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A proximidade cada vez maior entre o produtor e o consumidor

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 30/06/2000

4 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

Em notícia originalmente publicada na revista especializada Feedstuffs e reproduzida pelo MilkPoint, a rede de fast food McDonald´s divulgou que estaria preparando um rigoroso manual de conduta aos seus fornecedores de alimentos, incluindo aí produtores de carne e leite.

Segundo a matéria, este manual consistiria de regras de manejo, cuidado com os animais, critérios para utilização de medicamentos e outros aspectos mais, de forma que o fornecimento de alimentos para o McDonald´s seria feito apenas por fazendas que adotassem os princípios preconizados no manual que, inclusive, conta com a colaboração de especialistas do setor de produção em sua elaboração. A fiscalização seria feita rigidamente pela própria empresa.

O objetivo desta medida tomada pelo McDonald´s é procurar mostrar ao consumidor que a responsabilidade da empresa não começa em seus balcões e restaurantes, mas muito antes, lá no distante e desconhecido produtor rural. Com isto, ao entrar em uma das milhares de lojas do McDonald´s, o consumidor (inicialmente o norte-americano), poderá comer tranquilamente seu hamburguer ou tomar o seu sorvete sem ter dúvidas de que, por exemplo, os animais que geraram tais alimentos são submetidos a maus tratos, medicamentos e hormônios são usados de forma indiscriminada, não se polui o ambiente e outros aspectos mais que colocam em dúvida a segurança alimentar ou o bem-estar do consumidor ao ingerir algum alimento. Evidentemente, trata-se de um diferencial de mercado importante para a rede.

Partindo de uma empresa do porte do McDonald´s, tal nota consolida a importância cada vez maior que o varejo e o consumidor exercem sobre o setor produtivo e mesmo o industrial. No futuro, será importante manter um olho na fazenda e em seus aspectos técnicos e administrativos e outro no mercado. Isto não necessariamente será negativo ao setor; pelo contrário, poderá abrir oportunidades extras para os que melhor se adequarem às exigências do consumidor.

Os advogados do diabo de plantão irão argumentar que, no Brasil, a realidade é outra. O consumidor não está tão preocupado à saúde alimentar como nos países mais desenvolvidos, há milhares de pessoas passando fome, que mal adquirem proteína animal e que, portanto, o brasileiro pouco valoriza a qualidade do produto. Sustentando este argumento, a própria situação do leite cai como uma luva: crescimento do leite informal, pouca identificação da qualidade do produto por parte do consumidor.

Mas é isto mesmo ? É, e não é. O Brasil é o país dos contrastes. Apesar da pobreza, é inegável que haja um público significativo, com poder aquisitivo e consciência suficientes para viabilizar produtos que valorizem o bem estar do consumidor e a segurança alimentar. O crescimento dos alimentos orgânicos, sendo exemplo o recente lançamento do açúcar orgânico, com vendas surpreendentes, está aí para comprovar esta afirmação.

Há outros exemplos de ações implementadas pelo varejo envolvendo produção diferenciada e segmentação de mercado, sendo a raiz de tudo a satisfação do consumidor. O exemplo do momento talvez seja o movimento de padronização da produção que será implementado pelas 2 grandes redes de supermercado, Pão de Açúcar e Carrefour, em linha semelhante à idéia do McDonald´s. Dado a concentração cada vez maior do varejo, sendo estas 2 empresas líderes deste mercado, o momento passa a ser favorável à profissionalização do setor, pois é o consumidor quem está demandando um produto de melhor qualidade, estando disposto a pagar mais por ele.

Mas, e em relação ao leite, o consumidor está disposto a pagar mais por um produto de melhor qualidade ? Ou, antes disto, ele sabe o que é um produto de melhor qualidade ? Apesar do leite ocupar uma posição nobre junto à percepção do consumidor, uma vez que está relacionado à nutrição de crianças, gestantes e idosos, quem compra não conhece a fundo o processo de produção e industrialização e tem poucas maneiras de averiguar a qualidade do produto. Vários motivos para isto poderiam ser discutidos, mas o fato é que, no momento, a valorização da qualidade da carne parece estar à frente da valorização da qualidade do leite. Em pesquisa via internet (sem valor científico) realizada com os usuários do MilkPoint, a percepção é a mesma:

O consumidor é mais sensível à qualidade da carne ou do leite?

 

Figura



Admito que a resposta possa refletir insatisfação dos produtores de leite para com a remuneração do leite de qualidade em comparação ao leite de má qualidade, mas o fato é que a identificação, pelo consumidor, de aspectos de qualidade da carne é mais provável do que do leite.

No entanto, não se pode esquecer que uma parcela dos consumidores valoriza produtos lácteos tidos como superiores. Se assim não fosse, não teríamos leite tipo A, mais caro, nem leites visando à segmentação do mercado (Omega-3, com ferro, etc.). Além do mais, é de se imaginar que uma boa fatia do mercado brasileiro procurará, cada vez mais, conhecer melhor o que está consumindo e, dentro desta tendência, é pertinente incluir os produtos lácteos, ainda mais se considerarmos que são recomendados para crianças e gestantes. Assim, é questão de tempo para que o varejo sinalize que quer um leite de melhor qualidade.

E é justamente nesta tendência que se encontram as maiores oportunidades para o produtor profissional. Apesar da inegável importância de inúmeras ações partindo de produtores e, em alguns casos, indústrias, no sentido de promover a qualidade dos seus produtos e coibir o leite de má qualidade, envolvendo até propostas de arrecadar fundos para fiscalização do leite informal, é preciso que o consumidor esteja sintonizado com estas ações para que o setor realmente possa se modernizar. Ele será o principal propulsor do processo, participando de todas as etapas, incluindo a fiscalização "in loco" de seus fornecedores.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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