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Final da década traz conjuntura potencialmente favorável ao produtor especializado

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 18/08/2000

3 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

A abrupta abertura do mercado de lácteos e a saída do governo como balizador dos preços ao produtor, fatos ocorridos no início da década de 90, pegaram o setor produtivo despreparado tanto no âmbito da articulação política como no âmbito da eficiência produtiva. Acostumado ao balizamento do preço por parte do governo durante décadas que, se não era o paraíso, ao menos oferecia alguma possibilidade de proteção, o produtor de leite se viu, de uma hora para outra, à mercê de um mercado controlado por captadores de leite cada vez fortes e tendo que competir com produtos subsidiados ou provenientes de países com tradição exportadora e eficiência produtiva, como a Nova Zelândia. Cooperativas que outrora eram exemplos de sucesso, como a Batavo, acabaram sucumbindo à nova realidade, fechando as portas ou sendo incorporadas por outras empresas. É evidente que a interferência governamental não modernizou o setor, mas é também indiscutível que a liberação repentina prejudicou ao menos parte da cadeia produtiva nacional.

Neste cenário, houve redução de preços pagos pelo leite durante a década de 90: só de 94 a 99, em valores corrigidos, algumas regiões tiveram queda de até 40%, ao passo que os custos não seguiram a mesma tendência. A pecuária dita especializada, que consome insumos, entrou em crise, com freqüentes liquidações de rebanhos e desânimo generalizado, embora a produção total do país tenha crescido no período, passando de 14.498 milhões de litros para cerca de 20.000 milhões em 1999, um expressivo aumento de 38% ou 4,2 % ao ano (a análise deste aumento é assunto para outra ocasião).

Em 1998-1999 a situação atingiu o ponto crítico, especialmente no sudeste, com as denúncias de triangulação de leite subsidiado por parte dos parceiros do Mercosul, com importações não atreladas à necessidade de abastecimento do mercado, pulverizando os preços ao produtor, e com a fragilização de alguns sistemas cooperativistas, como o Sistema Paulista e a Cooperativa Batavo. Parecia não haver perspectivas ao setor especializado e a pecuária de leite especializada parecia agonizar.

Mas algumas coisas mudaram desde então. Em primeiro lugar, o setor passou a ter mais voz junto aos centros decisórios do país, em grande parte devido às ações de instituições como a CNA e Leite Brasil. Com isto, foram obtidos sucessos significativos em relação a tarifas de importação e a implantação de uma constante vigilância contra práticas comerciais ilegais e danosas.

Em segundo lugar, o setor parece ter acordo para os problemas de qualidade do leite, impulsionado pelas exigências de um consumidor cada vez mais presente. Com o que existe hoje, em menos tempo do que se pode imaginar perderemos espaço nos carrinhos de supermercado de uma fração da população com alto poder aquisitivo, sem contar que, em função dos problemas de qualidade, derruba-se qualquer perspectiva de exportação de lácteos. O Programa de Melhoria da Qualidade do Leite trará possibilidades de criarmos um cenário distinto nos anos futuros e inserir o país na conjuntura internacional.

Outro ponto importante é que se percebe uma maior articulação entre produtores, costurando associações locais para compra de insumos e comercialização de leite, criando assim uma base sólida para o fortalecimento futuro de entidades de classe nacionais. Os prestadores de serviços e fornecedores de insumos também se articulam em novas iniciativas como a Láctea Brasil.

Não menos importante do que estes pontos, está a alteração na lei das cooperativas que possibilita a transformação destas em S.A., sendo o fato atualmente mais marcante a reestruturação societária da Itambé, cuja conclusão foi anunciada nesta semana, restando agora o tão esperado anúncio do sócio que irá capitalizar a empresa (ver notícia). Não ficando atrás, a Paulista anunciou também nesta semana a contratação do Banco Pactual para articular a sua futura associação em moldes semelhantes ao da Itambé.

Impulsionado em parte pela conjuntura favorável (desvalorização do real, importações mais caras, déficit no abastecimento) e em parte pela própria necessidade de sobrevivência, o setor vai encontrando seu caminho após as turbulências desta década. Ainda é cedo para previsões muito otimistas, mas que o cenário é mais promissor do que há alguns anos atrás, não há dúvida.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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