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Duas situações práticas deste inverno em lavouras de milho a serem ensiladas

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 24/07/2018

9 MIN DE LEITURA

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Introdução

Com a chegada do inverno que veio acompanhado de estiagem desde os meses finais do outono, alguns produtores sofreram com a perda de valor nutritivo de parte da safra e da safrinha. Além disso, nos estados do Sul do país, algumas regiões sofreram com geada nos campos semeados para a colheita do milho “safrinha” ou de outras culturas.

O objetivo deste texto é comentar sobre as situações evidenciadas, alertar sobre as possibilidades e apresentar soluções para esses casos, acerca do controle do processo fermentativo. Para conferir sobre o assunto, acesse o material abaixo.

Características dessa forragem

Normalmente o aspecto visual leva-nos a achar que as plantas estão secas. Muitas vezes, o teor de MS dessas plantas pode ser ainda abaixo daquele preconizado para uma boa fermentação, podendo haver quantidade significativa de água no colmo das plantas. Deve-se ainda considerar o aspecto visual das folhas e da espiga que em muitas casos nos fazem crer que a forragem está passada. Para não incorrer em erros, o primeiro procedimento que deve ser feito é a amostragem de algumas plantas para monitoramento do teor de MS. Esse monitoramento deve ser feito com o Koster, estufa de ventilação forçada ou mesmo pelo método do forno micro-ondas (método está descrito em https://www.ensilagem.com.br/micro-ondas/)

As plantas de milho que passaram pela seca apresentam algumas características específicas (abaixo) e podem ser acompanhados na Tabela 1, que devem ser consideradas quando forem ensiladas:

  • Baixo conteúdo de amido: a falta de chuva dificulta o enchimento dos grãos e a translocação de nutrientes para a espiga (também evidenciado na Foto 1);
  • Altos níveis de açúcares: relacionado ao tópico acima (baixo conteúdo de amido), as plantas de milho que tenham passado por seca têm os carboidratos solúveis (açúcares) que não foram convertidos em amido, fazendo com que a concentração esteja na planta na forma de açúcares;
  • Produção de MV reduzida: baixo crescimento vegetal como é evidente em áreas que sofrem com período de escassez de água durante o desenvolvimento vegetal (Foto 2). A redução na altura, associada ao menor acúmulo de amido têm impacto negativo nos dois principais fatores de uma boa silagem de milho: produção de MS e densidade energética;

  • Maior digestibilidade do FDN: como faltou água, não houve estímulo de formação de tecido de sustentação vegetal. Sabe-se que a inturgescência das células vegetais (acúmulo de água) é uma das responsáveis pela formação e deposição de porções menos digestíveis das plantas, tal como a lignina. Sendo assim, a fibra torna-se mais digestível (maiores valores de FDN-D);

  • Alto conteúdo de nitrato: esta questão está relacionada ao metabolismo de nitrogênio na planta. Alto nitrato nas plantas é crítico, sobretudo, para algumas categorias de animais (gado de leite e animais de cria). O nitrato acumulado pode levar à intoxicação por nitrito nos animais. Mais abaixo isso será comentado em mais detalhes.

A Tabela 1 mostra valores de amostras (n = 1.386) avaliadas em um laboratório nos EUA, comparando algumas que passaram por seca e outras que tiveram as situações climáticas normais.

Tabela 1 – Comparativo de amostras analisadas nos EUA considerando materiais que sofreram déficit hídrico (seca) e materiais normais.

Amostras

MS

(%)

PB

(% MS)

 

FDN

(% MS)

 

FDA

(% MS)

 

FDN-D

(%)

 

Cinzas

(% MS)

 

Amido

(% MS)

 

Carboidratos Solúveis (% MS)

Déficit hídrico

25,2

10,1

53,7

31,1

59,0

6,3

10,5

7,0

Planta normal

35,1

8,8

45,0

28,1

55,0

4,3

32,0

1,0

Nota: FDN-D – Digestibilidade do FDN.

