Hoje a conversa é sobre o efeito da chuva e calor no processo de ensilagem. Não precisamos de chuva e calor para o plantio e produtividade do milho?
Fatores importantíssimo no processo de condução da cultura do milho são a chuva e o calor. Embora o milho prefira uma temperatura mais amena durante a noite, é uma cultura que no geral prefere o calor. No entanto, regiões um pouco mais frias durante a noite tendem a produzir mais milho. Fato comprovado em minha terra natal, Botucatu SP, região muito produtiva de milho, pois no verão é quente durante o dia, mas a noite, bate o famoso ventinho fresco. Um cenário perfeito para o milho. Já na região de Presidente Prudente SP, faz calor de dia e de noite, não muito agradável para o milho. Há quem diga que nesta região, o milho safrinha produz mais que na safra, por ser “menos quente” durante a noite.
Viemos aqui para falar da influência do calor e da chuva no processo de ensilagem. Levantei alguns fatos sobre os dois fatores que interferem na produção, sem contar ainda o manejo de correção e fertilidade do solo. É fundamental entendermos que, para ensilar, precisamos de produção e então preciso me preocupar também com isso.
Para o processo de ensilagem, é preciso que colher o milho no ponto certo, ao redor de 35% de teor de matéria seca e realizar o corte em partículas média, com cerca de 1,5 cm. Depois, distribuir o material nos silos, seja de trincheira, superfície ou até mesmo em silos bags, de forma correta para que haja a compactação. Segundo a literatura, a compactação deve ser bem-feita, para expulsar o ar da massa para que tenhamos a anaerobiose. Estou falando termos cultos não acham? (risos).
Enfim, depois terminamos de encher o silo e o fechamos para que a massa seja fermentada por pelo menos de 15 a 20 dias (eu recomendo no mínimo 30) para que o material fique conservado.
Mas, e o calor e a chuva?
Primeiramente vamos falar do calor (temperatura). Em dias mais quentes, o material seca mais rápido, totalmente ligado ao ponto de colheita. Muitos produtores cortam o material antes de ponto que chamamos de 'metade da linha do leite'. Outros cortam no ponto de pamonha, com os grãos ainda aquosos, chamamos de ponto leitoso. Quando isso acontece, não há boa fermentação do silo. Neste ponto se olharmos para a planta de milho, ela ainda está quase toda verde, muitos produtores pensam no inverso, cortar a planta mais seca. Plantas muito secas não compactam.
Eu, como sempre fiz, recomendo o ponto de silagem no ponto de ¼ leitoso onde as plantas estão mais ou menos ¾ secas e com apenas ¼ delas verde na parte superior. Neste ponto, o potencial produtivo da planta e sua qualidade estão em um ponto de equilíbrio entre produção e qualidade, do material e da fermentação correta dentro do silo.
Mas e a temperatura onde afeta?
Pessoal, em muitos lugares o fator ponto de colheita associado a linha de leite no grão, cai por terra. Quando as plantas passam por um estresse hídrico rigoroso alteram seu metabolismo, causando uma estratégia para a sobrevivência e isso pode afetar o ponto para colher. Normalmente falamos que uma planta de milho perde por dia meio ponto percentual de água, ou seja, em dias normais, para aumentar sua matéria seca de 33 para 34 %, demoram dois dias.
Em situações adversas a conta não bate. Muitos confinamentos adiantam a ensilagem pois, se esperarem, o processo fica comprometido. Mas, e quanto a qualidade do material e ponto de equilíbrio, isso tudo cai por terra?
Neste caso, sim! Cada caso deve ser avaliado separadamente. Em muitas propriedades, a antecipação da colheita minimiza problemas futuros de consumo e fermentação dentro do silo. Vamos pensar nisto particularmente.
Todo o processo de ensilagem é ao ar livre, não é? Se eu pretendo fazer silagem e tem previsão de chuva, preciso tomar muito cuidado. A chuva pode molhar o material no silo alterando a qualidade da fermentação pela umidade excessiva. Na chuva o trator não consegue colher, o tempo vai passando e o material passa do ponto. Na compactação, em tempos de chuva, o trator acaba levando barro para o silo, pois 'pisa' na lama e no silo. Quanto menos o trator fizer isso, melhor, mas na prática sempre acaba fugindo a teoria.
Precisamos da chuva para produzir, mas como o processo demanda alguns dias, a chuva pode atrapalhar, principalmente no material fermentado final. Quanto à desensilagem, aumenta as perdas de 5%, que consideramos normais, para até 30%. Sendo assim, deixar o silo aberto a noite justificando que no dia seguinte dará sequência ao trabalho, caso chova durante a noite, as perdas serão muito grandes. Quando o trator quebra por algumas horas, preciso cobrir o silo? Sim pessoal! Coloque uma lona por cima sem fechar, pois altas temperaturas e junto ao sol, seca demais o material e pode acarretar perdas no silo.
Mas enfim, o que eu faço quando chove e preciso colher? Adianto o ponto de colheita ou atraso, ou seja, corto verde ou seco? Senhores, eu prefiro cortar mais seco, desde que dentro da janela de colheita. O que é isso?
É um intervalo em que eu posso cortar o material e estar com cerca de 35% de matéria seca, ou seja, com 30 a 45% de matéria seca eu posso colher que teremos ainda boa compactação.
Um fator importante é o planejamento da ensilagem. Observar a previsão de chuva, temperaturas médias e escalonar plantios para termos colheitas escalonadas. Se errar, erre para cima. Ou seja, prefira cortar um material com 40% de matéria seca em comparação com 25% de matéria seca.
Por fim, o produtor me disse que prefere cortar verde porque o animal come mais. Pessoal, quando tomamos sopa comemos muito mais, pois sentimos fome mais cedo. A sopa é grande parte agua e não nutrientes. Pensem nisso. Se planeje.
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