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Fazendas 4.0, Lagoa Dourada: "optamos pelo robô já que com ele, as vacas têm uma vida mais livre"

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

EM 02/05/2019

8 MIN DE LEITURA

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Aplicativos, softwares, robôs, drones, inteligência artificial no campo... quem achava que esses termos estavam muito distantes da realidade do produtor de leite brasileiro, se enganou. Ferramentas que contribuem com a leiteria surgem a todo momento, o que gera perspectivas para melhor produtividade animal e consequente expansão da produção de leite. Sendo assim, o MilkPoint está lançando hoje o Especial Fazendas 4.0, estreando com a Fazenda Lagoa Dourada, em Arapoti/PR.

Fazenda Lagoa Dourada - produção de leite

Como Nico Biersteker e sua esposa Ellen iniciaram no leite?

Foram dois anos de extenso planejamento, estudos e construção para que tudo estivesse pronto para a recepção dos animais. A Lagoa Dourada, que possui 100 hectares para a produção de alimentos e 23 hectares de pastos e instalações, iniciou a produção de leite em abril de 2016. Chegavam duas cargas de animais da raça Jersey por dia diretamente da chácara do pai do Nico até completar o primeiro módulo de 130 animais. Alguns meses depois foram adquiridos mais dois plantéis de qualidade da região. Estes foram alocados no segundo módulo e hoje trabalha-se para que o terceiro módulo fique completo com gado produzido na própria fazenda. Nico é agrimensor e Ellen é administradora de empresas. Ambos não tinham experiência no setor leiteiro, mas Nico tinha alguma convivência pelo fato do pai possuir uma leiteria.

Compost barn desde o começo de tudo

O compost barn foi inaugurado já com a chegada das vacas em 2016. “Pensamos que seria mais inteligente fazer um composto e - se este não desse certo - continuaríamos a construção e transformaríamos a instalação em um free stall. Ao nosso ver, seria mais fácil assim que do ocorrer a situação contraria: a de não nos adaptarmos ao free stall e ter de ‘quebrar’ a construção para ir para o compost barn. O projeto foi todo desenhado de uma maneira que a migração para o free stall seja possível sem que ‘gambiarras’ sejam feitas. Mas essa não é a ideia. Por enquanto estamos felizes com o composto”, disso Nico, em entrevista exclusiva ao MilkPoint.

Segundo ele, a opção pelo compost foi porque em primeiro lugar o sistema proporciona maior conforto aos animais, que além de deitarem mais confortavelmente, também podem expressar melhores comportamentos naturais como cio e socialização em grupo. Em segundo lugar porque reduz muito a necessidade de tratamento de dejetos já que uma grande parte permanece no barracão. Além disso o manejo dessa cama é feito de forma mecanizada ao invés da limpeza de cada cama de forma manual.

“É verdade que o risco de um composto não dar certo é maior do que a do free stall dar errado em caso do administrador ser desleixado. Porém, se for bem trabalhado, as vantagens que enxergamos superam esse risco. O que é preciso ter em mente é que é necessário revirar essa cama duas vezes ao dia 365 dias por ano independente de ser final de semana ou feriado ou qualquer outra ‘desculpa’. Também não é indicado fazer esse tipo de instalação em locais com umidade relativa do ar extremamente alta. Além disso, alternar o uso da enxada rotativa com o escarificador é uma boa estratégia de manejo”, acrescentou.

Para o produtor, a maior vantagem é o incremento do volume de leite produzido pelas vacas, mas, há outros benefícios secundários, como a melhora nos índices de reprodução e o escore de locomoção

Atualmente a fazenda produz 9 mil kg/leite/dia com uma média por cabeça de 26,5 kg/dia.

O uso de robôs na Lagoa Dourada

Além de trabalhar com compost, a Lagoa Dourada utiliza a ordenha robotizada para ordenhar as vacas em lactação. Para Biersteker, a opção pelo robô dá a oportunidade para a vaca ter uma vida mais livre já que é ela quem decide quando será ordenhada, quando vai se alimentar e quando vai descansar.

“Acreditamos que uma vaca feliz e sem estresse produz mais leite o que nos dá satisfação por dois lados: ver a vaca bem e ver o tanque de leite mais cheio. Além disso, o robô nos dá acesso a uma enorme quantidade de dados o que facilita a detecção de doenças, cio e os possíveis gargalos e potenciais. Também, o foco do trabalho se concentra em horário comercial, dando aos colaboradores vantagem e conforto em detrimento ao trabalho em fazendas sem esta tecnologia”, explicou.   

Valquiria Martins Carvalho, médica veterinária e Farm Management Support da Lely Latin America, acrescentou que na Lagoa Dourada se nota claramente como as ferramentas disponibilizadas pelos 6 robôs podem trazer muitos outros benefícios em diversas áreas importantes da produção leiteira.

