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Como caracterizar o leite anormal quanto a CCS?

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 11/01/2002

4 MIN DE LEITURA

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Atualmente, uma interessante discussão que tem merecido grande espaço dos técnicos envolvidos com qualidade do leite é com relação aos limites de contagem de células somáticas (CCS) e da a ocorrência de mastite clínica, que definem o leite como anormal ou impróprio para o consumo. Nosso objetivo aqui não é encerrar esta discussão, mas sim esclarecer pontos importantes.

CCS e saúde do consumidor

A CCS vem sendo usada em todo o mundo como uma ferramenta para avaliar a saúde da glândula mamária, para caracterizar a adequação do leite para consumo humano, e finalmente, para estimar as perdas econômicas do produtor relacionadas com a mastite. Podemos afirmar que o aumento da CCS no leite indica a presença de uma inflamação, na sua grande maioria causada por uma infecção.

Entretanto, não existe nenhuma evidência científica de que o leite com elevada CCS per se possa apresentar algum risco a saúde do consumidor. É evidente que o leite com alta CCS apresenta maior risco da presença de resíduos de antibióticos e de contaminação com agentes patogênicos. Paralelamente, podemos suspeitar de que o leite com alta CCS foi produzido em condições higiênicas inadequadas e com menor controle sanitário dos animais. Em resumo, a CCS é apenas um indicador e não pode ser considerada como um risco à saúde do consumidor, sendo que resíduos de antibióticos e de agentes patogênicos devem ser controlados e evitados independentemente da CCS do leite.

Caracterizando o leite normal

Podemos definir a mastite como a inflamação da glândula mamária, sendo que a CCS é universalmente aceita como indicativo da presença de inflamação na glândula mamária. É importante notar que mesmo o leite da glândula mamária normal apresenta uma quantidade mínima de células somáticas, sendo geralmente aceito que este valor possa chegar até 100.000 cél/ml em quartos não infectados, ordenhados duas vezes ao dia.

As células somáticas encontradas no leite são compostas principalmente por células de descamação epitelial e por leucócitos do sangue. Estes leucócitos migram do sangue para dentro da glândula mamária em função da presença de um agente agressor, sendo normalmente composto por neutrófilos, macrófagos e linfócitos. Na composição da CCS do leite de origem de glândulas mamárias não infectadas temos a predominância de células de descamação epitelial, enquanto na glândula com mastite ocorre predominância de leucócitos.

Caracterizando o leite anormal

A mastite clínica, por definição, ocorre quando o leite ou o quarto mamário apresenta-se alterado em relação ao seu estado normal, não sendo feita nenhuma referência quanto a CCS do leite. Obviamente, um quarto apresentando mastite clínica invariavelmente apresentará CCS acima de 200.000 cél/ml. Qualquer alteração com relação às características do leite quanto a cor, presença de grumos, sangue, pus são indicativos de mastite clínica. Estas alterações são, geralmente, resultado da infecção causada por um microrganismo que adentrou a glândula mamária. Quanto mais severo for o quadro de mastite clínica, maiores serão as alterações nas características do leite, e portanto este leite não deve ser utilizado para consumo humano. Quando o leite apresenta-se com as suas características normais, mas com a CCS acima de 200.000 cel/ml, temos a ocorrência da mastite subclínica.

Diante do exposto, surge a seguinte questão: qual o limite de CCS para que o leite seja considerado anormal? De forma geral, um quarto mamário comprovadamente não infectado e sem história recente de mastite deve apresentar CCS menor que 100.000 cel/ml. No entanto, quando a CCS ultrapassa 200.000 cel/ml isto é um forte indicativo da presença de infecção, uma vez que o sistema imune do animal foi desafiado e responde com o aumento da migração dos leucócitos do sangue para o leite. Deve-se lembrar que existe uma faixa de CCS por volta de 200.000 cel/ml que representa uma dificuldade de interpretação quanto à saúde da glândula mamária, pois pode tanto caracterizar uma glândula mamária sadia quanto infectada.

