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Compreendendo a Doença Respiratória Bovina

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 07/08/2023

11 MIN DE LEITURA

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1. Introdução:

A Doença Respiratória Bovina (DRB) representa uma grande preocupação nas propriedades leiteiras. Pesquisas demonstraram que a DRB é responsável por 24,5% das mortes de bezerras antes do desmame e é a principal causa de morte em bezerras desmamadas (Callan & Garry, 2002). Em vacas leiteiras adultas, a DRB é menos importante do que a mastite, afecções podais, doenças metabólicas e reprodutivas, mas ainda afeta 2,5% do gado leiteiro adulto anualmente, sendo 9,6% do descarte de vacas leiteiras atribuídas às afecções respiratórias (Callan & Garry, 2002).

As taxas de morbidade e mortalidade variam entre as regiões e propriedades. No entanto, o impacto econômico da doença é significativo independente do local. Os custos associados às DRB’s incluem prevenção, tratamento e queda na produtividade. Os gastos com tratamentos incluem a compra de produtos farmacêuticos, como antibióticos e anti-inflamatórios. Já a queda do desempenho está relacionada ao aumento da mortalidade, redução do ganho de peso diário, aumento da idade ao primeiro parto e redução da produção de leite na primeira lactação (Adaptado de Waltner-Toews, Martin & Meek, 1986).  

Um diagnóstico de pneumonia durante os primeiros seis meses de idade resulta em taxas de crescimento mais tardias e diminuição na produtividade leiteira (Donovan et al., 1998). O estudo de Gordern & Plummer (2010) demonstrou que bezerras com diagnóstico positivo para DRB apresentaram duas ou mais chances de morrer antes do primeiro parto e/ou aumentar a idade ao primeiro parto quando comparadas às bezerras que não desenvolveram DRB. Os custos de perdas ocasionadas pela DRB podem variar de US$ 9,84 a US$ 16,35 por bezerro (a) em aleitamento e US$ 2,05 a US$ 2,22 por bezerro (a) desmamado (a) (Gordern & Plummer, 2010). Fica evidente que a ocorrência da doença nos estágios iniciais da vida do bezerro (a) gera consequências por toda sua vida produtiva.

Estes valores ressaltam a necessidade da rápida identificação e tratamento dos animais enfermos, bem como a prevenção de novos casos.

 

2. Etiologia:

A DRB é complexa e pode ser causada por diferentes microrganismos, incluindo vírus (Vírus Respiratório Sincicial Bovino, Rinotraqueíte Infecciosa Bovina, Diarreia Viral Bovina e parainfluenza tipo 3) e bactérias (Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida, Haemophilus somnus e Mycoplasma bovis) (Ellis, 2001). A DRB é uma doença multifatorial, produto de fatores ligados ao ambiente, manejo e estresse, que juntos são capazes de imunossuprimir o hospedeiro de maneira a permitir a colonização do trato respiratório por bactérias oportunistas e/ou outros patógenos circulantes no ambiente (Bowland & Shewen). Na tablea abaixo estão os principais agentes associados à pneumonia em bovinos.  

Vírus

Bactérias

Mycoplasmas

Parasitas

Sincicial Respiratório Bovino (BRSV)

Mannheimia haemolytica

Mycoplasma bovis

Dictyocaulus viviparus

Parainfluenza Tipo 3 (PI-3)

Pasteurella multocida

Mycoplasma dispar

Ascarídeos

Diarreia Viral Bovina (BVD)

Actinomyces piogenes

Mycoplasma bovirhinis

-

Herpesvírus Bovino tipo 1 (BHV-1)

Streptococcus sp.

-

-

-

Histophilus somni

-

-

-

Haemophilus spp

-

-

-

-

-

-

Adaptado Gonçalves (2009).

