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Melhoria da qualidade do leite: reflexões

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 08/01/2008

10 MIN DE LEITURA

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Em outubro, com as descobertas de fraudes no leite, as discussões sobre qualidade se intensificaram. Nas televisões e nos jornais de grande circulação, a população foi informada de que a adição de soda e de água oxigenada visava mascarar a má qualidade da matéria-prima que chegava à indústria. A eficácia do sistema de inspeção federal foi colocada em dúvida e o ministro Stephanes anunciou alterações significativas na fiscalização dos laticínios. Como conseqüência também deste processo, o RIISPOA finalmente será atualizado, provavelmente legalizando a IN 51, que está vigente desde julho de 2005 no Sul, Centro Oeste e Sudeste e desde julho de 2007 no Norte e Nordeste.

Embora o fogo tenha sido debelado e o escândalo tenha ficado restrito aos dois casos originalmente encontrados, o momento é oportuno para discutirmos mais a fundo a questão da qualidade do leite, provavelmente o tema técnico mais discutido nos últimos dez anos e que envolve interesses de produtores, de laticínios e de empresas de insumos, como as de medicamentos e de ordenha. Nesse período, a IN 51 foi implantada, iniciamos as exportações, que exigem qualidade e têm sido bem sucedidas, e alguns dos principais laticínios passaram a incluir aspectos de qualidade do leite, notadamente gordura, proteína, CBT e CCS, no cálculo dos preços pagos aos seus fornecedores.

Posto isso, surpreende que, apesar de todo o enfoque que vem sendo dado à qualidade do leite, passando por eventos que discutiram o tema, pela criação de conselhos de qualidade como o CBQL, pelo aparelhamento dos laboratórios da Redeleite e outras ações institucionais relevantes, além de investimentos por parte dos produtores e laticínios, a qualidade do leite tem evoluído pouco nos últimos anos. Dados da Clínica do Leite (ESALQ/USP), publicados no Boletim do Leite de novembro de 2007 (tabela 1) mostram que, no último ano, a qualidade não evoluiu e a dispersão dos dados, especialmente para Contagem Bacteriana e Contagem de Células Somáticas, se mostrou muito elevada, o que pode ser conferido na coluna do desvio padrão. Pelos dados, cerca de 10% do leite analisado estaria acima do padrão máximo de 1 milhão de CCS/mL, o que, segundo a legislação não seria adequado ao consumo humano.

Há, sem dúvida, algum consolo nestes dados, refletido pelo substancial aumento no número de amostras que esse laboratório analisou. Para gordura, proteína e extrato seco desengordurado (ESD), CCS e CBT foram analisadas cerca de 80% mais amostras no último período. Com o aumento do número de amostras, é sensato considerar que passaram a fazer parte das estatísticas propriedades que nunca trabalharam com estes índices e, portanto, estão no início de sua curva de aprendizado.

Mesmo com essa importante ressalva, a estagnação dos dados agregados no último ano surpreende. Há diversas razões para isso, sendo impossível discuti-las em profundidade em um artigo dessa natureza. Certamente, acesso a informação, capacitação de mão-de-obra, infraestrutura, fiscalização e outras mais têm seu quinhão de importância. Também, é possível que existam laticínios que, entre competir pelo produto de melhor qualidade com as grandes empresas, "prefiram" atuar em um segmento de qualidade inferior ou de menor agregação de valor aos derivados. Neste artigo, a intenção é discutir a vertente econômica da qualidade: até que ponto se valoriza a qualidade com bonificações que venham a estimular a melhoria da qualidade?

Os números sugerem que pouco, muito pouco. Das 230 indústrias que analisam o leite na Clínica do Leite, apenas 11 têm programas de pagamento por qualidade. Isso significa cerca de 5% das empresas. Apesar deste grupo incluir as principais captadoras de leite do país, de modo que a proporção da produção sujeita a estímulos decorrentes da melhoria da qualidade seja bem maior do que os 5% mencionados, não há como negar que, independentemente, o número é muito baixo. Volume, no Brasil, ainda é o principal diferencial de preço, em especial quando há escassez de leite, como ocorreu em boa parte de 2007.

