Hoje estou aqui para falar com vocês sobre as mudanças que o gado leiteiro pode sofrer em relação a dieta e comportamentos nas mudanças de estações. Vamos lá?
Mudanças e alterações de clima, seja de regime de chuvas ou temperaturas acontecem em função da época do ano. Com certeza, na maioria do Brasil temos ao menos duas estações bem definidas, a com mais e a com menos calor. Geralmente a de maior calor chove, em algumas regiões do Brasil, e faz condições favoráveis ao crescimento forrageiro. A outra, com menos calor, ou seja, frio, as condições são desfavoráveis para o crescimento forrageiro e por fim, desfavorável a maior produção de leite, por proporcionar momentos mais críticos que interferem diretamente nos animais.
Precisamos descrever algumas coisas importantes, mas antes vamos para nossa historinha. Em minhas assistências, muitas vezes me defronto com coisas interessantes como, por exemplo, o produtor agindo da mesma forma sempre. É engraçado, mas trágico que o pensamento do produtor seja igual durante todo o ano.
Em um dado momento me deparei com um produtor adubando uma pastagem, no estado de São Paulo no mês de julho. Quando cheguei, o vi fazendo isso e ao perguntar o porquê ele me disse que o técnico que o assistia, no mês de janeiro, falou que era preciso adubar. Como o técnico não voltou à fazenda, o produtor continuou fazendo o que foi passado. Então perguntei: mas adubar em julho?
Lembro-me muito bem que plantas forrageiras tropicais (nossos capins em maioria) não apresentam crescimento em temperaturas menores que 15º C. Se isso é verdade, e é, não adianta adubar nesta ocasião. Desta maneira, o ajuste do sistema estava errado, pois o produtor estava adubando, gastando, sem ter os benefícios de sua atitude.
Mencionei essa história para acrescentar algumas informações. O produtor deve estar atento a tudo isso, não somente com o capim, mas com a chuva, com a dieta, com o manejo e outras informações relevantes ao seu sistema.
Vamos imaginar algumas situações: em quais alterações comportamentais com relação ao clima devo estar atento? Os meus animais estarão protegidos do frio ou do calor? Minhas instalações estão adequadas? As raças que eu utilizo suportam o frio ou o calor de minha região? Já é preciso ligar os aspersores e ventiladores na sala de espera e ordenha? Os bezerros estão protegidos, aquecidos, protegidos do sol?
Outro fator importante é a dieta. Nos sistema a pasto, é ainda mais importante. Se os animais produzem leite em pasto, eles podem, na entressafra (momento que antecedem ou sucedem ao inverno), precisar de suplementação ou adaptações que ajudem o melhor desenvolvimento e produtividade.
Como exemplo podemos citar que nos meses de março, abril e maio, no estado de São Paulo, são meses que antecedem o inverno e que o capim, já diminui consideravelmente sua produção. Sendo assim, além de diminuir produção, alteram a relação de folho e colmo (caule) tornando-se menos aceitáveis pelo animal e com menor valor nutritivo. Logo, diminuem sua proteína.
Para que os animais mantenham a produção, precisam além da suplementação de volumosos, receber mais proteína na dieta. Como exemplo, se estiverem comendo uma ração com 18 %, nesse caso poderão comer a de 20% e assim por diante.
Esse fato deixam os produtores com a orelha em pé, pois a qualidade do leite produzido diminui e os laticínios reclamam da redução da qualidade. Sabe o motivo disso tudo, além de outras coisas? Erro na dieta! Sim, na dieta. A vaca precisa, dentre outros, de volumoso de qualidade e equilíbrio de proteína e energia. Com a falta disso no capim e a falta de ajuste na dieta, o problema está feito.
São inúmeros os casos que já atendi de erros na dieta. Este é um fator que necessita ser ajustado, talvez, mais que outros fatores existentes. Muitas vezes nos deparamos com estes problemas nos meses citados. E por que que isso acontece?
É muito simples a resposta: meses de ajustes nos sistemas. Ressalto aqui que ajustes muitas vezes são diários, mas neste período do ano, de entressafra, a atenção deve ser redobrada.
Outro fator importante com relação ao início de chuvas, além da relação com o crescimento do capim como já mencionei, é o estresse com a chuva. Muitas vezes, o aparecimento de barro, gera desconforto e isso atrapalha a produção. Adaptações no sistema, como limpeza mais frequente do curral, sala de espera, linhas de cocho, ajudam muito bem o manejo como um todo.
Outro fator importante é que com a chuva, os cochos enchem de água, já pensaram nisso? Cocho com água significa comida molhada e isso afeta o consumo de alimento pelo animal o que ajuda no desbalanceamento da dieta, na qualidade de produção e de vida dos animais.
De fato, é muito importante, salientarmos a atenção com mudanças no dia a dia. Tudo que eu falei é direcionado ao pasto, mas serve também para animais confinados, principalmente quanto a comportamentos, lama e afins. Animais confinados também sentem calor e frio, gostam ou não da chuva e tudo isso afeta a comida e o preço dela no cocho desses animais. Então, vamos nos atentar a tudo isso. Atentemo-nos a mudanças. Fato indispensável para um sistema produtivo eficiente.
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