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Efeitos da secagem sobre o bem estar da vaca leiteira

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E BRUNA GOMES ALVES

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 19/01/2016

4 MIN DE LEITURA

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Por Bruna Gomes Alves* e Marcos Veiga dos Santos

A secagem é uma necessidade fisiológica da vaca leiteira, que inicia-se com a interrupção das ordenhas e da produção de leite para preparar a glândula mamária para a lactação seguinte. O foco de estudos nesta área tem sido baseado nas estratégias de secagem, duração do período seco, manejo nutricional dentro do período seco, e por fim como esse manejo afeta a lactação subsequente. Entretanto, ainda existem poucos estudos sobre os efeitos da secagem sobre o bem estar da vaca.

Os conceitos de bem estar animal vão além das condições de saúde da vaca. Os pesquisadores sugerem que para garantir um estado de bem estar é necessário ter três componentes em equilíbrio: as funções biológicas de cada animal, o comportamento afetivo que o animal expressa e a naturalidade com que esse comportamento é demonstrado. Nesse contexto, práticas de manejo com a secagem podem interferir nestes três componentes.

Funções biológicas e saúde

A involução da glândula mamária e os processos celulares envolvidos durante a secagem são conhecidos como apoptose, que é uma forma de morte celular programada. Este processo ocorre de forma gradual, a partir do pico de produção de leite, podendo estar relacionado à idade do animal, capacidade de produção de leite; ou ainda de forma abrupta, no momento da secagem.

Além das pesquisas em nível celular, que indicam a necessidade de renovação celular da glândula mamária durante a secagem, a duração do período seco tem sido estudada, buscando-se otimizar a lactação seguinte. Os períodos mais curtos, que possibilitam um retorno financeiro maior em rebanhos de alta produção podem ser recomendados, quando não há comprometimento da função celular e secretória.

Finalmente, no quesito saúde da glândula mamária, a maioria das pesquisas enfoca o uso da secagem e período seco como estratégia de prevenção e tratamento das mastite causada por patógenos contagiosos e ambientais. As perdas econômicas decorrentes da mastite aumentam em dois momentos principais do período seco: imediatamente após a secagem e no período peri-parto. Dentre as principais estratégias de controle de mastite durante o período seco destacam-se o uso do tratamento de vaca seca e de selantes de teto, assim como vacinação contra mastite.

Comportamento afetivo

Antes da adoção da terapia de vaca seca, o processo de secagem era feito pela redução da frequência de ordenha. No entanto, com o uso do tratamento de vaca seca, a maioria das vacas pode ser secada de forma abrupta, o que poderia afetar o comportamento social do animal.

Durante a lactação, as dietas são formuladas para maximizar a produção de leite, porém na secagem é necessário reduzir a densidade de energia consumida para reduzir a produção de leite. Isso pode ser feito pela redução de concentrado na dieta, o que pode comprometer o estado metabólico do animal e induzir à fome. As pesquisas indicam que vacas com fome apresentam comportamento negativo, que pode ter um efeito a curto prazo; sendo que os animais adultos podem expressar vocalizações anormais, isolamento e dor.

Dor e desconforto normalmente são termos aliados, entretanto, a Associação Internacional para Estudo da Dor somente reconhece o termo ‘dor’; que comumente está relacionada a uma sensação desagradável com a presença ou não de danos teciduais. Nesse contexto, a secagem abrupta das vacas pode causar dor, seja pela alteração da rotina do animal, seja pelas alterações provocadas no tecido mamário. Algumas pesquisas relacionam o tempo que a vaca permanece deitada como medidas indiretas da dor. Em vacas leiteiras, o menor tempo que as vacas ficam deitadas após a secagem tem sido atribuído ao maior acúmulo de leite e aumento da pressão do úbere causada por leite represado, o que pode indicar um comportamento provocado pelo desconforto.

Da mesma forma que a dor pode ser indiretamente mensurada, o fato de o animal apresentar frustração também pode ser relacionado. Alguns estudos propõem que quando o animal é motivado a conseguir algo, um estímulo positivo se inicia e tem seu ápice no momento que o seu objetivo é alcançado. Da mesma maneira, quando o animal é condicionado a ser ordenhado determinadas vezes no dia e isso não acontece (como no caso da secagem abrupta) esse estímulo positivo não ocorre. Dessa forma, a vaca pode apresentar comportamentos anormais, como por exemplo a espera no portão de entrada na sala de ordenha. Essa espera sugere ser uma resposta à frustração causada tanto pela mudança da rotina do animal, quanto pela dor provocada pelo aumento da pressão intramamária após a secagem.

