Quando o assunto é silagem de milho, um tema muito questionado é o ponto de corte. É consenso afirmar que o momento ideal para colheita e ensilagem da planta inteira é quando esta apresenta teor de matéria seca (MS) entre 30% e 35%. Para isso, considera-se aspectos agronômicos e nutricionais, os quais permitem definir pontos ideais de corte para se propiciar um bom processo de ensilagem, com máxima produtividade e rendimento da cultura por hectare, bom valor nutritivo do material e baixas perdas.
Contudo, nem sempre é possível colher o material com o teor de MS recomendado por especialistas devido a fatores como: aluguel de máquinas, adversidades climáticas e até mesmo adversidades mercadológicas relacionadas ao uso da terra. Portanto, é necessário conhecer os efeitos e os riscos de mudanças no ponto de corte sobre o processo fermentativo e a qualidade do alimento antes de decidir antecipar ou postergar a colheita.
Nesse sentido, uma questão muito comentada e que vem sendo praticada por vários produtores é a colheita tardia com o objetivo de proporcionar um alimento mais energético. De fato, plantas de milho colhidas acima do teor de MS recomendando para a ensilagem apresentam maior deposição de amido nos grãos, elevando o conteúdo energético da massa, a qual pode ser uma ótima opção quando a propriedade possui maquinário adequado para a quebra do grão (Imagem 1) como, por exemplo, o uso do dispositivo “cracker”.
Fonte: mfrural.
A colheita anterior ao estágio do grão leitoso implica em perda de produção de MS total e amido, e lixiviação de nutrientes no silo. Do mesmo modo, a colheita após o estágio farináceo aumenta o risco de acamamento das plantas no campo, maior incidência de doenças foliares, aumento da porcentagem de folhas secas na forragem, perda na qualidade da fração fibrosa e pode elevar a perda de amido e/ou grãos inteiros nas fezes dos animais (RODRIGUES et al., 2014). Em geral, silagens com baixo teor de MS resultam em maiores perdas por efluente, enquanto silagens com alto teor de MS dificultam a compactação, o que pode aumentar as perdas devido à degradação por microrganismos aeróbios (OLIVEIRA, 2016).
No momento da implantação de uma área destinada à produção de forragem, deve-se considerar a época de plantio e o ponto de corte das plantas, os quais são fatores que influenciam na qualidade final da silagem (SANTOS et al., 2013). Vale ressaltar ainda que existe interação cultivar vs ponto de corte para várias características de composição da planta, bem como seus teores de fibra e proteína, devendo então serem considerados no momento de decidir produzir silagem de milho.
Afinal, quando ensilar?
A resposta é depende. Depende da realidade de cada produtor, sendo esse um fator decisivo à tomada de decisão. Quando o produtor opta por realizar o corte de plantas mais secas, deve-se atentar ao uso de maquinários adequados que irão promover de modo eficiente a quebra do grão, do contrário, não fará sentido, pois todo esforço em produzir uma silagem mais energética não será aproveitado pelos animais.
Determinar o ponto ideal de colheita para a produção da silagem é imprescindível e deve buscar o equilíbrio entre os nutrientes de interesse e a mão de obra para o processo, pois são esses fatores juntos que afetarão diretamente a composição, a qualidade e o consumo do alimento.
Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.
Referências:
OLIVEIRA, A.C.P.J. Características agronômicas, perfil fermentativo e qualidade das silagens do milho BG7046 H colhido em quatro estádios. 41 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.
RODRIGUES, J. A. S, TOMICH, T. R., GONÇALVES, L. C., ALBUQUERQUE, C. J. B., GUIMARAES, A. D. S., FERNANDES, L. D. O., & PAES, J. M. V. Sorgo forrageiro para silagem, corte e pastejo. Informe Agropecuário: Sorgo: Inovações tecnológicas, Belo Horizonte, v. 35, n. 278, p.50-62, jan. 2014.
SANTOS, S.F.; GONÇALVES, M.F.; RIOS, M.P.; RODRIGUES, R.D.; GOMES, L.R.; RODRIGUES, G.G.; SOUZA, R.R. e FERREIRA, I.C. Principais tipos de silo de microrganismos envolvidos no processo de ensilagem. Veterinária Notícias, Uberlândia, v.19. n.2, p.140- 152, jul./dez. 2013.