“Junto o casal define as metas do negócio bem como os indicadores de monitoramento de desempenho das diferentes áreas. As metas e resultados são compartilhadas com a equipe de funcionários que é composta por 6 pessoas, onde apenas 2 delas são responsáveis pelo manejo das vacas em lactação e outras tarefas relativas ao robô, enquanto os outros funcionários trabalham nos demais setores da fazenda, como a alimentação, cria e recria de bezerras, manutenção e mecanização. O ambiente de trabalho é benéfico para todos os envolvidos e quem mais se beneficia disso são as vacas. A calma e tranquilidade que encontramos na fazenda não é o que normalmente vemos em fazendas ao redor de 400 vacas em lactação”.

Sobre os robôs, Valquiria pontuou que Nico é sempre enfático em dizer que é uma ótima ferramenta, porém o produtor precisa utilizar suas funcionalidades a seu favor para que as vacas que requerem atenção ou algum manejo estejam na área de separação no dia e horários adequados, otimizando o tempo de trabalho do funcionário. Os dados gerados pelo sensor e atividade, em conjunto com os demais manejos adotados na fazenda, permitem o alcance de excelentes índices reprodutivos.

robôs e a ordenha leiteira

A sensibilidade dos sensores é grande, frequentemente a detecção das alterações é realizada antes mesmo do animal apresentar sinais clínicos evidentes, permitindo que o produtor o monitore e realize intervenções de modo rápido. A tecnologia utiliza a combinação destes parâmetros com algoritmos que geram ao produtor um número que varia de 0 a 100 e indica a probabilidade de o animal estar realmente doente.

“Na Fazenda Lagoa Dourada, essas informações são bem trabalhadas, duas vezes ao dia os funcionários consultam os relatórios de saúde para selecionar quais animais serão separados pelo robô para que eles possam realizar um exame físico detalhado e confirmar se o animal está doente e se será necessário realizar algum tratamento. Nico frequentemente nos relata que - no que diz respeito a mastite - os sensores auxiliam muito na identificação precoce em conjunto com a redução do uso de antibióticos, pois muitas vezes apenas o uso de anti-inflamatórios auxilia na remissão dos sinais clínicos, completou Valquiria.

Fazenda Lagoa Dourada - produção de leite

E o uso das tecnologias não se restringe apenas ao robô. A fazenda não abre mão de:

  • Carreta de trato horizontal, que faz uma mistura mais homogênea permitindo que a dieta prescrita pelo nutricionista fique mais perto daquela dieta fornecida no cocho;
  • Coçadores (escovas): melhora o bem-estar nos animais;
  • Alimentador automático para bezerras: simula uma vaca eletrônica, ou seja, imita-se um comportamento mais natural no qual a bezerra mama quando quer;
  • Agricultura eficiente:  uso de rotação de culturas para prevenção de certas doenças e facilidade no combate de ervas daninhas. Consequentemente, há um aumento de produção e diminuição no custo;
  • Genoma dos animais: o mapeamento genético identifica os melhores animais permitindo alavancar o melhoramento genético.  

bem-estar animal na Fazenda Lagoa Dourada

Quando questionado sobre a possível redução da mão de obra com o uso das tecnologias, Nico disse que o número de colaboradores não se alterou muito, mas sim, as horas de trabalho, horas extras e o nítido maior conforto aos colaboradores e animais. 

“O treinamento para as novas tecnologias é bem tranquilo já que hoje a maioria das pessoas é familiarizada com o celular, o que facilita no momento de ensinar a mexer nas funcionalidades do robô. Na verdade, é algo bastante intuitivo.  Também não posso deixar de citar que tivemos uma melhora na reprodução dos animais e cada cabeça do rebanho é analisada individualmente, pois optamos por uma pecuária de precisão”.

Onde a Lagoa Dourada quer chegar

A propriedade de Arapoti almeja alcançar 400 animais em lactação com uma produção média de 28 litros por animal dia. Um grande desafio apontado é a retenção de colaboradores.

“Acho muito desgastante ensinar, treinar e investir em um colaborador e este depois ir aplicar os conhecimentos em outra propriedade. Como a nossa área fica longe da cidade temos um desafio por este motivo já que hoje são poucos os que querem morar longe da vida urbana.  Outro desafio hoje é que ainda não pudemos fazer uma seleção de animais que seja bem adequada ao robô.  A partir do momento que houver sobra de animais, poderá ser feito uma seleção de forma a tornar o sistema mais eficiente. E por último, não posso deixar de citar a pouca experiência no negócio, já que ocorrem muitos ‘pepinos’ que nunca tínhamos resolvido antes e, portanto, não temos base anterior para apoiar as nossas decisões. Ou seja, estamos vivendo cada dia e aprendendo coisas novas sempre”, concluiu.   

