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Paraná e Santa Catarina parecem estar retomando os caminhos O cooperativismo no Sul volta a caminhar

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 18/01/2002

4 MIN DE LEITURA

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Paraná e Santa Catarina parecem estar retomando os caminhos do cooperativismo no setor leiteiro. Sempre me pareceu um contra-senso que estados com forte colonização européia, com grande tradição cooperativista, tenham chegado ao ponto de se desfazer de grandes cooperativas, algumas até modelos de eficiência e polo de difusão de tecnologia.

A Batavo, no Paraná, era um ícone em produção de leite, atraindo milhares de técnicos e produtores, que visitavam e ainda visitam suas propriedades e estação de pesquisa para aprender a manejar e alimentar rebanhos puros, construir instalações apropriadas para rebanhos de alta produção e conhecer as técnicas de plantio direto e plantio de alfafa, embora nem sempre possíveis de ser adaptados a outras regiões. A Batavo era (é) também conhecida pelo grande número de ordenhas mecânicas instaladas e pelo leite de alta qualidade produzido.

Por tudo isso, a venda da empresa soou, à época, como um duro golpe na credibilidade do modelo cooperativista, face ao fato de um dos melhores exemplos do sistema ter passado para uma multinacional privada.

Nesta semana, os jornais trouxeram matérias que indicam alguma movimentação em caminho inverso. A Cooperativa Central Aurora, do Oeste catarinense, está estudando a implantação de uma indústria para processamento de 500 mil a 1 milhão de litros diários, volume hoje entregue justamente à Batávia, controlada pela Parmalat. Segundo o presidente da Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc), Luiz Hilton Temp, ""o sucesso ou o fracasso econômico da atividade leiteira reflete-se de imediato no cotidiano de vasta parcela da população catarinense". Para ele, os dirigentes cooperativistas catarinenses, que nos últimos anos só tiveram olhos para a expansão da avicultura e o crescimento dos suínos, despertaram para o fato de que o leite deixou de ser uma atividade secundária no estado. "A produção de leite virou o último refúgio de muitos agricultores que migraram de outras atividades, como a suinocultura e a avicultura", diz Temp.

Também nesta semana foi notícia, na Folha de Londrina, a situação atual de 10 cooperativas paranaenses de leite que se unificaram há 3 anos e meio, através da Cooperativa Central Agro-industrial Ltda, Confepar. Fazem parte a Cativa (Londrina), a Colmar (Maringá), a Colari (Mandaguarí), a Coplac (Santo Antônio da Platina) e a Centralnorte (Apucarana), que representa mais seis cooperativas singulares: a Corol (Rolândia), a Cocamar (Maringá), Coamig (Guarapuava), Cofercatu (Porecatu), Cocafé (Astorga) e Copagra (Nova Londrina).

A matéria diz que a situação atual das cooperativas é bem melhor do que antes do acordo, embora o produtor esteja recebendo menos hoje do que em 1998, em função das dificuldades do mercado, dizem os dirigentes. As cooperativas, por sua vez, estão mais enxutas e saneadas. A unificação trouxe redução no custo operacional da ordem de R$ 350 mil/mês e de pessoal (750 para 350 pessoas).

O faturamento da Confepar subiu de R$ 58 milhões, em 1999 - com prejuízo - para R$ 83 milhões, com lucro, em 2001. Houve também ganho em escala e foco na comercialização de leite em pó, abrindo mão de derivados que não geravam lucro.
A matéria cita que a Confepar foi a única cooperativa do País a utilizar recursos do Recoop (15 anos de prazo, a juros de IGPD + 6% ao ano) para expansão e não para pagamento de dívidas. A projeção da empresa para 2002 é aumentar em 14% a captação de matéria-prima, que no ano passado foi de 102 milhões de litros/ano, já acima dos 91 milhões do ano 2000.

Além disso, as cooperativas filiadas preferiram a produção em escala de leite em pó, pasteurizado e longa vida, abandonando a idéia de agregar valores com a produção industrial, tarefa que foi transferida para a Confepar, que já desempenhava este papel e também fabricava suas próprias marcas. Com isto, segundo a matéria da Folha de Londrina, as cooperativas singulares fecharam as suas fábricas e passaram a cuidar mais da captação do leite junto ao produtor. É um modelo semelhante ao que estão buscando a Coonai, a Casmil e a Copercarmo, que constituiram a Central Leite Nilza com foco no mercado, ficando as singulares responsáveis pela captação de leite, otimizando recursos e evitando a canibalização do mercado entre elas.

A Confepar não está atuando sozinha. Nesta semana, fundou a Serlac, junto com a cooperativa Itambé e a empresa Embaré, ambas de Minas Gerais. A Serlac é um trade que entra no ranking das maiores empresas importadoras/exportadoras de leite do País, concorrendo com grandes grupos do setor. Segundo o presidente da Confepar, Renato José Beleze, ''a idéia é exportar, mas queremos ter participação ativa nos processos que definam essas importações, e fazer parte delas, como fez o setor automotivo''. A Serlac atuará como uma reguladora de mercado.

Sem dúvida, são notícias interessantes ao produtor, demonstrando que há algo de concreto sendo feito no sentido de não só criar novas cooperativas, mas também revigorar e modernizar as já existentes, com uma atuação mais focada e orientada ao mercado, visando influenciar mais os preços no mercado.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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TATIANE SCHILDT

OUTRO - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2002

Considero muito importante esse tipo de artigo que mantém os produtores e interessados em geral a par da situação das cooperativas no Sul. Entretanto, estranhei que não houvesse nenhuma referência quanto ao Rio Grande do Sul.

Gostaria muito de receber informações sobre a situação do meu Estado, não desconsiderando, é claro, os dados já apresentados que são ótimos, e de muita valia.

Comentário MilkPoint: <i><font color="#006666">Agradecemos a dica da leitora. O Comentário da Semana mencionado analisou as matérias que foram publicadas em alguns jornais naquela semana, mais especificamente falando sobre cooperativas de Santa Catarina e Paraná. Estaremos sempre atentos a notícias e fatos envolvendo o cooperativismo no Rio Grande do Sul, que sempre foi bastante forte e atuante.</i></font>

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