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Panorama atual da produção de leite na África do Sul

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 28/07/2000

6 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

A indústria de lácteos da África do Sul representa um dos maiores sub-setores da agricultura do país. A indústria oferece 60 mil oportunidades de empregos, sustentando dessa forma cerca de 360 mil pessoas, incluindo os dependentes. O investimento total no setor primário é de cerca de US$1,3 bilhão. Cada emprego no setor primário gera cerca de 1,92 empregos nas indústrias associadas. O setor tem um histórico de proteção e subsídios, mas vem transformando-se desde 1983.

O setor de lácteos passou por um processo de desregulamentação, de forma que os produtores ficaram desprotegidos, tendo que competir num mercado global com países onde ainda existem subsídios, proteção e pagamentos diretos. Sendo assim, a situação exige que somente permaneçam no mercado os produtores que são eficientes e que consigam promover as mudanças que influenciam o setor.

Durante os últimos meses, o mercado local esteve diante de preços muito baixos do leite pago ao produtor. Embora as exportações estejam crescendo, os estoques não foram exauridos e a tendência sazonal se manteve. Houve uma pequena recuperação de preços no inverno, devido aos déficits normais dessa estação. Os produtores atualmente recebem, em média, US$0,15 a US$0,16 pelo litro de leite, o que implica numa grande queda de rentabilidade em comparação a tempos passados. Nesse cenário, os produtores de leite devem estar informados sobre a tendência do mercado e forçar a atividade no mercado local a fim de posicionar-se estrategicamente.

Demanda de leite

Sempre houve uma grande correlação entre o poder aquisitivo das pessoas e a demanda de leite. Dessa forma, se houver uma queda no crescimento econômico e no gasto privado com o consumo (PCE), isso resultará num declínio na demanda de leite.

A figura 1 mostra uma tendência de declínio no PCE. Observa-se que a curva do consumo de leite segue a mesma tendência, ou seja, conforme a renda das pessoas destinada à aquisição de bens de consumo foi caindo, caiu o consumo de leite. Vale destacar, todavia, que as condições atuais da economia provocam expectativas de aumento no PCE, e consequentemente, da demanda pelo leite. Desde a desregulamentação da indústria de lácteos e a liberação do mercado internacional, ocorrido na metade da década de 90, uma grande porcentagem de leite está sendo vendido ao mercado de leite fresco (figura 2). Isso ocorre principalmente devido ao fato de que, aumentando a distância entre o preço do leite fresco ao consumidor e ao produtor, mais pequenos e médios "distribuidores" entraram no mercado, captando leite do setor primário, porém sem a capacidade de processar produtos lácteos.

Tendência da produção de leite

O número de vacas do rebanho caiu substancialmente nos últimos 30 anos.

Desde 1991, a produção de leite aumentou, contrariando o declínio do tamanho do rebanho nacional. Os produtores tornaram-se mais eficientes devido ao aprimoramento das práticas de gerenciamento e administração, tecnologia, pesquisas e avanços genéticos. Desde 1986, a porcentagem de novilhas sobre o total de animais produtores de leite caiu de 45%, para 37% em 1994. Esse fenômeno demonstra que, neste período, houve um envelhecimento do rebanho. Em 1995 e 1996, houve um aumento no preço do leite e mais novilhas foram introduzidas ao rebanho sul africano. Entretanto, com a queda no preço do leite, a expectativa é de uma diminuição no número de novilhas, uma vez que o setor produtivo está pessimista, apesar das condições relativamente favoráveis para a produção. Além disso, os problemas financeiros originados dos baixos preços do leite podem forçar alguns produtores a vender parte de seu rebanho, a fim de manter a liquidez.

Tendência dos preços do leite

Atualmente, as indústrias compradoras de leite estão pagando preços muito baixos para o leite- excesso, preços esses muito abaixo dos custos de produção. Os baixos preços dos produtos importados, bem como os altos níveis do estoque do país, são fatores que também refletem de forma negativa nos preços ao produtor. Entretanto, esses preços são altamente influenciados pelo valor de câmbio. A nível do produtor, não há diferença entre o leite produzido para o mercado de leite fresco, ou para ser usado em produtos processados. A nível de varejo, há uma diferença substancial entre os produtos que têm que competir com os importados da União Européia, que são subsidiados, ou da Nova Zelândia, país com grande vantagem com relação à África do Sul. Isso pressiona as indústrias a fazer 2 sistemas de comercialização do leite.

A produção de alimentos concentrados constitui aproximadamente 40% dos custos de produção, sendo que os custos totais com a alimentação do gado representam cerca de 70-90% do total. Analisando-se o desenvolvimento do mercado de milho, fica claro que houve um aumento substancial nos preços. A seca, a qual começou em fevereiro de 1999, causou uma destruição de grandes áreas de produção de milho. Consequentemente, os preços desse produto aumentaram para valores maiores que US$115,52/tonelada. A figura 6 mostra a relação entre o preço do milho e o preço do leite. Pela figura pode-se observar que o lucro dos produtores de leite vem caindo desde agosto de 1998. Vale destacar que o preço do milho no mercado internacional é relativamente baixo, mas com a fraca taxa de câmbio, essa situação obviamente não favorece muito os produtores de leite da África do Sul. Para concluir, quando ocorre um aumento nos preços de milho, o lucro dos produtores de leite deve cair. O preço do milho pode flutuar de cerca de US$43/tonelada de uma estação para outra ou até na mesma estação, de forma que a margem de lucro dos produtores de leite varia muito com a mudança de estação. Onde é possível promover uma produção mais extensiva, ou seja, produzir mais leite a pasto, a produção de leite pode ser mais rentável que nos sistemas intensivos.

Posicionamento estratégico

Em curto prazo, as informações e projeções obtidas não mostram um panorama muito positivo para a indústria de lácteos da África do Sul. Entretanto, a médio e longo prazo, essa situação pode mudar. Diante disso, o produtor de leite sul-africano deve manter-se firme na atividade para sobreviver a esse mau tempo, e preparar-se para ser capaz de colher os melhores frutos, quando ocorrer a virada no setor, e esse voltar a ser rentável. Algumas estratégias, cujo principal objetivo é cortar custos, devem ser implementadas. Como a principal origem dos custos está na alimentação dos animais, esse ponto deve ser cuidadosamente trabalhado no sentido de diminuir custos. Em alguns casos, os produtores serão forçados a avaliar outros setores e decidir se a produção de leite é ainda a melhor alternativa para sua realidade.

Por Carel Gronum
Dept. Agricultural Economics
University of the Free State
P.O. Box 339, Bloemfontein, 9300
Rep. of South Africa

Referências

COETZEE, K. (1999). A Review of the South African Dairy Industry. MPO, PRETORIA.

DEBLITZ, C., HEMME, T., ISERMEYER, F., KNUTSON, R., ANDERSON, D., GOERTZ, D., MOLLER, C. & RIEDEL, J., (1998). Report on the first IFCN Meeting, April 14 - April 19, 1998. IFCN-Report 1/1998 FAL, Braunschweig, Germany.

(ECKERT, J. & VAN SEVENSTER, D. E. N., (1995) Agriculture and the Economy in the Western Cape:Analysis with an extended, multi-regional input-output model. Unpublished document, Centre for Policy Analysis, Development Bank of South Africa, Midrand

GRIFFIN, M. (1998). Overview of the World Dairy Situation: Changes, Trends and Challenges for the Dairy Industry. Paper presented at: Centre for Agricultural Strategy Conference, University of Reading, UK, 8 April 1998.

Informativo veiculado por Dairy Outlook/FAO - www.fao.org/mailnews/dairyout.htm

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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