O pagamento por qualidade é a principal ferramenta para melhoria da matéria-prima. Dados da mesma Clínica do Leite informam que as empresas que possuem pagamento por qualidade verificam, em seus fornecedores, CBT média de 90 mil UFC/mL, contra 500 mil das que não possuem programas diferenciados de pagamento por qualidade. Difícil haver um argumento melhor do que esse para mostrar que, diante de políticas de estímulo/penalização, a tendência é haver melhoria da qualidade. (Observação: a disponibilidade de infra-estrutura básica, condições de financiamento e acesso a informação/capacitação de produtores, em especial oriundos da agricultura familiar, é um ponto que deve ser fortemente considerado para que a melhoria da qualidade não seja um processo de aceleração da exclusão, com impactos sociais que devem ser avaliados).


Tabela 1. Análise das variáveis de qualidade do leite.


Fonte: Clínica do Leite - ESALQ/USP, publicado no Boletim do Leite. Obs: NU = uréia no leite

Além disso, a principal ênfase de alguns programas está na parte higiênico-sanitária e não tanto na melhoria do teor de sólidos, variável importante para ganharmos competitividade no produto exportado. O caso da DPA, por exemplo, é interessante, especialmente por ser a principal captadora de leite do país. A empresa, uma das pioneiras a começar com o programa em início de 2005, fez uma revisão elevando a sensibilidade da remuneração do produtor para CBT e CCS, cujos bônus (e penalizações) se tornaram mais facilmente alcançados do que para o aumento de sólidos. Para exemplificar, se um produtor elevar a gordura média do leite de 3,58% (média do último ano, na Clínica do Leite), para 3,98%, seu leite terá acréscimo de cerca de R$ 0,0095 por litro, ou seja, menos de R$ 0,01. O aumento do teor de gordura do leite, normalmente, vem em prejuízo da produção, ou seja, dificilmente se consegue aumentar o teor de gordura e a produção de leite. Em função disso, não haveria motivo para se elevar a % de gordura, exceto se a faixa atual refletir problemas como falta de fibra e acidose ruminal, que concorrem para piorar a saúde geral do animal e a eficiência de produção. Em outras palavras, uma estratégia baseada no aumento do teor de gordura do leite não faria sentido econômico, levando em conta essa sistemática de pagamento e uma possível redução na produção.

Há, ainda, uma outra questão. A maior parte dos sistemas de pagamento por aqui remunera por faixas porcentuais e não por quantidade efetivamente produzida. Assim, pode ocorrer da produção total de sólidos aumentar, em função de significativos ganhos porcentuais, mas a receita total se reduzir, caso haja alguma queda na produção atrelada à elevação do teor de sólidos.

No caso da proteína, para saltar de 3,19% (média da Clínica do Leite) para 3,40% (média norte-americana), a remuneração do litro melhoraria mais do que para gordura: R$ 0,0248/litro. Porém, elevar o teor de proteína do leite é tarefa normalmente difícil e cara, exceto se houver deficiência considerável de energia e proteína nas dietas (o que, diga-se de passagem, deve ocorrer em muitas propriedades). Afinal, o teor de proteína do leite varia pouco, o que pode ser aferido pelo desvio padrão, proporcionalmente muito menor do que para a maior parte das demais variáveis descritas na tabela 1.

Para se elevar o teor de proteína do leite, é normalmente necessário investir em concentrados. A vantagem em relação à gordura é que via de regra, aumento do aporte de energia eleva não só o teor de proteína do leite, mas também produção, o que evita a situação conflitante verificada com a gordura. De qualquer forma elevar a proteína não é barato. Em janeiro de 2005, quando as principais empresas começaram a pagar por qualidade, a saca do milho estava cotada a R$ 17,30; em novembro de 2007, o valor subiu para R$ 27,40, um aumento de 58,5%. O farelo de soja passou de R$ 529/tonelada para R$ 694/tonelada, acréscimo de 31%. Embora, ao contrário do que ocorre com a gordura, aumentos no teor de proteína do leite podem acompanhar aumentos na produção de leite, mas considerando que elevar a proteína do leite é tarefa difícil e custosa, fica a pergunta se os atuais programas de pagamento por qualidade estimulam suficientemente a melhoria do teor deste nutriente que está diretamente relacionado ao rendimento industrial de queijos e outros lácteos.

