Nos outros artigos da série discutimos a importância técnica e econômica de várias características que compõem parte do programa dos cinco passos da rentabilidade, que é um sistema exclusivo de seleção de bovinos leiteiros desenvolvido na Holanda pela Holland Genetics.
O quinto e último passo da rentabilidade é a Confiabilidade das provas, ou seja, a segurança científica de que os valores que aparecem na prova de um determinado touro refletem, com precisão, a estimativa real do seu verdadeiro mérito genético.
Desta forma, quanto maior for a confiabilidade da prova, menor será o risco de que exista grande variação entre os resultados quantificados na mesma e àqueles efetivamente vistos nas filhas de um determinado touro.
Isto é muito importante para o produtor de leite, uma vez que se trabalha na atividade com longo intervalo entre gerações e, ainda, as vacas leiteiras vivem, em média, vários anos. Portanto, o touro que se utiliza hoje na propriedade irá interferir nos resultados técnicos e econômicos da mesma por um longo período de tempo.
Sendo assim, a melhor forma de assegurar o progresso genético do rebanho, e reduzir o risco do negócio, é através da utilização de touros com elevada confiabilidade nas provas.
Para se atingir uma elevada confiabilidade nas provas dos touros, necessita-se de uma infra-estrutura de prova dotada de vários fatores essenciais:
- Tamanho e uniformidade do rebanho do País onde serão realizadas as provas;
- Nível de controle informacional, de manejo e de ambiência deste rebanho e dos animais em prova;
- Número de filhas avaliadas de cada touro em prova;
- Número de rebanhos que foram distribuídas as filhas de cada touro em prova;
A elevação do valor de cada um destes parâmetros aumenta o índice de confiabilidade da prova.
A Holanda possui um sistema único de prova que se diferencia de todos os demais existentes no mundo. Primeiramente, é bom lembrar que todo o controle do rebanho é computadorizado desde 1974 e está centralizado num órgão único chamado NRS. Além disso, o registro genealógico foi implantado na Holanda no ano de 1874.
Um resumo da estrutura do sistema de informação do NRS pode ser visto no organograma abaixo:
A Holanda possui um rebanho 1,4 milhão de vacas holandesas, com índices fantásticos de controle:
- 100% de identificação e controle dos animais;
- 95% de animais registrados;
- 85% das vacas com controle leiteiro oficial;
- 50% das novilhas de primeira cria com classificação para tipo
O país tem uma área bastante pequena e trabalha, basicamente, com um sistema de produção e de controle do ambiente de prova únicos no mundo.
Ambiente de prova - Touros Holandeses da HG.
Fonte: Lagoa (2007).
São testados 330 tourinhos anualmente, provenientes de um banco de germoplasma que possui o que há de melhor da genética mundial, ou seja, de fêmeas de vários países, que totalizam cerca de 14 milhões de vacas. Tudo isso é feito para se selecionar apenas 20 a 25 dos melhores tourinhos por ano.
Estes animais entram em comercialização apresentando, já na sua primeira prova, pelo menos 150 filhas distribuídas em 125 rebanhos, o que confere aos touros da Holland Genetics o maior índice de confiabilidade do mundo quando comparado a todas as demais centrais de seleção.
Atinge-se mais de 90% de confiabilidade já na primeira prova, com os touros sendo provados com menos de cinco anos de idade. Maior confiabilidade significa maior segurança.
O quadro abaixo mostra o efeito da confiabilidade na variação de um determinado parâmetro da prova de um touro.
Relação entre confiabilidade e risco de variação na prova
Fonte: NRS, 2004.
Observa-se que há um risco de variação de 23% no valor da prova de leite para um touro que apresenta 75% de confiabilidade. O mesmo se aplica a gordura e proteína. Desta forma, há como calcular o efeito econômico caso haja uma queda de 30% na prova de leite de um determinado touro. A queda de 30% na prova de um touro de 1.500 kg de leite seria de 450 kg de leite. Como o touro transmite 50% do seu valor genético para as suas filhas, significa dizer que elas iriam produzir 225 kg de leite por lactação a menos do que o esperado.
Mas as provas dos touros não avaliam somente os parâmetros produtivos. Vale ressaltar que também são avaliadas outras várias características importantes:
- Perfil Produtivo (Produção de Leite e de Sólidos, Porcentagem e Quantidade de Gordura e de Proteína);
- Perfil de Conformação e Tipo Funcional (Classificação Linear de Tipo, Compostos de Força Leiteira, Úbere, Pernas e Patas, Tipo Final e Locomoção);
- Perfil Funcional (Fertilidade da Fêmea, Facilidade de Parto, Processo de Parto, Temperamento, Velocidade de Ordenha, Persistência, Maturidade, Contagem de Células Somáticas, Sanidade de Úbere e Condição Corporal);
- Perfil Zootécnico: Durabilidade, INET (retorno econômico do touro), DPS, que é a soma da Performance Durável, a exemplo do TPI nos EUA ou LPI no Canadá, registro de produção das filhas (Equivalente Adulto).
Desta forma, a precisão com que cada uma destas características foi avaliada na prova estará sendo influenciada pelo respectivo índice de confiabilidade de cada um destes parâmetros.
A segurança do progresso no trabalho de melhoramento genético do rebanho leiteiro está relacionada à escolha e uso de touros com mérito genético superior e, principalmente, dotados de provas confiáveis.
A Holland Genetics possui o sistema de provas mais confiável do mundo e se orgulha por ser amplamente reconhecida como sendo "a fonte confiável" dos produtores de leite. Isto significa maior segurança pra o produtor e retorno garantido do seu investimento em melhoramento genético do rebanho.