Fonte: Dairyland Labs – 1.386 amostras de silagem de milho que foram ensiladas entre 01/Julho a 07/Agosto de 2012, nos EUA em regiões de déficit hídrico e planta normal.

Cuidados com as plantas nas situações de seca e geada

Como comentado, uma das características dessas plantas é parecerem mais secas do que realmente estão, portanto há risco de colheita mais precoce do que deveria, o que leva a fermentação butírica. Se o teor de MS estiver baixo e mesmo assim já for preciso a colheita nesse momento, a inoculação com bactérias homofermentativas é recomendada.

Foto 1 – Característica dos grãos de milho de plantas que sofreram estresse hídrico no estado de Goiás. Cortesia: Jorge Jawabri.

Existem formulações desenhadas para isso com associação destas bactérias que atuam de maneira a manter boa fermentação. Um bom exemplo é a associação de Pediococcus acidilactici e Lactobacillus plantarum. O primeiro atua mais precocemente (em pH mais alto e com maior pressão osmótica), o último é mais lento para atuar inicialmente, todavia mais efetivo no longo prazo. Se fizermos uma analogia seria: o Pediococcus acidilactici é um corredor de 100 m rasos (tal como o fenômeno jamaicano Usain Bolt) com saída rápida, mas que não consegue correr com grande velocidade por longo tempo; o Lactobacillus plantarum se compararia a um maratonista (talvez o mais famoso deles o tcheco Emil Zatopek ou o nosso brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima), com início da corrida cadenciada, mas com fôlego suficiente para completar uma longa prova.

Foto 2 – Lavoura de milho no estado de Goiás demonstrando a baixa produção de MS devido a seca que a plantação passou nos meses de março e abril de 2016. Cortesia: Jorge Jawabri.

Em plantas com teores de MS mais altos (acima de 33% de MS) a história é outra, pois elas têm características distintas e deve ser considerado o uso de Lactobacillus buchneri, ou seja, alto teor de carboidratos solúveis (açúcares) e alto teor de MS. Isso pode ser um risco considerável de menor estabilidade após a abertura, o que se traduz, usualmente, em aquecimento da massa que ocorre devido ao ingresso de oxigênio. Isso acontece porque os açúcares solúveis são usados como substrato por fungos e leveduras que levam à deterioração aeróbica. Graças à capacidade de produzir ácido acético o L. buchneri tem reconhecida ação de controlar fungos e leveduras ao produzir esse ácido.

As plantas que passaram por seca acumulam nitrato durante o metabolismo de nitrogênio, principalmente nas porções mais baixas da planta, como  demonstrado na Figura 1, em resultados de pesquisa da Universidade de Wisconsin.


Figura 1 - Níveis de nitrato em plantas de milho que cresceram com falta d’água.

Fonte: Universidade de Wisconsin.

O nitrato é absorvido, reduzido à amônia e excretado como ureia na urina ou convertido em proteína microbiana no rúmen, mas até aí não haveria problema. Entretanto, como intermediário nesse metabolismo ocorre a produção de nitrito e este composto é tóxico para os animais. Muito embora esse problema seja conhecido como “intoxicação por nitrato”, o produto que é tóxico aos animais é o nitrito, portanto, o nome correto deveria ser ”intoxicação por nitrito”. Ele se liga à hemoglobina e forma a meta-hemoglobina. Enquanto a hemoglobina é responsável por carrear oxigênio dos pulmões para os outros tecidos, a meta-hemoglobina não consegue fazê-lo. Os sinais clínicos dos animais intoxicados com nitrito são: mucosas de coloração azulada (cianótica), baixa temperatura corporal, descoordenação motora, fraqueza, devem afetar o comportamento normal com consumo prejudicado, e em casos mais graves levam o animal à morte.

Alguns autores afirmam que o acúmulo de nitrato pelas plantas é dependente dos seguintes fatores:

  • Espécie vegetal;
  • Estádio de maturidade;

  •  Parte da planta;

  •  Nível de fertilizante;

  •  Incidência de chuva;

  •  Horário do dia ;

  •  Local de plantio.