Esta diferença de custos remete ao fato de que os programas de pagamento por qualidade das principais empresas foram concebidos em 2005, quando o preço do leite estava menor do que em 2007 (embora 2005 tenha sido um ano de preços médios interessantes) e, fundamentalmente, os custos de produção, em especial de suplementação, eram menores. Assim, em janeiro de 2005 os bônus de qualidade apresentavam uma relação benefício/custo mais favorável do que hoje e, mantida a tendência de elevação nos custos de produção, têm de ser revisados de tempos em tempos.

Em função disso, talvez o estímulo para a melhoria dos sólidos tenha sido insuficiente, o que seria um dos fatores responsáveis pela não-evolução dos teores de gordura e proteína nos últimos 2 anos, mantendo-se em patamares inferiores aos de outros países e muito inferiores a de concorrentes exportadores, como é o caso da Nova Zelândia, que apresenta em média 8,4% de gordura + proteína (os dados da Clínica do Leite indicam 6,8%, quase 20% a menos).

De fato, acredito que poucos nutricionistas vão hoje formular dietas pensando em aumento do teor de sólidos caso este aumento não venha acompanhado de aumento na produção total de sólidos, incorporando a variável de produção na conta. Igualmente, acredito que poucos selecionarão touros com base na melhoria de sólidos caso não haja um concomitante aumento da produção de leite, o que nem sempre ocorre.

Por outro lado, a obtenção de bônus pela redução dos teores de CCS e CBT parece bem mais palpável: leite com CCS abaixo de 240 mil células/mL consegue sobrepreço de R$ 0,012/litro no programa da DPA, sem contar os benefícios indiretos de redução de perdas de produção, melhorias na saúde animal, possível redução nos custos de medicamentos, redução de descarte, etc. No caso da CBT, leite com menos de 40 mil UFC/mL atinge bônus de R$ 0,024/litro, basicamente com medidas de higiene e refrigeração adequada do leite. Sendo assim, neste programa, o estímulo à melhoria da qualidade higiênico-sanitária é maior do que o estímulo à melhoria da qualidade composicional do leite.

Embora tenhamos tratado, neste artigo, de duas vertentes distintas envolvendo qualidade do leite, isto é, as variáveis higiênico-sanitárias e as variáveis composicionais, relacionadas aos teores de nutrientes, fica claro que, em linhas gerais, o estímulo à melhoria de ambas, pela via de mercado, é modesto, principalmente porque são poucas as empresas que remuneram por qualidade e, com importância secundária, porque talvez os programas existentes hoje não sejam suficientemente atrativos para permitir evolução considerável em sólidos.

Talvez, para as condições brasileiras, em que grande parte do leite é consumido no país e na forma fluída, e em que volume tem de fato sido o principal direcionador, não faça sentido mesmo dar ênfase muito grande ao aumento do teor de sólidos, exceto para empresas com grande foco exportador. Comparar com a Nova Zelândia, país que exporta mais de 95% de sua produção, não parece apropriado. Mesmo assim, a tendência é de valorização de sólidos, seja porque o futuro do país inequivocadamente depende das exportações, seja porque, no mercado interno, os produtos lácteos que deverão ter o consumo elevado no futuro são os que dependem do rendimento industrial.

No caso das variáveis de qualidade microbiológica, a conversa é outra e bem mais imediata. Neste episódio da fraude, como bem observou o Prof. Paulo Machado, da ESALQ/USP, a repercussão não deixa dúvidas de que o consumidor valoriza a qualidade, embora seus conceitos de qualidade nem sempre reflitam aqueles que os técnicos do setor consideram. Pode-se dizer, porém, que a partir de outubro de 2007, o consumidor brasileiro despertou para a tal "qualidade do leite" e, de agora em diante, manterá o produto sob permanente escrutínio, tolerando cada vez menos problemas como os verificados. Sob esse prisma, a baixa ocorrência de programas de pagamento por qualidade preocupa, e muito. Isso sem abordar a fundo que o leite "spot", comercializado entre empresas, e que representa parcela importante e crescente, via de regra não tem em seu comércio parâmetros de estímulo/penalização à qualidade compatíveis com as futuras exigências do mercado.

