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A cultura do girassol para produção de silagens - Parte ½ - Características agronômicas

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 24/11/2000

6 MIN DE LEITURA

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João José Assumpção de Abreu Demarchi

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma planta originária do continente norte-americano, pertencente à família das Compostas. Possui raiz pivotante profunda, que atinge cerca de 2 metros ou mais de profundidade e ciclo vegetativo médio de 120 a 130 dias. Foi introduzido na América do Sul no século 19, inicialmente na Argentina, atualmente o maior produtor dessa oleaginosa, e posteriormente no Brasil. Nas décadas de 60 e 70 foram feitas tentativas para introduzir comercialmente a cultura do girassol no Brasil, para produção de óleo, entretanto o insucesso ocorreu por falta de tecnologia, por preços desestimulantes e por causa de pragas e doenças. À partir de pesquisas do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), da EMBRAPA e de algumas universidades, pode-se afirmar que o país possui hoje tecnologia para produção dessa cultura.

Comercialmente os agricultores do Mato Grosso, de Goiás e do Mato Grosso do Sul começam a acreditar com maior convicção no potencial do girassol em suas terras. A cada safra que passa, ninguém tem dúvidas em aumentar a área plantada e que mais um vizinho se vê atraído pela simpática planta, que transforma grandes extensões de lavouras em belos jardins. Por trás de seu amarelo forte, que reluz como ouro, está uma cultura que na safra de 1999 girou ao redor de 80 mil hectares segundo alguns autores, num verdadeiro salto se comparado às safras anteriores, que ficaram na faixa dos 22 mil hectares, área ínfima quando comparada à área plantada com milho (aproximadamente 1%). A área plantada em 1998 era aproximadamente 10 mil hectares. O que se pode afirmar com certeza, afora a área exata plantada, é que tem havido um aumento considerável no interesse por essa cultura. Contudo, parece haver dificuldades em se determinar exatamente a área plantada.

A fantástica expansão pode ser creditada ao grande interesse da indústria, que transforma a semente dotada de um alto teor de óleo de altíssima qualidade. Reconhecido mundialmente como um produto nobre para a nutrição humana, ele tem em sua composição uma elevada concentração de ácidos insaturados que proporcionam um efeito redutor nas taxas de colesterol, contribuindo para a prevenção de doenças cardiovasculares. Por isso é chamado de óleo bom. Três segmentos direcionam a produção: 90% é voltado à indústria esmagadora; 5% da semente serve como alimentação de pássaros; e o restante empregado como silagem para bovinos de corte e de leite. A produção de grãos varia de 300 a 3.000 quilos por hectare, com média de 1.500 quilos. O resíduo do esmagamento do óleo, a torta de girassol, é um excelente ingrediente de rações para animais (aves de postura e de corte, suínos, bovinos de leite e de corte).

Na safra normal (primavera-verão) pode chegar a atingir mais de 70 toneladas / hectare de matéria verde na produção de silagem e na safrinha, de 20 a 40 toneladas / hectare. É uma cultura alternativa ao milho na produção de silagem na safrinha, pois possui maior tolerância às deficiências hídricas e ao frio. Por isso é uma excelente opção para os agricultores que produzem silagem na segunda safra, quando as condições climáticas são mais adversas. Na região central do Brasil pode ser semeado logo após a cultura da soja, do milho, do sorgo ou do arroz, as quais se estendem até o final do ano e início de janeiro. Além disso a silagem de girassol apresenta teor de proteína superior ao do milho (aproximadamente 30%), sendo também, em média, 20 a 30 dias mais precoce. A cultura do girassol para produção de silagem na safrinha não exige grandes investimentos em insumos, porém responde bem à utilização destes, pois o girassol aproveita bem os resíduos da adubação da cultura anterior e tem boa capacidade para suportar a competição com o mato. A calagem é indispensável, pois a planta é sensível à acidez do solo. A quantidade de calcário é a recomendada pela análise de solo para elevar o índice de saturação de bases para 70% e pH acima de 5,2. Nesse nível, as raízes se desenvolvem bem, favorecendo o crescimento das plantas, aumenta a resistência à seca, ao acamamento e às doenças; melhora o efeito da adubação e aumenta a produção. Outra boa conseqüência do aumento do pH é a maior disponibilidade de fósforo, cálcio, magnésio e molibdênio para as plantas.

