ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Oportunidades de mercado no setor de Food Service

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 20/03/2006

6 MIN DE LEITURA

1
0
Muito se tem falado sobre a importância da promoção de lácteos em um ambiente cada vez mais competitivo, em que novos hábitos de consumo, novas empresas e novas propostas surgem, trazendo com elas a possibilidade de afetar negativamente o mercado de lácteos.

Não há dúvida sobre a importância da promoção, mas é necessário lembrar que a promoção é apenas um dos "Ps" do marketing: há também o Produto, a Praça (ponto-de-venda ou canal de distribuição) e obviamente o Preço. Pouco adianta investir em propaganda se os produtos lácteos não são atraentes ao público, não estão disponíveis nos locais adequados, não atendem aos diversos mercados existentes ou são produzidos a preços incompatíveis com o benefício sentido pelo consumidor. Em resumo, a propaganda tende a ser menos eficaz se o conhecimento a respeito do mercado em si por parte das empresas de laticínios for insuficiente para permitir que o setor capitalize a partir de ações de propaganda.

Esse conceito é válido obviamente para qualquer segmento de mercado, não apenas lácteos. Tampouco, ao citá-lo, deixo implícito que se trata da realidade do setor hoje - para tal, seria necessário conduzir uma análise mais profunda, que está além do nosso objetivo nesse artigo. O que se pode dizer, com toda certeza, é que há oportunidades de mercado inexploradas e que têm o potencial de oferecer retornos interessantes ao setor.

No workshop de planejamento estratégico promovido pela ABIQ (Associação Brasileira das Indústrias de Queijo), ao qual tive a oportunidade de participar, conhecemos uma destas oportunidades. Trata-se do segmento de "Food Service", que envolve todo o processo de preparação de refeições fora de casa, independentemente se o seu consumo ocorrerá em casa ou fora dela. Trata-se de uma forte tendência aqui no Brasil e uma ampla realidade em outros países, à medida em que fenômenos como o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho se consolidam e que o tempo dedicado ao preparo de refeições em casa diminui consideravelmente. Em 1971, o tempo médio dedicado ao preparo de alimentos em casa no Brasil era de 2 horas por refeição. Hoje, é de apenas 15 minutos. Essa diferença significa aumento das refeições fora de casa - e grandes oportunidades para empresas de alimentação.

O especialista em Food Service Enzo Donna trouxe aos participantes do evento informações muito relevantes a respeito do que é este segmento, do potencial de crescimento e do posicionamento do setor de lácteos (em especial o de queijos) ao fornecer produtos e serviços para esse setor.

O Food Service é um segmento que movimenta nos Estados Unidos a quantidade astronômica de US$ 520 bilhões ao ano, de um total de US$ 1 trilhão gastos com alimentação. No Brasil, as estimativas sugerem a participação do Food Service como sendo de 24%, número que vem crescendo, a ponto de se apontar que, dentro de 15 anos, deverá ultrapassar 50%.

Ao se pensar em Food Service, logo vem a mente lanchonetes como o McDonald's e afins, mas é interessante perceber que o segmento vai muito além disso: restaurantes, lojas de conveniência de postos de gasolina, que oferecem sanduíches e lanches prontos, escolas, exércitos, presídios, serviços de refeição para empresas, catering (para refeições áreas), rotisserias de padarias - reparem como as padarias vêm mudando o foco de seu negócio, de forma que a rotisseria vem ganhando cada vez maior espaço - hotéis e hospitais, rotisserias de redes varejistas, e assim por diante.

Nas redes varejistas, o setor de Food Service vem se destacando: nos últimos dois anos, as rotisserias dos grandes varejistas cresceram nada menos do que 130%. O canal é também lucrativo. Apesar de envolver 7 a 10% das vendas totais, representa 17 a 18% do lucro. As grandes redes perceberam a existência de produtos substitutos que representavam uma grande ameaça ao seus negócios. Mais importantes do que seus concorrentes diretos seriam os restaurantes, que eliminavam a necessidade de compra de produtos no varejo por parte dos consumidores. Com essa percepção em mente, trataram de aumentar os serviços de Food Service.