Fisiologicamente, os bovinos possuem um volume pulmonar muito menor quando comparado com os seres humanos e equinos. A capacidade pulmonar dos seres humanos é de cerca de 5,4L em um adulto. Comparativamente, se um ser humano pesasse 500Kg sua capacidade pulmonar seria equivalente a 35L. Um equino com o mesmo peso apresenta capacidade pulmonar de 42L. Já um bovino pesando os mesmos 500 Kg apresenta capacidade reduzida de apenas 12L. A peculiaridade da anatomia pulmonar dos bovinos contribui para a predisposição desta espécie às DRB’s. Para compensar esta falha de eficácia na reoxigenação sanguínea, eles possuem uma taxa de ventilação maior. Esse fato explica, mecanicamente, o maior risco de infecções (GUEZ, 2017).

(Adaptado de GUEZ, 2017).

A maior parte dos patógenos bacterianos considerados importantes da DRB podem ser isolados do trato respiratório superior de vacas e bezerros saudáveis. Estes microrganismos são considerados ubíquos, ou seja, podem ser facilmente encontrados na maioria das populações. Assim, na ausência de outros fatores predisponentes, a presença das bactérias não causa mal algum ao animal. Entretanto, quando há uma combinação de fatores envolvendo a imunidade do animal, ambiente e agentes infecciosos, a doença passa a se manifestar (Callan & Garry, 2002).

A lista de fatores predisponentes para DRB é longa e incluem a idade do animal, redução da imunidade em situações de estresse, exposição viral ou falta de vacinação, falha na transferência de imunidade passiva em neonatos, deficiências nutricionais e desidratação. Já os riscos ambientais estão associados a alta umidade do ar, presença de poeira, mudanças rápidas na temperatura ambiental e alta concentração de amônia nas camas. Ainda, é importante levar em consideração que fatores externos podem aumentar a densidade de patógenos e a exposição do animal, como por exemplo a mistura de vacas ou bezerros de diferentes origens, superlotação do bezerreiro, ausência de ventilação adequada entre outros (Callan & Garry, 2002).

3. Diagnóstico:

A detecção precoce da DRB nas fazendas ainda é um desafio que acarreta o tratamento tardio dos animais e menores chances de cura.

O diagnóstico clínico da DRB é baseado na observação dos sinais clínicos, que incluem apatia, diminuição do apetite, alterações no padrão respiratório, secreções nasais e aumento da temperatura retal. Essas ferramentas são práticas, porque são baseadas em sinais clínicos avaliados facilmente pelos produtores e colaboradores da fazenda. A limitação desta técnica é a baixa sensibilidade e especificidade para detectar lesões pulmonares (Leruste et al., 2012; Buczinski et al., 2014).

McGuirk (2008) desenvolveu o Calf Health Score Criteria (CHSC), um método prático de triagem de doença respiratória que avalia a temperatura retal, secreção ocular, secreção nasal, tosse com indução ou não, posição da cabeça e orelhas, pontuando estas características de zero a três de acordo com a gravidade. Animais que obtém soma maior ou igual a 4 são considerados positivos para DRB.

 

Escore

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1

2

3

Temperatura Retal

37.7 - 38.2ºC

38.3 - 38.8 ºC

38.9 - 39.3 ºC

Maior ou Igual a 39.4ºC

Tosse

Ausente

Presente e única quando estimulada

Presente e repetida. Estimulada ou ocasionais.

Presente, repetidas e espontâneas.

Secreção Nasal

Serosa

Pouca, unilateral

Excessiva, mucosa, bilateral

Abundante mucopurulenta, bilateral

Secreção Ocular

Serosa

Pouca quantidade

Moderada Quantidade Bilateral

Intensa quantidade Bilateral

Posicionamento das Orelhas

Normal

Balanço de orelhas ou cabeça

Ligeiramente pendente (unilateral)

Intensamente Pendente bilateral ou torção de cabeça

Adaptado McGuirk (2008).

A utilização de ultrassonografia para avaliação pulmonar pode detectar lesões pulmonares irreconhecíveis pelo exame clínico. A utilização deste exame obteve sensibilidade de 94% e especificidade de 100% quando comparado com lesões post mortem nos pulmões. O estudo de Buczinski et al. (2014) demonstrou que em rebanhos leiteiros com DRB a prevalência de consolidação pulmonar pode ser muito alta, cerca de 1 a cada 2 bezerros (as). A consolidação nos pulmões não é um achado ultrassonográfico normal em animais saudáveis e menos de 50% dos (as) bezerros (as) com lesões pulmonares são tratados, o que significa uma baixa observação da doença pelos proprietários acerca da evolução subclínica da doença, aliada a falta de monitoramento adequado.

Abaixo exemplos de lesões pulmonares macroscópicas em novilhas infectadas por vírus. Em (A) BRSV, mostrando consolidação pulmonar lobar (áreas escuras); (B) IBR com consolidação (seta) e áreas de atelectasia (colapso pulmonar) e necrose; (C) laringe com infecção por IBR com áreas de ulceração e erosão (seta) e (D) pulmão com BVDV mostrando áreas dispersas de consolidação.

Adaptado de GERSHWIN et al., 2015.

Abaixo exemplos de lesões pulmonares macroscópicas em novilhas infectadas por bactérias. Em (A) Mannheimnia haemolytica, mostrando consolidação pulmonar (seta); (B) infecção por Mannheimnia haemolytica com regiões de consolidação vermelho-escuras irregulares com infiltrado inflamatório cinza-claro; (C) infecção por Pasteurella multocida com lesões mínimas dispersas de consolidação e (D) pulmão infectado por Mycoplasma bovis demonstrando região focal (canto inferior esquerdo) com consolidação associada a bronquite com exsudato.  

Adaptado de GERSHWIN et al., 2015.

A ultrassonografia é uma técnica de fácil execução para veterinários nas fazendas por não depender de anestesia e por ser feita utilizando aparelhos portáteis, mas depende da capacitação do veterinário responsável. Seu uso auxilia na detecção precoce da DRB e principalmente da sua manifestação subclínica.

4. Tratamento:

A resolução do quadro clínico da DRB consiste no uso de antimicrobianos e drogas anti-inflamatórias. Os antimicrobianos não podem ser escolhidos de maneira aleatória. Deve ser levado em consideração os agentes infecciosos responsáveis pelo quadro clínico, histórico da propriedade e cronicidade da doença. A identificação do agente etiológico é essencial para a escolha correta do antimicrobiano e tratamento em casos clínicos futuros no mesmo local. Antes da realização dos exames microbiológicos a terapia com antimicrobianos de amplo espectro já pode ser iniciada, preferencialmente pela via parenteral (GOMES et al., 2021).  

Os anti-inflamatórios são indicados pois grande parte dos sinais clínicos ocorrem devido à inflamação do trato respiratório. O tratamento específico com corticosteroides é contraindicado, uma vez que apresentam efeitos imunossupressores comprovadamente. Sendo assim, o recomendado nestes casos seria a administração de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), que contribuem com a redução da inflamação, além de possuírem ações antipirética e analgésica (Cusack; Mcmeniman & Lean, 2003). A resposta à terapia deve ocorrer dentro de 12 a 24 horas, sendo visualizada através do declínio da temperatura retal, ingestão de água e alimentos normalmente (FRANCOZ et al., 2012).

Como solução para diminuir as perdas associadas à Doença Respiratória Bovina, a Boehringer Ingelheim oferece aos seus clientes produtos anti-inflamatórios. O Metacam® é um AINE da classe dos oxicams (meloxicam), que atua inibindo a síntese de prostaglandina, exercendo, assim, os efeitos anti-inflamatórios, antiexsudativo, analgésico e antipirético. Ele reduz a infiltração de leucócitos no tecido respiratório inflamado auxiliando na melhora clínica da doença respiratória com somente uma única dose.  

Além do tratamento propriamente dito dos animais, é importante considerar os fatores que impulsionam o desenvolvimento da doença e focar na implementação de programas de biosseguridade na propriedade, visando prevenir o desenvolvimento da DRB e limitar as perdas associadas.

