volume nos próximos anos?

Lélo: Atualmente são industrializados em média 150 mil litros por dia, com um ritmo de crescimento anual na faixa de 34% nos últimos 4 anos. Esse crescimento foi um grande desafio, pois além de aumentar a captação, a fábrica deveria estar apta a industrializar esse volume com a máxima eficiência.

Para que isso fosse possível, em 2013 iniciamos uma ampliação do parque fabril, quando em junho deste ano, uma planta totalmente automatizada entrou em funcionamento. Com certeza, esse foi o passo mais importante dos últimos anos, pois agora a fábrica possui capacidade de industrialização de aproximadamente 300 mil litros por dia num processo automatizado, sem desperdícios, altamente eficiente, padronizado, e o principal, onde as pessoas tem uma excelente condição de trabalho.

O objetivo é manter níveis de crescimento na casa dos 25% ao ano, para que em 4 ou 5 anos estejamos trabalhando na máxima capacidade industrial. Investimentos em sistemas de gestão, em capacitação das pessoas, marketing, além de um trabalho diferenciado para com os produtores de leite são feitos diariamente para o atingimento desta meta.



Indústria: Como você vê o potencial de crescimento do leite em sua região?Como a Lac Lélo trabalha a melhoria da qualidade do leite e da eficiência de seus produtores fornecedores?

Lélo: O oeste de Santa Catarina é umas das regiões onde houve maior crescimento da produção leiteira nos últimos anos. Nossa região era baseada em suinocultura e avicultura, e o leite era tido como a segunda ou terceira atividade – em escala de importância - da propriedade rural. Com o passar do tempo, a atividade leiteira passou a ser prioritária em praticamente todas as propriedades, e isso fez com que a produção alavancasse rapidamente.

Entretanto, crescer a produção de leite sem DESENVOLVER não é a melhor receita, pois não proporciona sustentabilidade. Vejo esse o principal desafio para os próximos anos e posso afirmar que a Laticínios São João é uma das poucas empresas preocupadas com a manutenção do produtor a campo. Digo desafio pois as indústrias, juntamente com os produtores, devem buscar melhoria da gestão e profissionalização da produção leiteira, para que os produtores olhem mais “porteira adentro” identificando lacunas de melhoria e não procurem culpados pela ineficiência ou resultados ruins. Produtores preparados suportam crises, os despreparados sucumbem.

Neste tocante, a Lac Lélo mantém um corpo técnico em atividade 24 horas por dia, com metas de visitas a produtores, onde são abordados assuntos relativos à gestão, aumento de produtividade e, principalmente, qualidade do leite. Além disso, possuímos assessoria externa na assistência mensal aos produtores, tudo isso sem custo à eles. Disto não abrimos mão, pois para fabricar produtos acima da média, temos que ter matéria prima com padrões também acima da média.

Somos reconhecidos regionalmente como a indústria de maior média de captação por produtor e também a melhor qualidade do leite. Isso é fruto de um trabalho de muitos anos, com adoção de bonificação por qualidade, mas que pensamos ainda não ser o bastante. Confiamos que, no futuro, todas as empresas passem a pagar o leite por qualidade, pois somente assim seremos competitivos mundialmente e nos tornaremos um player importante no mercado de lácteos mundial.

Portanto, acreditamos que um trabalho responsável por parte das indústrias e também do governo, aliados a produtores capacitados, farão com que não somente o Oeste Catarinense, mas todas as regiões brasileiras, possam ter sua produtividade bastante aumentada.



Indústria: Vemos que a maioria dos seus produtos são queijos, com um portfólio bastante amplo. Qual é a razão da escolha pelo processamento de queijos ao invés de outros tipos de derivados lácteos?

Lélo: Sempre fomos obstinados a produzir produtos de elevada qualidade, buscando sempre agregar valor através das percepções de nossos clientes. Essa receita deu certo e está sustentando o crescimento e o desenvolvimento da empresa. Apesar de uma linha de produtos bastante ampla, não nos aventuramos a produzir produtos onde não consigamos garantir a plena satisfação do consumidor.

Exemplo disso é que há 5 anos fabricávamos bebidas lácteas, mas ficou muito difícil concorrer num mercado onde empresas com produtos muito inferiores em qualidade, passaram a praticar preços baixíssimos. Dessa forma perdemos competitividade e tínhamos duas opções: uma era baixar a qualidade do produto para poder competir, e a outra era sair desse mercado. Optamos por sair do mercado, pois fazer produto ruim não faz parte da nossa essência.

Estamos bastante atentos às novas tendências de mercado, mas, muitas vezes, limitações fabris impedem-nos de entrar de cabeça em novos tipos de produtos. Porém, dentro de poucos meses, novos investimentos estarão sendo feitos, e levarão a marca Lac Lélo um degrau acima.

Indústria: O produto Inovador Natamel foi bem aceito pelo mercado? O que motivou a criação do produto?

Lélo: Lançar um produto diferente. Essa foi nossa inspiração. Estamos inseridos na região sul, onde o consumo de nata e mel faz parte do cotidiano de muitas pessoas. A ideia de juntar esses dois produtos num só foi lançada pela gerência comercial, e a indústria foi desafiada a criar esse produto, sem a adição de aromas ou algo que parecesse com sabor de mel. Queríamos algo único, algo que fizesse as pessoas se deliciarem ao consumir um produto que levasse somente nata e mel absolutamente puro. E assim foi o início da história dessa delícia.

Após a ideia, exatos 1 ano antes de seu lançamento, começou a procura por um mel ao nível do produto final almejado. Foi um grande desafio pois, por ser o único produto a levar mais de 30% de mel puro em sua fórmula, tivemos de pesquisar muito além de testar exaustivamente todas as características organolépticas, físicas e químicas, para então termos a certeza absoluta do que ofereceríamos aos nossos consumidores.

Além disso, sabíamos da dificuldade de criar um “conceito de consumo”, mas nada nos impediu de lançar esse produto, que particularmente considero um dos melhores produtos lácteos do Brasil. Ainda é cedo para dizer se o Natamel será um produto de absoluto sucesso, mas o que nos deixa muito felizes é saber que em muitas regiões somos reconhecidos pelos consumidores, como a empresa que produz o Natamel.

A aceitação do produto no mercado está comprovada, porém estamos investindo em ações de marketing para que ele se torne ainda mais presente no dia a dia dos consumidores.

Indústria: Nota-se diversos laticínios de pequeno e médio porte crescendo bastante, ao passo que muitos grandes laticínios tiveram dificuldades nos últimos anos. Quais são as vantagens dos pequenos e médios laticínios, em sua opinião?

Lélo: Penso que conforme as empresas crescem, cresce também o desafio de uma gestão adequada ao tamanho do negócio. Prefiro não adotar que pequenos e médios laticínios crescem e grandes não. Sou mais adepto de que os pequenos e médios tem a condição de serem mais eficientes em pequenos aspectos, por terem uma gestão mais facilitada do que os grandes e, esses aspectos somados, acabam por alavancar o negócio. Eis aí o maior desafio dos pequenos que se tornam médios, e dos médios que se tornam grandes: ter uma gestão capaz de identificar deficiências e oportunidades, em detalhes que aparentemente não provocam grandes influências nos resultados. A diferença está nos detalhes.

Indústria: Quais são seus maiores desafios como empresário do setor?

Lélo: A posição de ser indústria de lácteos por muitas vezes é ingrata, pois somos pressionados a pagar os melhores preços possíveis aos produtores ao passo que, por outro lado sofremos enorme pressão dos supermercados e consumidores, e por um terceiro aspecto somos obrigados a cumprir árduas normas governamentais. Junta-se tudo isso ao desafio diário da eficácia industrial e comercial, para então buscar um resultado positivo e promover o crescimento do negócio. De fato não é tão simples.

Conseguir resultados positivos neste setor nos últimos anos, talvez não tenha sido a tarefa mais fácil, pois a demanda por lácteos no Brasil permaneceu igualmente ou acima da linha de oferta na maioria desse tempo. Contudo, acredito que agora iniciaremos um novo ciclo, em que a capacidade de evoluir em períodos mais difíceis irá separar indústrias preparadas das menos preparadas.

Assim sendo, na minha opinião, os maiores desafios serão: a –produtores mais profissionais nas suas atividades; b - indústrias mais eficientes na gestão de seus processos internos e principalmente comerciais; c - um governo que busque austeridade e que disponibilize infraestrutura adequada para o desenvolvimento do setor. Todos esses pilares convergindo, darão sustentação ao crescimento do setor.

Indústria: Com estes atuais escândalos de fraude no leite, e apreensões também no estado de Santa Catarina, na sua opinião, qual é o impacto destas ações e destas descobertas na cadeia produtiva do leite de Santa Catarina?

Lélo: O leite é um alimento básico, e quando são descobertas fraudes desse tipo, o setor todo sofre as consequências, principalmente os que não as cometem. Infelizmente a irresponsabilidade e a falta de escrúpulos de alguns, faz com que as pessoas passem a questionar se realmente podem confiar nas empresas do setor. Quando um setor entra em descrédito, as dificuldades que já são grandes se tornam maiores, mas para os fraudulentos, o dinheiro fala mais alto que a moral e o respeito ao consumidor. Sempre o individualismo prevalecendo sobre a coletividade.

Costumo sempre deixar bem claro a todos os nossos funcionários a seguinte cultura: “Se tivermos que fazer coisas erradas para termos lucro, encerraremos as atividades antes disso, pois, se não somos bons a ponto de crescer fazendo o que é certo, esse definitivamente não é o nosso negócio”. Acredito que a verdade sempre prevalecerá eé com esse pensamento que acordo diariamente e me motivo a buscar sempre o melhor para essa empresa.

Enfim, sinceramente penso que se fraudes como essas devam ser deflagradas para que TODO o setor realmente cumpra as regras impostas, principalmente pela Inspeção Federal, elas são excelentes. Infelizmente os impactos momentâneos no setor são grandes, mas no futuro todos agradecerão, pois a necessidade de moralização era visível. Precisamos TODOS ter em mente que produzimos alimentos, e devemos respeitar nossos consumidores.
 

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MARILDO ANTONIO NASCIMENTO

CRUZÍLIA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 15/09/2019

Boa noite a todos!!

Já tinha um prazer e muito orgulho de trabalhar na empresa Laticínios Cruzília e agora com a parceria com essas empresas tão promissoras que são a Aqua Capital e Lac Lelo, tenho mais orgulho e prazer ainda, quanto mais fico sabendo sobre elas, mais animado fico...
LUÍS HUMBERTO SIMM

SANTO ÂNGELO - RIO GRANDE DO SUL

EM 14/09/2015

Parabéns Lélo!



Continue com essa cultura de sempre fazer o que é certo e não render-se ao "lucro a qualquer custo".



Somente dessa forma, através do exemplo, as coisas mudarão. O que é errado não é páreo para o que é certo...é só uma questão de tempo!

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