O Food Service apresenta características próprias em comparação às vendas para o varejo tradicional e para o setor industrial, mostradas na figura 1. A marca do fabricante, por exemplo, se perde. Ninguém sabe de onde veio o queijo que está na pizza consumida no domingo à noite, por exemplo, o que não ocorre no varejo, onde a marca do fabricante aparece. Também, a logística é extremamente complexa - são 1,3 milhão de estabelecimentos - representando um obstáculo para para novos entrantes e uma barreira interessante para que a domina.

Por outro lado, o custo do canal de distribuição é bem mais baixo do que o custo do varejo, que cobra altas taxas para a exposição das mercadorias, não há a necessidade de se trabalhar com grandes volumes e, mais importante, a rentabilidade de quem atua neste segmento é superior aos demais canais.

Figura 1. Matriz de vantagem/desvantagem por canal de distribuição (fonte: Enzo Donna)


Esse setor complexo, crescente e dinâmico apresenta inúmeras oportunidades para empresas que souberem nele operar, fugindo da mesmice representada pela tradicional e em geral pouco rentável venda ao varejo, ainda que atributos como a marca sejam perdidos. Entre estas oportunidades, está até a de mudar a concepção estratégica dos negócios de alimentação. Muitas empresas que fornecem alimentos para o Food Service caracterizam-se mais como empresas de serviços do que indústrias. Em alguns casos, são responsáveis por encontrar soluções adequadas para os clientes e mesmo formular os cardápios através de seus nutricionistas. Não se trata, nesses casos, de vender o queijo para o sanduíche de uma loja de padaria, mas eventualmente produzir o sanduíche inteiro.

Enzo deu o exemplo de uma empresa que propôs a uma importante padaria de São Paulo passar a servir alguns tipos de sopas a seus clientes. O empresário topou a idéia e durante algumas semanas a empresa fornecedora da sopa deslocou um chefe de cozinha para o cliente, ensinando como preparar e analisando a repercussão junto ao mercado. O resultado foi um sucesso e a sopa foi incorporada ao cardápio. Não é preciso dizer que o dono da padaria ficou extremamente satisfeito com o fornecedor. Também, não é preciso muito para entendermos que o preço do produto passou a pouco crítico na negociação: afinal, o fornecedor estava claramente comprometido com o sucesso do seu cliente, ajudando-o a ganhar dinheiro.

Dada a importância estratégica desse segmento, várias grandes empresas de laticínios têm criado estruturas próprias para atender ao Food Service. A figura 2 traz alguns desses exemplos. Todas essas empresas, pesos pesados mundiais do setor de laticínios, criaram serviços para atender clientes que servirão ou venderão refeições prontas ao cliente final. Segundo o Rabobank, o Food Service é o setor que apresenta as maiores taxas de crescimento entre todos os mercados.

Figura 2. Iniciativas de empresas de laticínios no setor de Food Service (Fonte: Rabobank)


Várias empresas aqui no Brasil já se atentaram para esse mercado. Das nossas exportações, 40% vão para o Food Service, em aplicações tão diversas como a carne do exército inglês, preparada com alta tecnologia e qualidade por um frigorífico nacional, que percebeu a chance de agregação de valor ao fornecer esse serviço.

Em grande parte, porém, nota-se desconhecimento a respeito desse enorme mercado que já existe, que vai crescer mais ainda e que oferece grandes oportunidades. Em geral, as empresas de alimentação se portam mais como indústrias tradicionais, vendendo ao varejo, que representa 75% das vendas do setor. Ao não conhecer a fundo esse importante canal, deixam de criar alternativas de mercado que podem representar excelentes oportunidades de negócio, melhorando a atratividade do setor como um todo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

FAQUINI

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 20/03/2006

Parabéns,



Excelente artigo. Deve ser melhor desenvolvido os mercados industriais e food service, a fim de promover melhor rentabilidade nas indústrias de lácteos. A abordagem foi correta em todos os sentidos.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures