Olá pessoal, tudo bem com vocês? Hoje gostaria muito de conversar com vocês sobre o uso de resíduos ou até mesmo de bolachas na nutrição de vacas leiteiras? Posso?
Então pessoal, como de costume, uma história. Eu acho que já estão me associando como “o cara das histórias”. Pois bem.
Em certas andanças me deparei com um produtor de leite que me disse assim: aqui utilizo muito subproduto, meus preços precisam ser baixos pois não tenho condições, pelo preço do leite, de fornecer coisas melhores para as vacas.
Era, na ocasião, uma propriedade de produção de leite em pastagem e vacas com média de produção de leite diária de 16 litros. Sistema de pastagem bem implantada e conduzida. Bebedouros limpos, cercas em pé, e com ótima limpeza de ordenha.
Então: vamos definir o que é subproduto? Confunde-se muito o subproduto como coisa ruim. Para darmos exemplos, temos duas palavras bem distintas: CO produto e SUBproduto. Escrevi desta forma para salientar bem para vocês a diferença do nome, mas chamamos de subproduto o que é mais barato que o produto que deu origem; e coproduto aquilo que é mais caro que o produto que lhe deu origem.
Exemplos: cana – o açúcar é mais caro que a cana, então o coproduto da cana é o açúcar. Já o bagaço da cana, por ser mais barato é um subproduto, certo? Já a soja, o óleo e o farelo de soja, são mais caros que a soja grão, por isso coprodutos. Enfim, são dois produtos, registrados no MAPA, comercializados e testado na alimentação animal.
O que não podemos esquecer é que ao usarmos um produto, utilizado para o homem, como por exemplo a bolacha, ele não servirá em totalidade, gênero e grau para a vaca, ok? Mas, antes de continuarmos com este raciocínio, vamos lembrar ou entender um pouquinho de nutrição e metabolismo de carboidratos em vacas?
Basicamente, o metabolismo de carboidratos no rúmen da vaca funciona de tal maneira que os microrganismos que lá existem e fazem a fermentação da fibra para o ruminante, fermentam os carboidratos de modo geral, aqueles que chamamos de fibra (parede de célula, que são a celulose e afins) e conteúdo de células que chamamos de amido, açucares e afins.
Tudo isso é fermentado e aproveitado pelos microrganismos produzindo, dentre outras coisas, ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que são aproveitados pelo ruminante, que os transformam em gordura e glicose.... Os pontos significam que tem muitas outras coisas, certo pessoal?
Sendo assim, ao ingerir as bolachas que é o nosso objetivo aqui, lá tem açucares e fibras. Então em princípio tudo bem o animal ingerir, ok? Pessoal, aí que mora o perigo.
As bolachas e derivados da indústria alimentícia, ao desprezar estes alimentos, por falta de padrão ou próximas aos vencimentos, enfim, ao ser desprezadas pode servir de alimento para vacas, mas tomem muito cuidado com quantidades, momentos, aparência e embalagens. Como assim embalagens?
Primeiramente, voltando àquela história, o produtor não usava resíduos de bolachas e sim co e sub produtos como descrevi anteriormente, certo? Em segundo lugar, ele tinha consciência do que poderia usar e as quantidades, certo? Então pessoal, se ele utilizar resíduo de bolacha, deve-se atentar com relação às quantidades, não é somente acrescentar bolachas, pois é barato e eu consigo na propriedade.
É necessário saber o quanto aquilo acrescentará as dietas das vacas, se é amido, açúcar e afins, poderá causar acidose nos animais, problemas na ingestão e digestão de nutrientes em função de níveis de gordura e, por último, problemas no teor de proteína e energia da dieta, podendo causar um desbalanceamento nas exigências dos animais.
Com isso, pode causar, dentre outros problemas, um leite chamado de Instável, ou ainda leite LINA (leite instável não ácido), problemas este, de muitos produtores de leite que acham que o leite está contaminado e rejeitado no teste do Alizarol (fica a dica).
Os momentos que me referi, é por exemplo uma vaca em pós-parto precisa de energia pois pode estar em um momento chamado de balanço energético eegativo, onde que os aumentos da densidade da dieta, bem como energia, podem diminuir este efeito. Fora isso, pode ser que o excesso seja prejudicial. Já pensaram nisso?
Embalagens, pessoal, é que eu já vi vacas comendo bolachas dentro dos plásticos das embalagens e o produtor falou assim: elas tiram da embalagem e jogam os plásticos com a boca. É terrível. Isso é impossível de ser permitido.
Enfim, por ser barato ou de graça, o povo abusa, esta é a realidade. Atente-se a alimentos estudados e testados. Parem de achar. O vizinho achou e viu que é “bão”... Procure antes pessoas que testaram de forma correta para que o uso de qualquer produto, co ou sub produto seja utilizado de forma correta.
Para fecharmos, pode ser utilizado muitos produtos para alimentação animal. Alguns proibidos, sim eu sei. Mas aqueles permitidos, devem ser antes testados, ok? Pensem nisso, parem de copiar. Mas, em relação ao baixo custo da dieta, e, por isso que fulano usa?
A melhor resposta é: utilize produtos permitidos, testados e com excelência em aproveitamento e acompanho por um profissional ou empresa da área. Assim, o barato não sairá caro e com certeza você gastara menos por isso.
Com certeza, formular uma dieta de forma correta e responsável, é o melhor e mais barato investimento a ser feito. Até mais pessoal.
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