Como a destinação do leite recebido pelas indústrias e cooperativas apresenta ampla variação, podemos dizer que a definição de limites máximos legais para a CCS do leite é uma decisão que deve ser baseada em um número muito grande de informações, em especial quanto ao uso do leite. A análise da CCS do leite do tanque pode tanto fornecer informações sobre a porcentagem de quartos infectados dos rebanhos de origem, quanto em relação à adequação da matéria prima para processamento posterior. Como generalização, pode-se afirmar que quanto menor o número de quartos infectados, maior é o rendimento e qualidade dos produtos lácteos produzidos. Para exemplificarmos a situação, quando a CCS do tanque é de 200.000 cel/ml, cerca de 15% dos animais estão infectados em um ou mais quartos. Para cada aumento de 100.000 cél/ml no tanque de uma fazenda leiteira, podemos esperar um acréscimo de 8 a 10% na porcentagem de mastite subclínica.

Fonte: NMC Guidelines on Normal and abnormal raw milk based on SCC and signs of clinical mastitis (2001).

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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ROBSON AUGUSTO FAGUNDES STELLATO

MARINGÁ - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 31/08/2020

Prof Marcos,
Se for para dar um número de CCS para um quarto de mastite clinica grau 1. Qual a sua sugestão? Grato
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/09/2020

Prezado Robson, é muito difícil definir um valor de CCS para mastite clínica (neste caso grau 1), pois vai depender muito do tipo de agente causador e também do momento em que é feita a coleta de leite. É provável que a CCS seja muito alta acima de 1.000.000 cel/ml.

Um ponto importante é que não se usa o critério de CCS para diagnosticar a mastite clínica e sim somente sintomas visuais (alterações do leite e quarto mamário), sendo que a CCS geralmente nem é analisada, pois o leite com coágulos não é analisado nos equipamentos de CCS.

Atenciosamente, Marcos Veiga
ROGERIO SILVA DE LIMA

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/01/2002

Colostro com sangue indica uma possível mastite? Se eu tiver uma CCS de 1 milhão, mas com redutase de 6 horas, isso pode significar que os microrganismos responsáveis pela alta CCS não têm nada a ver com a redutase? Se a contagem no tanque for de 500 mil ou mais é provável que seja S. agalactiae? Fazendo um CMT e encontrando muitos casos de 3 cruzes, qual seria o melhor manejo a ser adotado para evitar ou recuperar o prejuizo?

Resposta MilkPoint: <i><font color="#006666">Pode ocorrer, em alguns casos, o rompimento de vasos sangüíneos nos dias logo após o parto e o leite apresentará presença de sangue. No entanto, caso isto permaneça por mais dias, indica alguma alteração que pode ser caracterizada como mastite clínica.

De maneira geral, a redutase está relacionada à higiene de ordenha e ao resfriamento do leite. No entanto, em casos especiais, quando o rebanho apresenta grande número de vacas infectado pelo agente chamado Streptococcus agalactiae, pode haver até comprometimento da redutase, pois estes microrganismos se encontram em altas concentrações no leite. Neste caso, o tratamento com antibiótico é uma ferramenta adequada quando o rebanho estiver com mais de 25% dos animais infectados pelo agente. Não existe forma de responder se a alta CCS é devido ao S. agalactiae, sem serem feitos exames microbiológicos do leite dos animais com mastite.

Para controle da mastite, o melhor programa é o dos 6 pontos:

1) Tratamento de todas as vacas no período seco
2) Tratamento imediato de todos os casos clínicos
3) Funcionamento adequado do sistema de ordenha
4) Correto manejo de ordenha com ênfase na desinfecção dos tetos após a ordenha
5) Descarte de vacas com mastite crônica
6) Boa higiene e conforto na área de permanência dos animais</i></font>

Marcos Veiga

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