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Bactérias causadoras de mastite ambiental

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 02/08/2007

4 MIN DE LEITURA

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Existem três grupos de bactérias causadoras de mastite ambiental e que apresentam algumas características próprias: coliformes, estreptococos ambientais e enterococos.

a) Coliformes: costuma-se denominar de coliformes causadores de mastite, algumas espécies de microrganismos Gram-negativos como: E. coli, Enterobacter aerogenes, Klebsiella pneumoniae e Serratia sp. Essas espécies habitam naturalmente o solo e o trato gastrintestinal das vacas leiteiras e apresentam grande capacidade de multiplicação nesses locais. Além disso, a Klebsiella pode se multiplicar em camas orgânicas à base de serragem, o que aumenta os riscos de mastite causada por esse agente.

Geralmente, as infecções intramamárias causadas por coliformes são mais prevalentes em vacas com baixa CCS (menos de 150.000 cel/mL) e sem infecção por outro microrganismo na glândula mamária. Esse mesmo raciocínio pode ser usado para rebanho com baixa CCS e com baixa prevalência de infecções causadas por microrganismo Gram-positivo.

A infecção inicia-se, de forma geral, pela invasão da glândula mamária através do canal do teto entre as ordenhas, por meio do contato dos tetos com o ambiente, considerando-se assim que a transmissão não ocorre entre animais (a partir de um animal infectado para um animal sadio). Após a invasão da glândula mamária, os coliformes podem se multiplicar rapidamente ou permanecer em latência por alguns dias. A produção de endotoxinas pode ocorrer durante a multiplicação, e estas podem ser liberadas e absorvidas pela corrente sanguínea. Nesses casos, a vaca afetada pode apresentar os seguintes sinais: febre, depressão do apetite, desidratação e perda de peso, além de intensa redução da produção de leite em questão de horas, o que caracteriza o quadro agudo.

No início da infecção ocorre intensa migração de leucócitos para a glândula mamária. A secreção láctea apresenta aspecto aquoso e os quartos ficam inchados, endurecidos ao toque e doloridos. A partir de então a vaca pode desenvolver intensa desidratação e alterações da temperatura corpórea. A gravidade dos casos de mastite causada por coliformes é determinada principalmente pela resposta imune da vaca e não pela patogenicidade do agente causador.

Quando as condições climáticas e de conforto do ambiente são desfavoráveis (calor, chuva, acúmulo de lama, áreas com esterco ou barro) ocorre aumento do risco de novos casos, independentemente do estágio de lactação das vacas.

As vacas mais suscetíveis à manifestação severa de mastite por coliformes são aquelas no início de lactação (menos de sessenta dias), mais velhas e de maiores produções. Das infecções que ocorrem no início da lactação, aproximadamente 50% se inicia durante o período seco, podendo ocorrer cura espontânea ou permanecer latentes e apenas ocasionalmente desenvolver sinais clínicos (o que é mais raro).

A taxa de novas infecções causadas por coliformes é cerca de quatro vezes superior no período seco em comparação com a lactação, principalmente nas duas semanas depois da secagem e nas duas antes do parto. A duração dos casos é normalmente curta, visto que 57% dos casos duram menos de dez dias e 69% menos de trinta dias. Uma pequena porcentagem (13%) dos casos pode ter duração superior a cem dias.

b) Estreptococos ambientais: grupo de bactérias disseminado no ambiente em que a vaca vive, formado principalmente por Streptococcus uberis e S. dysgalactiae.

O Streptococcus uberis apresenta inúmeras cepas e os estudos mais recentes apontam para uma dificuldade de classificação estrita dessa bactéria entre o agente contagioso e o ambiental. Por exemplo, quando várias vacas dentro de um rebanho estão infectadas com diferentes cepas de S. uberis a transmissão dessa infecção não deve ter ocorrido de vaca para vaca, pois nesse caso todas as cepas seriam iguais. Diversos estudos que encontraram essa situação reforçam a evidência de que o S. uberis é um agente ambiental.

Contudo, ainda dentro de um mesmo rebanho, outros estudos dão conta de que uma mesma cepa de S. uberis infecta várias vacas e em alguns casos, diferentes quartos da mesma vaca. Portanto, pode ser que também ocorra a transmissão de vaca para vaca, caracterizando o S. uberis como agente contagioso. Em termos gerais, essa dupla natureza da via de transmissão do S. uberis o torna um agente de difícil eliminação do rebanho.

Taxa de novas infecções: assim como no grupo dos coliformes, a taxa de novas infecções é maior durante o período seco, especialmente nas duas semanas após a secagem e nas duas semanas pré-parto. Durante a lactação, os primeiros setenta e cinco dias pós-parto são os de máximo risco de infecção. A taxa de infecção aumenta gradativamente em função do número de lactações. A espécie S. dysgalactiae é normalmente classificada como agente ambiental, contudo pode se apresentar com características de agente contagioso, o que significa que medidas de controle para este último grupo são também indicadas para o seu controle.

Duração das infecções: geralmente de curta duração (60% das infecções duram menos de trinta dias, no entanto 18% podem tornar-se crônicas e persistir por mais de cem dias). Cerca de 40% das infecções presentes em uma lactação apresentam cura espontânea e aproximadamente 50% das infecções se manifestam na forma clínica.

Prevalência: a porcentagem de quartos infectados em um determinado momento no rebanho é baixa, geralmente abaixo de 10% dos quartos. Os casos clínicos são de forma geral brandos e para a forma subclínica a CCS é de cerca de 300.000 cel/mL.

Fonte:

SANTOS, M. V. e FONSECA, L. F. L. Estratégias para o controle da mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri: Manole. 2006. 314 p.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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ALAN ELDER SKIBA

PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/03/2008

Ola caro professor,

Tenho a honra de estar pela primeira vez neste site.

Na propriedade que faço o retiro de leite ainda não temos estruturas corretas para o mesmo, mas já estamos quase acabando com esse problema por lá, mas o maior problema é que tenho duas vacas leiteiras com mastite e ja fizemos de tudo para curá-las. A mastite está tão avançada que não permite a saída do leite por um dos tetos, e com isso faz com que o leite quando posto a canula para fazermos a limpeza do teto saia com um vestígio de sangue e coagulações da infecção. Gostaria que me ajudasse pois ja fizemos quase tudo e ainda continúo o fazendo para que não haja a perda do teto desta vacas em lactação.

Muito obrigado e até mais!
Alan Skiba



<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Alan Elder Skiba,

Pelo que você relatou, essas vacas apresentam mastite crônica e dificilmente vão apresentar cura. Uma possibilidade para recuperar a capacidade de produção seria a secagem permanente ( não irá mais produzir leite no quarto afetado) com a infusão se tintura alcóolica de iodo (10%). Nesse caso, o quarto mamário seria permanentemente secado e os demais quartos seriam aproveitados. Essa é uma decisão que depende do valor do animal e somente o proprietário teria mais condições de definir melhor isso.

Atenciosamente, Marcos Veiga
SANTO OLIVATTO

IPUÃ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/11/2007

Todos os portais que falam de agronegócio deveriam ter preocupação com o lado didatico das atividades, pois só assim os produtores vão se qualificando.
ROBERTO BUENO ROSA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/08/2007

Prezados leitores,

Parabenizo o artigo publicado pelo professor Marcos Veiga, haja visto a importância do manejo das vacas, diminuindo cada vez mais a incidência da mastite no rebanho leiteiro.

Abraços.

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