Com base na análise de solos e do histórico da área, recomenda-se aplicar, na adubação, de 40 a 60 quilos por hectare de nitrogênio, de 40 a 80 kg / hectare de P2O5 e de 40 a 80 kg / hectare de K2O . O nitrogênio deve ser aplicado 30% no plantio e o restante em cobertura até 30 dias pós a emergência das plantas. Em áreas novas, recomenda-se também a aplicação de 20 kg / hectare de enxofre, que pode estar sendo suprido se há uso constante de sulfatos. Outro elemento indispensável para o girassol é o boro, cuja aplicação deve ser feita de forma convencional, nunca por via foliar.

É interessante como alternativa em rotação de culturas, já que esta oleaginosa não é hospedeira de pragas e doenças. A produção de milho quando em rotação com o girassol pode ter sua produção aumentada em até 30%. Se houver necessidade de uso de herbicidas, há 3 registrados para a cultura: trifluralin, alchlor e setloxydim. Um outro ponto interessante é a possibilidade de produção de até 20 a 30 kg de mel por hectare através da introdução de colméias nas culturas, o que indiretamente aumenta a produção de grãos pela melhor polinização, já que a sua florada dura de 15 a 30 dias, o que deve ser levado em consideração caso haja necessidade de uso de algum inseticida.

O período de plantio é muito amplo em todo o Brasil, embora a melhor adaptação ocorra em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso ou Minas Gerais. Mesmo assim, no Rio Grande do Sul ou Santa Catarina, por exemplo, a semeadura do girassol é recomendada no final de julho a meados de setembro. Depois de colhido, o agricultor pode entrar com o milho ou o sorgo. No Paraná, a época ideal vai de agosto a setembro, enquanto que em São Paulo o período indicado é fevereiro a março. Recomenda-se que a semeadura não ultrapasse a primeira quinzena de março. Os técnicos não recomendam o plantio no período de safra normal (primavera-verão), pois é anti-econômico e pode ocasionar sérios problemas fitossanitários. O espaçamento entrelinhas poderá variar de 0,70 a 0,90 m (0,7 m se usar plataforma para soja e 0,8 a 0,9 m se for usar plataforma de colheita para o milho), semeando-se de 5 a 7 sementes por metro linear, dependendo do cultivar, procurando-se atingir 45 a 60 mil plantas por hectare. De acordo com o tamanho da semente, gasta-se 4 a 5 kg de sementes por hectare. O custo médio de produção para aproximadamente 2.000 kg por hectare gira ao redor de US$ 105,00.

Comentário do autor: A produção de girassol tem se tornado uma excelente alternativa como cultura para os sistemas de rotação com milho, sorgo, soja e arroz, principalmente para o Estado de São Paulo onde o aumento do uso do plantio direto tem sofrido um grande incremento nos últimos anos, porém extremamente atrasado em relação a outros estados brasileiros. Não deve ser plantado em épocas normais, pois além dos riscos fitossanitários, pode sofrer com o acamamento devido à posição do capítulo na extremidade superior da planta. Mesmo plantado em épocas corretas pode sofrer ataque de maritacas se estas não dispuserem de outras alternativas de alimentos na região, da mesma forma que para o sorgo, fator esse agravado pela perda de áreas com florestas. Outra característica é o efeito alelopático sobre algumas ervas daninhas, reduzindo o consumo de herbicidas, além de por ser utilizado como adubação verde.

 

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fonte: Suplemento Agrícola do Jornal O Estado de São Paulo (artigos de 1997, 1998, 1999 e 2000) e Revista Campo Aberto (Ano XIII, n. 57, julho / 99).

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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