Obs: os valores de pagamento por qualidade foram calculados a partir do material disponível no site da DPA, em 04/01/08. https://www.dpamericas.com.br/SPLDPA_pagamentodeleite.aspx

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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EDSON ROBERTO BACELAR

OUTRO

EM 21/03/2008

Marcelo,


Parabenizo pelo brilhante artigo e informo que após o advento do pagamento por qualidade estamos observando uma verdadeira revolução nas práticas diárias de ordenha, manejo sanitário e manejo nutricional, o que é muito bom para toda a cadeia produtiva.

Observamos, em nossas propriedades assistidas, uma conscientização muito grande por parte de produtores e auxiliares, porém ainda há quem resista achando que são exigências descabidas.

Abraços,

Edson Bacelar
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 23/01/2008

Marcelo, parabéns pela excelente abordagem.

Realmente a questão só pode ser resolvida com monitoramento, gestão, responsabilidade e principalmente retribuição à melhoria da qualidade dos sólidos.

Nesse sentido, eu não entendo por que não obrigar que a remuneração ao produtor seja com base no peso e não mais no volume.

Além de simplificar o pagamento da bonificação por sólidos dentro das empresas que já têm programa de remuneração por qualidade, estenderia essa prática de forma obrigatória para a grande maioria que não paga por sólidos.

No varejo, estabelecerá uma relação de troca mais justa para produtores e consumidores.

Abraços,

Roberto
AURELINO SEABRA DE OLIVEIRA

IPIAÚ - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/01/2008

Marcelo, boa tarde,

Parabens pelo artigo, é de suma importância e não esta sendo levado a sério, tanto pelas indústrias como pelos produtores. Faço parte de uma Associação de produtores, que tem 82 associados, com uma produção média de 8 mil litros/dia e entregamos para ums 4 compradores e nenhum se preocupa com qualidade do leite.

Pretendemos elaborar um trabalho dentro da Associação para podermos pagar aos nossos produtores um preço diferenciado.

Atenciosamente
Aurelino Seabra de Oliveira
HUGO CESAR SILVA

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 21/01/2008

Gostaria de saber o que está sendo feito hoje por parte das autoridades para fiscalizar laticínios e produtores em relação à normativa 51. E se existe alguma multa para aqueles produtores que não se adequam a ela.

Grato
Hugo Cesar Silva
Sup. de vendas
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/01/2008

Parabéns, Marcelo, pelo artigo.

Mesmo sendo produtor há 25 anos, até hoje produzir sólidos acima de limites pré-estabelecidos como 3,3% de gordura e 3% de proteína no Brasil não vale apena, pois as indústrias preferem transportar água do que remunerar sólidos aos produtores.

Ex.: Se a partir de 2010 o pagamento for feito por quilos de sólidos produzidos, eu lhe garanto que em 3 anos a maioria se adaptará à nova regra.

Obrigado.
ANTONIO CARLOS GARCIA

CAMPINAS - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 19/01/2008

Prezado Marcelo,

Parabéns peça exposição do assunto. Como distribuidores temos tido muitas experiências sobre o comportamento do consumidor.

Lamentavelmente, o fator preço, aliado à falta de conhecimento, fala mais alto para diversas camadas da população.

Com as notícias de fraudes veiculadas na ocasião, houve significativo aumento de procura por produtos mais confiáveis, mesmo a preços superiores.
Infelizmente, isso ocorreu somente durante o período que o assunto repercutia nas jornais e TV.

Uma vez interrompida a sequência, as vendas de diversos laticínios, cujos preços ao atacado são completamente incompatíveis com os mais baixos custos (normais) de produção, voltaram ao mercado em volume acentuado, sendo consumidos por aquela parceda da população que elege como prioridade o preço e a praticidade, independentemente da qualidade.

Esperamos sinceramente que a qualidade tenha seu lugar na produção, mas ainda mais na conscientização dos industriais que os preparam e finalmente, que os consumidores possam entender que o mais barato nem sempre é conveniente, principalmente tratando-se de leite, o qual destina-se à alimentação (primordialmente a infantil). Vamos divulgar os benefícios da qualidade para mudar a mentalidade.

Saudações,

Antonio Carlos
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/01/2008

Prezado Alexandre: Parabéns ao Rio Grande do Sul pela conquista. Infelizmente, em nossa região de Minas Gerais (o maior produtor de leite do Brasil), temos grande parte da produção carregada por latas, mesmo quando um tanque de expansão encontra-se colocado para recebimento do produto. Pasme: o leite é transportado em latas da propriedade até este tanque e, não por caminhões especializados. E falo de indústrias portadoras do SIF.