Uma maneira de se evitar a concentração mais alta de nitrato é realizar o corte da forragem mais alta, já que esse metabólito tende a se acumular nas porções basais das plantas. Contudo, em tempo de falta de forragem, o corte mais alto, muitas vezes, deve ser desconsiderado já que o produtor precisa de massa.

Outra opção é esperar passar 3 ou 5 dias após uma chuva para fazer a colheita de plantas de menor desenvolvimento que tenham passado por seca, pois logo após a chuva as plantas aumentam o metabolismo de nitrogênio e o nitrato tende a se acumular nas plantas.

A boa notícia é que a ensilagem é capaz de diminuir consideravelmente o nível de nitrato durante o processo fermentativo, podendo alcançar até 60% de diminuição do teor de nitrato original na planta fresca, segundo alguns autores.

O efeito dos "gases dos silos"

Ainda que isso não esteja somente associado às plantas que passaram por seca severa, a formação de gases tóxicos pode ocorrer em qualquer forragem e serve de alerta.

Durante a fermentação, outro composto derivado do nitrogênio pode ser produzido, trata-se do óxido nítrico (NO2). É um gás que tinge a forragem de uma cor vermelho-alaranjada. Na Foto 3 o gás escapou de um silo bolsa e tingiu o solo.

Deve ter muito cuidado ao abrir esse tipo de silo, pois esse gás pode se acumular e, durante abertura pode-se inalá-lo. Ele se acumula nas porções mais baixas do silo, por ser mais pesado que o ar. Além dos silos bolsa, também é crítico em silos tipo fosso ou cisterna, embora esse tipo de estrutura não seja mais usado no Brasil.


Foto 3 – Gás do silo, possivelmente óxido nítrico, que tingiu o solo na abertura de um silo bolsa. Cortesia: Renato Schmidt.

Como alerta aos trabalhadores responsáveis pela alimentação dos animais deve-se ter muito cuidado, de preferência deixar que haja boa circulação de ar logo após a abertura. Se possível, ao abrir um silo, ir acompanhado de um colega de trabalho para o caso de necessidade e NUNCA cheirar uma silagem, de quem quer que seja! Além do risco de inalação desses gases, há o risco microbiológico, pois nunca sabemos qual o microrganismo que atuou naquela fermentação, podendo ser um patógeno.

Silagem de forragens que sofreram com geada

Muito semelhante à seca, a geada compromete as plantas em momentos em que, geralmente, ainda não estão prontas para colheita, como demonstra a Foto 4. Nota-se que as folhas estão secas, mas as espigas ainda estão verdes, porém como citado acima, plantas que passaram pela seca ainda podem ter água no colmo, o que poderia levar a uma fermentação inadequada.


Foto 4 – Lavoura que passou por geada no estado de SC.

A maior parte das recomendações é que essas lavouras devem ser colhidas até alguns dias (entre 5 e 7 dias) após a geada e garantir a boa fermentação. Se for necessário, deve-se utilizar inoculantes que podem ajudar a controlar fungos e leveduras (L. buchneri ou Propionibacterium acidipropionici).

Recomendações gerais

1. Monitore o teor de MS de lavouras atingidas por seca ou geada se o objetivo for ensilá-las;

2. Mantenha as áreas que sofreram seca pelo tempo mais longo possível no campo, pois os níveis de nitrato devem diminuir com o avanço da maturidade;

3. O corte mais alto tende a levar para o silo um material de menor teor de nitrato;

4. Espere entre 3 e 5 dias após a chuva para colher o material;

5. Use bactérias homofermentativas (Pediococcus acidilactici e Lactobacillus plantarum, por exemplo) para inocular a forragem se estiver abaixo de 33% de MS;

6. Use L. buchneri se o teor de MS estiver acima de 33% de MS para ajudar também após a abertura;

7. Por maior que seja o dano climático (seca ou geada) os animais podem ter desempenho zootécnico adequado. Somente um técnico tem a capacidade de ajustar a formulação e determinar o correto uso do inoculante na sua ensilagem e o balanceamento da dieta de seus animais.

 

Para saber mais, entre em contato pelo box abaixo.

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