A Fazenda Lagoa Dourada, realmente é um exemplo de que a tecnologia da ordenha em sistema robotizado proporciona muito mais do que somente não precisar ordenhar os animais, porém o potencial de aproveitamento de todas as ferramentas embutidas na tecnologia depende de decisão e ação do produtor e do modo como ele escolhe gerenciar sua atividade.

Fazenda Lagoa Dourada - produção de leite

Esta matéria contou com o oferecimento da Lely 

Se interessou pela história e visão de futuro da Lagoa Dourada? A sua fazenda também é adepta das tecnologias ou você conhece alguma propriedade que é? Continuamos em busca de histórias que - por meio de alguma tecnologia - transformaram a sua produção de leite, melhoraram algum processo, otimizaram a gestão, reduziram os custos, entre outros. Participe conosco por meio do formulário abaixo:

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

Zootecnista pela FMVZ/UNESP de Botucatu.

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RODRIGUES ALVES DA SILVA

CACOAL - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2021

Quero montar um plantel de vacas Jersey aqui em Rondônia ,vocês vendem vacas de 2 e 3 cria que produzem. Em média 20 litros por dia se você puder me dar uma resposta eu agradeço
ANDREW JONES

CANOAS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/05/2019

Parabéns Nico e Ellen vocês dão o exemplo na nova pecuária leiteira que está surgindo no Brasil, tudo muito bem planejado e profissionalmente gerenciado....
RAFAEL BORILLE

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 05/05/2019

Estive olhando alguns robôs, cheguei a conclusão de que o investimento não retorna comercializando leite no mercado tradicional, por conta do preço do equipamento. Interessante a colocação do Wellington sobre a produção de material que trate sobre a viabilidade desses equipamentos na propriedade.
WELLINGTON UZELOTO

EM 02/05/2019

Parabéns pela tecnologia investir em robotização,sistemas gerenciais, maquinas e plataformas digitais conjugado com um bom manejo dieta e bem estar é o caminho do sucesso produtivo e consequentemente terá uma boa gestão indo direto na causa e não agindo no sentimento.
Em relação a mão de obra qualificada para o setor esta ficando cada vez mais escassa tendo em vista que vivemos em um pais onde a falta de preparo e interesse das pessoas estão cada vez maior.
Gostaria de salientar que realmente esse é o caminho muito satisfatório vossos métodos de trabalho fazenda Lagoa Dourada, porém nem todos produtores brasileiros conseguem ter acessibilidade a esses recursos devido a dificuldades financeiras e a baixa valorização comercial que vive nosso setor.
Equipe MilkPoint se possível elaborar uma matéria com os custos com robotização.
ELLEN SALOMONS

EM 03/05/2019

Concordo com sua colocação Wellington. Realmente e infelizmente o nosso setor não é valorizado como deveria. Se a quantidade de processos e o risco envolvido no negócio fossem medidos deveríamos ganhar muito mais. Referente ao acesso a essas tecnologias.... Realmente não são todos que vão aderir por inumeras razões que podem ser tanto financeiras como também pelo modelo de negócio ter sido desenhado de forma diferente. Porém o mais importante não é a forma de ordenha utilizada ou outras tecnologias e sim o capricho no manejo. O que mais se vê são coisas simples que não estão sendo bem feitas e que acabam por destruir os resultado final.
VIVIAN NOTHEN

COQUEIROS DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/05/2019

Conheci a fazenda parabéns Ellen e muito sucesso estar aí foi muito importante pra nós foi uma inspiração para nossa fazenda
ELLEN SALOMONS

EM 03/05/2019

Muito obrigada Vivian! É muito gostoso ouvir isso :)
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/05/2019

Parabéns aos envolvidos
São bem dizer vizinhos .
Muito bom Nico e Elen
Abraço
ELLEN SALOMONS

EM 03/05/2019

Obrigado vizinho! Foi muito importante a visita que fizemos aí quando estávamos ainda na fase de planejamento! Se lembra?
BRUNO VICENTINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/05/2019

Sensacional! Como uma visão de negócio, associada a uma boa capacidade de investimento, podem construir um belo empreendimento! Parabéns aos envolvidos!
ELLEN SALOMONS

EM 03/05/2019

Obrigada :) agora bora trabalhar e não deixar a peteca cair. Sempre em busca de melhorar os resultados! E isto conseguimos somente graças a uma ampla rede de apoio com técnicos, veterinários, funcionarios, família e por aí vai.... Somos extremamente gratos as pessoas que entraram em nossa vida com o leite!!
EM RESPOSTA A ELLEN SALOMONS
SABRINA CINTI

PALOTINA - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 05/09/2019

Vi hoje um vídeo sobre a fazenda e fiquei interessada em conhecer mais, sei que o vídeo não é atual, mas gostaria de saber se vocês disponibilizam estágio, se tem algum meio para eu entrar em contato. Curso medicina veterinária na UFPR.

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