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Quando utilizar o ancinho durante o processo de fenação?

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 06/07/2004

6 MIN DE LEITURA

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Por Thiago Fernandes Bernardes1 e Ricardo Andrade Reis1

A fenação consiste, basicamente da seqüência de operações com as quais se promove a remoção da umidade da forragem de valores próximos a 80% para aqueles na faixa de 15 a 20%, permitindo assim o armazenamento do feno com segurança e baixos riscos de perdas. Após o corte, a planta contém de 70 a 80% de umidade, isto é 2,3 a 5,6 partes de água para cada parte de MS. Quando a forragem é cortada e espalhada no campo para secar, a perda de umidade é intensa nas plantas ainda vivas. Ao ocorrer a separação da parte aérea da planta (caule e folhas) das raízes, a umidade perdida não é reposta e então inicia emurchecimento.

Uma vez transformada em vapor, a água se move da planta para o ambiente, seguindo o princípio da difusão da umidade. A difusão é controlada pelo gradiente de pressão de vapor entre a superfície do vegetal e o ambiente, sendo influenciada, principalmente pela temperatura, e a seguir pelo teor de água da planta. A curva de secagem das plantas forrageiras apresenta formato tipicamente exponencial (Figura 1), de tal forma que cada unidade adicional de perda de água, requer maior tempo. Embora o padrão de perda de água em condições constantes de ambiente seja uniforme, o período de secagem pode ser convenientemente dividido em duas ou três fases, as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência a desidratação (MacDonald & Clarck, 1987).

 


Figura 1. Curva de secagem de plantas forrageiras em condições ambientais uniformes.

Etapas da secagem

A primeira etapa de secagem é rápida e envolve intensa perda de água, durante a qual os estômatos permanecem abertos, e o déficit da pressão de vapor entre a forragem e o ar é alto. A perda de água pode chegar a 1 g/g de MS/hora. Durante o processo de secagem, quando a forragem é enleirada, a progressiva perda de água e o sombreamento, promovem o fechamento dos estômatos, resultando em aumento na resistência à desidratação. Embora, os estômatos se fechem em aproximadamente 1 hora após o corte, ou quando as plantas possuem de 65 a 70% de umidade, de 20 a 30% do total de água é perdido nesta primeira fase da secagem (MacDonald & Clarck, 1987).

Numa segunda fase de secagem, após o fechamento dos estômatos, a perda de água acontece via evaporação cuticular. Assim, a estrutura das folhas, as características da cutícula e a estrutura da planta afetam a duração desta fase de secagem. A resistência cuticular e a da camada limítrofe do tecido vegetal com o ambiente, tornam-se as principais barreiras a perda de água. Após o fechamento dos estômatos, 70 a 80% da água deverá ser perdida via cutícula, cuja função é de prevenir a perda de compostos da planta pôr lixiviação, de proteção contra a abrasão e dos efeitos da geada e da radiação.

Na fase final de secagem, ou seja na terceira etapa, em função da plasmólise, a membrana celular perde a sua permeabilidade seletiva, ocorrendo rápida perda de água. A fase final da secagem, se inicia quando a umidade da planta atinge cerca de 45%, sendo menos influenciada pelo manejo e mais sensível às condições climáticas do que as anteriores, principalmente à umidade relativa do ar.

Manuseio da forragem no campo

O propósito dos tratamentos mecânicos é acelerar a taxa de secagem aumentando a quantidade de energia solar e de vento que atingem a superfície da forragem cortada, promovendo a remoção da umidade. A colheita da forragem com valor nutritivo adequado, ou seja com elevada proporção de folhas tenras, resulta em leiras mais pesadas do que aquelas de plantas que possuem maior percentagem de caules, desta forma, apresentam maior dificuldade para circulação de ar, aumentando a resistência à perda de água.

A altura de corte influencia a porção de caule remanescente, determinando a intensidade do contato da forragem com o solo, influenciando a circulação de ar na base da leira. As leiras produzidas pela maioria das segadeiras são compactas e altas, e considerando que a resistência da leira, na fase inicial de secagem é o principal fator que limita a perda de água, a taxa de desidratação pode ser aumentada após o uso dos ancinhos. Assim, a perda de água na segunda fase de secagem pode ainda ser rápida, se esforços forem feitos para reduzir a compactação da leira com viragens e revolvimento.

Assim, na fase inicial da secagem, quanto os fatores inerentes à planta não são limitantes para a secagem, a porção interna da leira apresenta ambiente desfavorável a secagem. Com o processo de secagem, ambos, o suprimento de energia e o gradiente de umidade dentro da leira aumentam, uma vez que ocorre redução na densidade da leira permitindo maior penetração de radiação solar e também circulação de ar.

Este fato tem três implicações:
- Aumento da temperatura;
- Redução da resistência da planta a perda de água;
- Redução da umidade dentro da leira, resultando em incremento no gradiente de vapor d´água entre o ambiente e a planta.

O uso freqüente de ancinhos pode ser mais eficiente quando o conteúdo de água da leira varia de 66 a 50%. Durante esta fase, a forragem na superfície seca rapidamente, enquanto dentro da leira a desidratação é lenta. Assim, cada movimentação da leira proporciona condições apropriadas para a secagem. Além disto, com a forragem tornando-se mais leve devido a perda de água, uma nova ação do ancinho propicia leiras mais abertas, com menor resistência a perda de água.

Com o conteúdo de água abaixo de 50% a leira entra em um estágio onde o uso do ancinho não é tão eficiente. Tal fato, ocorre pois nessa fase a taxa de secagem é mais influenciada pela resistência da planta do que pela estrutura da leira. Nessa fase a umidade de equilíbrio entre o ambiente e a planta assume grande importância no processo. Quando a umidade da forragem é de 28%, a umidade de equilíbrio atinge 85%, e assim a cultura não secará mais se a UR próxima ou dentro da leira for maior que este valor.

No processo de secagem da forragem no campo, o topo da leira se desidrata primeiro do que a base. Desta forma, a manipulação da leira pode acelerar e uniformizar a secagem, através do revolvimento da forragem mais úmida colocando-a na camada superior, onde ocorre a secagem mais rápida e também do espalhamento, aumentando a superfície de contato com o ambiente.

O uso de ancinhos para promover a inversão das leiras não se aplica em leguminosas, contudo, são benéficos, após chuvas, ou quando as condições de secagem são inadequadas. A ação mais intensa dos ancinhos é desejável na fase inicial da secagem, quando a forragem é úmida e ocorre pouco efeito da movimentação sobre a perda de folhas, notadamente em leguminosas.

Quando os ancinhos são usados adequadamente, o tempo de secagem pode ser reduzido em dois dias. Comparando a forragem que permanece no campo em leiras mais espessas, MacDonald & Clarck (1987), observaram taxas de perda de água, na segunda fase, variando de 0,5 para 1%/hora em forragem não virada, aumentando para 2%/hora em área submetida a ação de ancinhos, e de 3%/hora em forragem que sofreu condicionamento e foi virada com ancinho.

Bibliografia Consultada

MACDONALD, A.D., CLARCK, E.A. Water and quality loss during field drying of hay. Advance in Agronomy. v. 41, p. 407-437, 1987.

___________________________
1Thiago Fernandes Bernardes e Ricardo Andrade Reis, Departamento de Zootecnia - FCAV/UNESP-Jaboticabal

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