Comportamento natural

A diminuição da produção de leite antes do período de secagem é uma prática benéfica, pois reduz o desconforto e o risco de novos casos de mastite após a secagem. No entanto, com o progresso genético e o aumento médio da produção de leite por vaca, em alguns rebanhos, uma parcela considerável das vacas tem uma alta produção, mesmo no momento da secagem. Atualmente, uma vaca de alta produção está secando com uma produção correspondente ao que uma vaca de 1975 produzia no seu pico de produção (Figura 1). Dessa forma, é possível afirmar que o ciclo de lactação de 305 dias talvez não seja o mais adequado para vacas em de alta produção.


Figura 1. Exemplo de curvas de lactação para vacas lactantes de 1975 e 2012 (Fonte Zobel, et al., 2015).

Sendo assim, deve-se considerar que o aumento da produção média de leite associado com um processo de secagem abrupta aumentaram os desafios para manter o conforto e bem estar das vacas na secagem. No entanto, um dos principais problemas enfrentados é quantificar com medidas objetivas este estado de bem estar, o que pode ser feito indiretamente pela avaliação da saúde da glândula mamária e pelas alterações de comportamento.

Fonte: ZOBEL, et al. Invited Review: Cessation of lactation: Effects on animal welfare. J. Dairy Sci. v. 98, p.1-15, 2015.

*Mestranda do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Produção Animal, FMVZ-USP.
 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 15/02/2016

Prezado Tiago,

Eu não tenho experiência com este tipo de problema pós-secagem, mas o tratamento realizado é o mais recomendado. Para a prevenção, a recomendação de redução de alimento na secagem seria somente cortar o concentrado e manter o volumoso, para evitar uma restrição muito grande de alimento.

Na minha opinião, o uso de facilitador de secagem seria sim uma ótima opção para evitar estes problemas metabólicos, uma vez que a vaca teria uma redução de produção, independemente da dieta.

atenciosamente, Marcos Veiga
TIAGO LUÍS RHODEN

CERRO LARGO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2016

Professor Marcos, tenho como manejo de secar as vacas cortando a alimentação, das últimas 15 vacas que sequei 3 entraram em cetose, simplesmente dentro de 7 dias após secagem reduziram consumo de alimento, foi medido corpos cetônicos e apresentaram cetose. Foi entrado com glicose 50% durante 2 dias seguidos, estava resolvido o problema. Alguma sugestão, além do facilitador de secagem?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2016

Prezado Valter, na minha opinião, o facilitador de secagem (Velactis) é uma ótima opção para facilitar o manejo de secagem (evita a necessidade de restrição alimentar para reduzir produção de leite antes da secagem), reduz a pressão do úbere após a secagem e melhora o bem estar da vaca, pois reduz o desconforto. Os estudos iniciais também indicam que houve uma redução do risco de novas infecções na secagem em razão da menor pressão do úbere. Sendo assim, considero que o Velactis é uma ótima ferramenta de manejo de secagem.

Atenciosamente, Marcos Veiga
VALTER JOSE VON KRUGER SOBRINHO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/02/2016

Uso de Velatis?Experiencia?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/02/2016

Prezado Abrahão, obrigado pelo comentário. Na minha opinião, entendo que possa existir esta relação entre vacas com lactações longas e maior intervalo entre partos. No entanto, de forma geral é o aumento do período de serviço (a vaca que demora mais para emprenhar) que levar ao aumento da lactação e não o contrário. Geralmente, vacas com problemas pós-parto ou elevadas produções de leite têm maior dificuldade de emprenhar, o que leva ao aumento da lactação, principalmente e vacas leiteiras especializadas.

Atenciosamente, Marcos Veiga
ABRAHÃO GOMES DE HOLANDA

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL

EM 11/02/2016

O fato de vacas de lactações e período de lactação elevados não vai comprometer o período de serviço consequentemente aumento no intervalo de parto?Na prática sabe-se
que vacas com lactações longas costumam atrasar cio (período de serviço ) Estas são mais
exploradas ,estressadas e ainda com alterações psicossomáticas comprometendo o aparecimento do cio.Peço que avalie estes comentários pois são apenas conjecturas baseado na experiencia profissional.

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