Nós, que cumprimos os ordenamentos da IN 51, com higiene, resfriamento do produto, ordenha mecânica, que produzimos mais de mil litros dia, nos sentimos um tanto quanto enganados, já que os investimentos em qualidade são altos e o retorno é quase nenhum. E observe que estamos próximos ao recém-criado pólo do Leite, em Juiz de Fora, onde existe uma sede da Embrapa Gado de Leite e o Instituto de Laticínios Cândido Tostes, expoente na formação técnica. Será que o poder da indústria é tão grande assim, ao ponto de descumprir a norma legal, sem qualquer dano?
Esperamos, sinceramente, que não.
Um abraço.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
HENRIQUE DE PAULA EDUARDO

BOTUCATU - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2008

Caro Marcelo,

Muito bom artigo, como sempre, e considerações de todos colegas de atividade. Como iniciante na atividade gostaria de sugerir ao site ou até mesmo me informar mais sobre indústrias de captação. Quais são, que região atuam, quanto pagam, quais critérios usam para prêmio... A intenção é aproximar quem quer pagar mais por qualidade de quem produz melhor.

Acho incoerênte diante de toda essa discussão e busca pela qualidade do leite que ainda existam empresas que exploram produtos de baixa qualidade ao invés de incentivar seus colaboradores a melhorarem a produção de sua matéria prima.
JOSÉ LUIS SERAPIÃO

LIMEIRA DO OESTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 13/01/2008

Marcos Scaldelai, concordo em gênero, número e grau com o seu ponto de vista, pois apesar de não estar mais na área de compra de leite, mas estive por muito tempo nela, só teremos seriedade no quesito qualidade quando todas as empresas do setor se tornarem realmente sérias. Mas isso, meu amigo, só será conseguido por uma seleção natural, ou seja, com o tempo aquela que não se enquadrar, estará fora.

Um grande abraço, de seu amigo
Zé Luis
ALEXANDRE TRINDADE LEAL

GARIBALDI - RIO GRANDE DO SUL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 11/01/2008

Prezado Marcelo,

Parabéns pelo artigo, temos esperança e trabalhamos para que realmente a produção de leite com qualidade seja valorizada em todas as etapas da cadeia. Um comentário especial em relação aos questionamentos do Sr. Guilherme: O cumprimento da IN 51 é uma responsabilidade da indústrias e não apenas do produtor individualmente, o MAPA cobra das indústrias.

Infelizmente temos problemas, como a coleta em latões citada pelo Sr, porém isso não é regra. Aqui no RS, estamos com a granelização completamente implantada, hoje as empresas com SIF daqui não recebem mais em latões, da mesma forma posso afirmar que aquelas empresas que não estão cumprindo as exigências da IN51 estão sendo penalizadas sim.

Vou lhe citar um exemplo, uma empresa habilitada para exportação que não esteja cumprindo a IN51 é excluída da exportação. Empresas de mercado interno também estão sendo punidas com os instrumentos legais que dispomos. Apesar das dificuldades da fiscalização, estamos trabalhando para o total sucesso da IN51 e acredito que temos a oportunidade de entrar em uma nova fase da produção leitera no país.

Já obtivemos algumas conquistas, mas ainda temos muitas dificuldades e desafios a serem enfrentados, muito bem abordados no artigo e nos comentários dos leitores. Por fim, não desista, o Brasil precisa de produtores como o Sr.
SILVIO MACIEL

SENADOR POMPEU - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/01/2008

Prezado Marcelo,

Parabenizo pela Observação e Questão levantados. Infelizes aqueles que tiveram suas ´caras´ expostas ao grande cenário brasileiro, com as comprovadas fraudes divulgadas em outubro; mas muito felizes todos aqueles que puderam constatar que muitas Indústrias estão cumprindo seu dever de casa, para garantir aos consumidores produtos de fato com Qualidade garantida; dita por muitas, mas comprovadas por poucas.

