Eles foram selecionados a partir de 15 diferentes formulações de uvas viníferas submetidas à degustação de especialistas e do público. O início da produção está previsto para 2018, de forma a coincidir com o ciclo anual da safra da uva. Já há experimentos para a elaboração de um sorvete aromatizado naturalmente com barricas de carvalho francês utilizadas pela vinícola e de outro à base de vinho de sobremesa.
"É um desafio lidar com uma matéria-prima que nunca foi utilizada antes para essa finalidade", diz um dos diretores da Ypy, Marcelo Barachuy. "Esses tipos de uva não são muito aromáticos nem saborosos quanto os demais, por isso vamos trabalhar para dar o máximo possível de aproveitamento e extrair todo o sabor". O enólogo da Abreu Garcia, Jean Pierre Rosier, comemora a iniciativa: "Esta união representa uma escalada ao topo de uma vinícola que preza pela qualidade de seus produtos e trabalha com alta gastronomia em suas recepções".
A cadeia produtiva do vinho de altitude tem aberto oportunidades no comércio. Até 1995, o comerciante Vilson Borges tinha uma distribuidora de cerveja em São Joaquim. Ao perceber os primeiros movimentos da nova atividade econômica, ele decidiu reinventar o negócio. Hoje, aos 64 anos, o "comendador" ou "tio Vilson", como é conhecido, administra a Casa do Vinho, considerada pela crítica especializada uma das cinco principais do ramo no Brasil. Sua loja tem em estoque 914 títulos da bebida, das quais 85%, vinhos de altitude. Com clientes em todo o país e no exterior, ele se orgulha de ser campeão de vendas da Villa Francioni desde o lançamento do primeiro rótulo da vinícola, em 2004. No ano passado, suas vendas de vinho de altitude cresceram 20%.
Borges convenceu os dois filhos advogados a trabalhar com ele na expansão do negócio. Em 2014, a família abriu uma filial em Lages, o maior município da região serrana catarinense, com 156 mil habitantes. O comerciante também produz dois espumantes próprios e um tinto com uvas malbec, cabernet franc e cabernet sauvignon.
A 228 km dali, em Florianópolis, a jornalista Cibele Garrido Godoy apostou no nicho da popularização do consumo. Este mês ela inaugurou a Terroir Catarina. Ela vende vinhos em uma bicicleta estilo "vintage", com reboque e um cesto de flores, dando preferência a locais que as pessoas frequentam para viver "momentos memoráveis", como o pôr do sol no bairro histórico de Santo Antônio de Lisboa e a feira de artes no centro da cidade. Também participa de eventos fechados. Os espumantes, seguidos pelos brancos e rosés, têm sido os preferidos.
As informações são do jornal Valor Econômico.