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Compost Barn para vacas leiteiras: o que as pesquisas nos mostram?

POR GUSTAVO FREU

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 13/06/2023

4 MIN DE LEITURA

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O sistema Compost barn (CB) é uma estrutura aberta, sem repartições, onde as vacas leiteiras têm livre acesso às áreas de cama e de alimentação. Nesse sistema, a cama permanece em constante atividade de compostagem e por isso o uso de substrato orgânico (e.g., serragem, maravalha) é fundamental.

Confinamentos CB são relativamente novos, mas cresceram muito pela capacidade em promover conforto às vacas. No entanto, apesar dos benefícios, o sistema CB pode apresentar maior risco de ocorrência de mastite, quando mal manejado.

Situações de manejo deficiente da cama podem contribuir para características de compostagem indesejáveis (e.g., alto teor de umidade e áreas compactadas), o que aumenta as chances das vacas em desenvolverem mastite. Em camas com umidade excessiva o material pode aderir com mais facilidade na glândula mamária, e dessa forma aumentar o risco de ocorrência de mastite, especialmente causada por coliformes e estreptococos ambientais.

Os resultados de estudos de campo podem auxiliar produtores e técnicos que buscam estratégias para manejo da cama e controle de mastite em rebanhos confinados em CB. Nesse sentido, estudo recente da equipe do Qualileite-FMVZ-USP avaliou a frequência e o perfil de patógenos causadores de mastite em vacas leiteiras e a associação entre a ocorrência de mastite e características do material de cama em sistemas CB.

Para isso, sete rebanhos leiteiros foram visitados mensalmente, por seis meses, para coleta de amostras de leite (casos de mastite clínica e subclínica) e cama. As amostras de leite foram analisadas por espectrometria de massas (MALDI-TOF MS) para identificação dos agentes causadores de mastite. Já, as amostras da cama foram submetidas a análises físico-químicas (pH, matéria orgânica, umidade e relação carbono:nitrogênio [C:N]) e microbiológicas (contagem bacteriana total, coliformes, estreptococos e estafilococos).

Os resultados do estudo mostraram que de um total de 272 casos de mastite clínica, Escherichia coli (12,5%) e estreptococos ambientais (Streptococcus dysgalactiae + Streptococcus uberis; 15,1%) foram os patógenos mais frequentemente isolados (Figura 1).

Por outro lado, Staphylococcus chromogenes (24,9%; n = 389/1563) e patógenos contagiosos (e.g., Streptococcus agalactiae + Staphylococcus aureus; 9,5%, n = 148/1563) foram os patógenos mais frequentemente isolados dos casos de mastite subclínica (Figura 2).

Isso sugere que os procedimentos de preparo das vacas antes da ordenha e o manejo da cama são fundamentais para reduzir a exposição das vacas à mastite ambiental. Além disso, os resultados mostraram que as fazendas leiteiras estudadas Brasil ainda enfrentam problemas com patógenos contagiosos. Neste caso, reforça-se a importância da biosseguridade dos rebanhos, desinfecção de tetos pré- e pós-ordenha e redução do número de reservatórios de infecção (por exemplo, tratamento estratégico e descarte) para controle de patógenos contagiosos.

Figura 1. Frequência de patógenos isolados de casos de mastite clínica (n = 272) em sete rebanhos confinados em sistema CB. *Outros = patógenos Gram-positivos, Gram-negativos e leveduras agrupados devido à baixa frequência de isolamento.

patogenos mastite

Figura 2. Frequência de patógenos isolados de casos de mastite subclínica (n = 1563) em rebanhos confinados em sistema CB. *Outros = *Outros = patógenos Gram-positivos, Gram-negativos e leveduras agrupados devido à baixa frequência de isolamento.

patogenos mastite

O teor de umidade da cama foi positivamente associado com a incidência de mastite clínica geral e mastite clínica causada por patógenos ambientais. Isso significa que quando o teor de umidade da cama aumenta, a incidência de mastite clínica também aumenta. A umidade da cama é uma das características mais difíceis de controlar em sistemas CB porque pode ser influenciada pelo manejo da cama e pelas condições climáticas.

Materiais de cama úmidos podem sujar o úbere das vacas, e consequentemente, aumentar o risco de mastite por patógenos ambientais. Portanto, o manejo da cama é fundamental para estimular a compostagem do sistema e manter a higiene das vacas. Nesse caso, manter a superfície seca para vacas leiteiras reduz a incidência de mastite clínica.

A relação C:N da cama foi negativamente associada com a incidência de mastite subclínica. Sabe-se que carbono e nitrogênio são nutrientes requeridos pelos microrganismos durante o processo de compostagem. A relação C/N do estudo (17,6 ± 7,8) foi suficiente para a atividade microbiana no sistema, mas não o suficiente para otimizar o processo de compostagem a ponto de atingir altas temperaturas para a eliminação dos patógenos (por exemplo, > 54 C).

A contagem bacteriana total da cama tendeu a ser associada positivamente com a incidência de mastite subclínica. Isso significa que o aumento da contagem bacteriana total do material de cama pode aumentar a incidência de mastite subclínica. A maioria das bactérias causadoras de mastite pode sobreviver em sistemas CB porque crescem em condições semelhantes aos microrganismos da compostagem.

Nesse sentido, eliminar as bactérias causadoras de mastite em um ambiente de compostagem é um grande desafio. Portanto, excelentes procedimentos de preparo da vaca no momento da ordenha e bom manejo da cama são essenciais para reduzir a contaminação dos tetos e o risco de mastite em vacas alojadas em sistemas CB.

Portanto, os resultados do estudo mostraram que as características da cama (e.g., umidade, relação C/N e carga microbiológica) estão associadas à ocorrência de mastite. Nesse sentido, fornecer uma superfície seca para vacas leiteiras e um bom manejo de ordenha pode reduzir a incidência de mastite em rebanhos confinados em CB.
 

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FREU, G. et al. Pathogens, 2023. (artigo completo disponível em https://www.mdpi.com/2076-0817/12/4/583).

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/06/2023

Prezado Guilherme, a cama do sistema de composto necessita de matéria orgânica para compostagem, assim, não é possível o uso de areia no sistema de composto, atenciosamente, Marcos Veiga
GUILHERME KNOPP

SÃO LOURENÇO DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/06/2023

Cama de areia para o compôst, funciona?

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