Sou técnico em Agropecuária e gostaria muito respeitosamente de sugerir aos Donos, Presidentes, Diretores de Indústrias de Lacticínios do grande número de Técnicos colacados no mercado todos os anos. Contratá-los para trabalhos a campo, e verdadeiramente dá - los suporte de ´visitação´ a fazendas, e persistentemente orientação aos produtores, com certeza os resultados seriam outros; bem mais honrosos.
FERNANDO ENRIQUE MADALENA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 11/01/2008

O Sr. Walter Jark Filho está certo (na carta acima). Aumentando em x o percentual de sólidos inicial (s), aumenta-se a quantidade de sólidos em 100.x/s. No exemplo que ele coloca, x = 1%, s = 11,5% e a quantidade de sólidos aumenta 100.1/11,5 = 8,69%.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/01/2008

Prezado Marcelo: Cansamos de ver o produtor rural ser cobrado pela qualidade do leite que produz. É correta esta cobrança, porque se nós não zelarmos pelo produto que produzimos não poderemos exigir preço por ele. Mas, lado outro, quem cobra dos laticínios? A IN 51 só serve para o produtor? Onde há fiscalização do fim do transporte em lata do produto? Onde há obrigação do leite resfriado?

Em minha região (Zona da Mata/Sul de Minas Gerais) o antigo caminhão de leite ainda vive com saúde e o leite nele transportado (embaixo de chuva e sol) chega ao laticínio às quatorze, quinze horas. Se azeda na viagem, prejuízo do produtor, não da indústria, que o devolve no dia seguinte. Nós, que fazemos a lição de casa, com higiene, com consciência, nos sentimos desmotivados a prosseguir.
Parabéns pelo brilhante artigo.
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
FERNANDO RIBEIRO SICHIERI

FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/01/2008

Prezado Marcelo,

Que a falta de pagamento por qualidade do leite ao produtor acarreta em um desistimulo de melhorias dentro da porteira, é fato.

Mas o direcionamento macro do mercado nos leva a crer que as indústrias voltadas à exportação e a produtos industrializados, serão adeptas a estas formas diferenciadas de pagamentos.

E partindo deste pricipio de diferenciação de pagamento, quem terá a árdua tarefa que oferecer Programas de assistência focados nas reais necessidades dos Produtores, visto a tamanha heterogeneidade das propriedades de leite? Será que as Industrias terão a iniciativa de criar um corpo técnico capacitado, com Programas que além de melhorias avaliadas na qualidade do Leite, também fidelizarão seus clientes, através de serviços?

Ou será que teremos empresas privadas de consultoria que irão vislumbrar um mercado ainda pouco explorado, que pode a ter uma atratividade fantástica num curto espaço de tempo, em detrimento do ganho percebido pelas grandes industrias, com a concretização de parcerias entre Produtor - consultoria- Laticinio?

Infelizmente temos poucas, se não raras, empresas agropecuárias que prestam serviços que agregam a produção. A maioria se satisfaz em vender produtos, visto que estes sim poderiam ser a grande mola propulsora de tecnologias de impacto, com qualidade percebivel aos olhos e bolso do produtor.

Ex.: ração, temos a de 18% e a de 20% de proteína, cada qual tem seu preço certo. E o leite, até quando o de 3,2% de proteina terá pagamento iqual o de 3,5?

O Show começou em Outubro, vamos ver quem ditará o ritmo a ser dançado?

Marcelo e amigos, em quem vocês apostam?

Produtor - empresas de consultoria - Industria.

ATT
Fernando Sichieri
GEORGEA PAIVA COELHO

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS

EM 08/01/2008

Prezado Marcelo,

A Qualidade Total de todos os produtos primários é a fiel realidade que se espera para os próximos anos. O consumidor que vai dizer o quanto quer pagar por esta qualidade, e as empresas vão se adequar, sabem que pelo gargalo comercial poucos passam. Este acontecimento se dará no longo prazo.

O café possui selo os produtos lácteos também deveriam ter, a empresa paga o produtor também e o consumidor fica informado sobre o que está comprando; sei que deveriamos oferecer produtos homogêneos em qualidade mas... é uma sugestão de um simples medida de "auxilio" a todos os componentes da cadeia.

Abraço,

Georgea
MARCOS SCALDELAI

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/01/2008

Em momentos como estes, pós-escândalos, é bastante comum, como na esfera política, vez ou outra relembrar os casos passados.