 

Boehringer Ingelheim:

A Boehringer Ingelheim é a maior empresa farmacêutica de capital fechado do mundo. Estamos entre as 20 maiores empresas farmacêuticas, líderes em pesquisa e desenvolvimento. Há mais de 130 anos, mantemos o compromisso com pesquisa, desenvolvimento, fabricação e comercialização de novos medicamentos com alto valor terapêutico para a saúde humana e animal. Com sede em Ingelheim, na Alemanha, a companhia opera globalmente com 176 afiliadas e conta com mais de 50.000 funcionários. Estabelecida há mais de 60 anos no Brasil, a Boehringer Ingelheim possui escritório em São Paulo, uma unidade de produção para saúde animal em Paulínia, além de equipes comerciais com presença nacional. Nosso vasto portfólio de produtos traz inovação para os cuidados com a saúde humana e animal.

 

Fontes:

BOWLAND, Sandi L.; SHEWEN, Patricia E. Bovine respiratory disease: commercial vaccines currently available in Canada. The Canadian Veterinary Journal, v. 41, n. 1, p. 33, 2000.

BUCZINSKI, S. et al. Comparison of thoracic auscultation, clinical score, and ultrasonography as indicators of bovine respiratory disease in preweaned dairy calves. Journal of veterinary internal medicine, v. 28, n. 1, p. 234-242, 2014.

CALLAN, Robert J.; GARRY, Franklyn B. Biosecurity and bovine respiratory disease. Veterinary Clinics: Food Animal Practice, v. 18, n. 1, p. 57-77, 2002.

CUSACK, P. M. V.; MCMENIMAN, N.; LEAN, I. J. The medicine and epidemiology of bovine respiratory disease in feedlots. Australian Veterinary Journal, v. 81, n. 8, p. 480-487, 2003.

DONOVAN, G. Arthur et al. Calf and disease factors affecting growth in female Holstein calves in Florida, USA. Preventive veterinary medicine, v. 33, n. 1-4, p. 1-10, 1998.

ELLIS, John A. The immunology of the bovine respiratory disease complex. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 17, n. 3, p. 535-550, 2001.

FRANCOZ, D. et al. Evidence related to the use of ancillary drugs in bovine respiratory disease (antiinflammatory and others): Are they justified or not? Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice,v.28,n.1,p.23-38,2012.

GERSHWIN, Laurel J. et al. Single pathogen challenge with agents of the bovine respiratory disease complex. PloS one, v. 10, n. 11, p. e0142479, 2015.

GONÇALVES, R. C. (2009). O Sistema Respiratório na Sanidade de Bezerros. Ciência Animal Brasileira, 1.

GOMES, Viviani et al. Doenças na fase de aleitamento e práticas de manejo sanitário na criação de bezerra. Revista Brasileira de Buiatria, v. 1, n. 2, p. 27-62, 2021.

GORDEN, P. J.; PLUMMER, P. Control, Management, and Prevention of Bovine Respiratory Disease in Dairy Calves and Cows. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 26, n. 2, p. 243–259, 1 jul. 2010.

GUEZ, V. 2017. Disponível em: https://www.paysanbreton.fr/2017/11/les-bovins-sont-des-insuffisantsrespiratórios/

LERUSTE, H. et al. The relationship between clinical signs of respiratory system disorders and lung lesions at slaughter in veal calves. Preventive Veterinary Medicine, v. 105, n. 1-2, p. 93-100, 2012.

McGUIRK, S.M. Disease management of dairy calves and heifers. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice,v.24,p.139-153,2008

SISCHO, William M. et al. Economics of disease occurrence and prevention on California dairy farms: a report and evaluation of data collected for the national animal health monitoring system, 1986–87. Preventive Veterinary Medicine, v. 8, n. 2-3, p. 141-156, 1990.

WALTNER-TOEWS, D.; MARTIN, S. W.; MEEK, A. H. The effect of early calfhood health status on survivorship and age at first calving. Canadian Journal of Veterinary Research, v. 50, n. 3, p. 314, 1986.

 

 

 

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