Contudo, na prática e no campo, onde está o leite, muito pouco se pode fazer para melhorar o que se chamou "qualidade do leite", pois mesmo não tendo pagamento por qualidade, ainda que seja somente por CBT e CCS, que no meu entendimento nem deveria ser cobrado e sim tido como pré-requisitos, ao se "cobrar" de certos produtores esta questão, estes simplesmente mudam de comprador, aí sim a acertiva de de dizer que o erro está nas Empresas e não nos produtores, eles são só um produto do meio, do meio dos amadores e irresponsáveis.
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/01/2008

Gostaria de chamar a atenção para pagamento por qualidade no item sólidos totais. As empresas, de forma geral, pagam muito pouco pelo aumento dos sólidos. Tenho uma planilha de uma empresa que paga 1% do valor base para cada aumento de 1% do teor de sólidos (dentro de um limite evidentemente).

Na verdade, 1% no aumento de sólidos pode representar aproximadamente 10% no leite em pó deste leite. Por ex., de forma aproximada, a diferença entre 11.5% e 12.5% de sólidos corresponde a 1kg de leite em pó para cada 100 litros de leite. Salvo erro grosseiro nos meus cálculos, isto é um valor significativo. Já fiz este cálculo diversas vezes e sempre chego no mesmo resultado. Gostaria da opinião dos leitores até para ver se há vício no cálculo.

Walter
FERNANDO ENRIQUE MADALENA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/01/2008

Caro Marcelo,

Este assunto é da maior importância e não tem sido tratado no passado com a clareza necessária. Se bem a melhora da qualidade é de interesse de todos, cabe aos laticínios comandar as ações necessárias, via bonificações, como é feito em todos os países de pecuária mais bem organizada.

Infelizmente, devo repetir o que escrevi nesse site em 2003: "Aqui, em vez de pagar, preferiram impor por decreto. Para mim é claro que enquanto não paguem pela qualidade do leite ela não vai melhorar, e parabenizo o autor por levantar o assunto. A questão é: por que não pagam? E também: por que não se fala nisso?"

Sua Tabela 1 comprova. O conceito do valor econômico das características zootécnicas deve ser considerado. Na ausência de remuneração apropriada, tanto os sólidos quanto CCS ou CBT tem valor econômico negativo para o produtor, já que, como você diz, custa mais obter índices melhores. Há, entretanto, hoje, bastante material brasileiro sobre o assunto, que infelizmente não tem tido divulgação suficiente, p. ex,. seleção para objetivos econômicos em gado de leite: EMBRAPA - Gado de Leite, 2006 ou no meu site www. fernandomadalena.com. Faço votos para que a discussão saia finalmente da mesmice e considere soluções para valer.

Abraços

Fernando Enrique Madalena
PAULO FERNANDO MACHADO

PIRACICABA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/01/2008

Marcelo,

O seu artigo é muito bom. Parabéns. É, no entanto, importante lembrar, também, que apesar da queda brusca observada na venda do leite longa vida de algumas empresas, logo após as notícias de fraude, para outras, houve até um aumento nas vendas. O que se observou foi uma procura intensa por parte dos consumidores por marcas consideradas mais confiáveis.

Isto mostra mais uma vez a importância de se ter qualidade e, talvez mais importante ainda, ter a capacidade e condições de mostrar à população que se tem qualidade. Foi o que a Nestlé fez. Qualidade envolve ações de longo prazo em toda a cadeia. Todos os envolvidos, desde o produtor até o varejista precisam trabalhar juntos e continuadamente para garantir um produto de qualidade ao consumidor. O consumidor é que vai definir se o negócio leite vai sobreviver.
OZANAM JOSÉ DA SILVA

SÃO GERALDO DA PIEDADE - MINAS GERAIS - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 08/01/2008

Acho muito interesante falar de qualidade de leite, pois é um produto nobre que o mundo todo consome. Por isso deve se ter muita higiene na produção de leite, e para que isso ocorra, tem que haver incentivo ao produtor, pois leite de qualidade tem custo maior e só com uma melhor remuneração teremos está qualidade.

Senão fica naquela situação: "faço de tudo pela qualidade do leite, meu vizinho não faz e tem o mesmo preço que eu, por que devo fazer?"

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