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Expectativas de eficiência reprodutiva em vacas de leite tratadas com somatotropina bovina - parte 3

POR JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 27/04/2001

6 MIN DE LEITURA

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José Luiz Moraes Vasconcelos

Nesse radar, apresentaremos a terceira parte da palestra proferida pelo Dr. Matt Lucy durante o curso "Novos enfoques na produção e reprodução de bovinos".

Reprodução em rebanhos de leite tratados com rbST

Em um grande estudo com 28 rebanhos de leite, a administração da rbST em vacas primíparas provocou aumento de 16 dias no intervalo parto-concepção, mas não afetou a taxa total de prenhez (Collier et al., 1997). Nesse mesmo estudo, o intervalo parto-concepção não foi influenciado nas vacas multíparas, mas sua taxa de prenhez caiu 7 pontos percentuais. McGrath et al. (1999) mostraram que a extensão do período de espera voluntária de 60 para 165 dias em vacas primíparas tratadas com rbST ocasionou taxas de prenhez e intervalos de concepção semelhantes aos observados nas vacas de controle (não tratadas), ou seja, não foram observados efeitos negativos da rbST na reprodução no final da lactação, quando houve atraso do período voluntário de espera , quando a produção de leite era menor. Uma conclusão com base nesses dados é que a rbST não causa efeitos negativos inerentes na reprodução, além daqueles ligados ao aumento da produção de leite e ao balanço energético negativo.

Causas da infertilidade em vacas tratadas com rbST

Nenhum dos efeitos da rbST nos folículos ou no CL anteciparia, necessariamente, uma mudança na fertilidade das vacas tratadas com rbST. Porém, a maioria dos pesquisadores conclui que a rbST causa uma leve redução da taxa de prenhez (Collier et al., 1997). O motivo dessa diminuição não está claro, mas é em parte associado ao aumento da produção de leite nessas vacas. A interpretação dos dados sobre reprodução nos estudos com rbST é difícil, pois poucas pesquisas são repetidas de forma precisa. Por exemplo, são utilizadas diferentes doses (doses múltiplas de liberação diária ou prolongada, administradas em intervalos de 1, 14 ou 28 dias), datas de início (de 28 dias pós-parto a 90 dias pós-parto) e programações de reprodução (antes, durante ou após o tratamento com rbST). Algumas análises incluem vacas que estavam prenhes antes ou após o início do tratamento com rbST. Isso confunde os dados sobre reprodução, pois a rbST não afeta a reprodução em animais prenhes. Outros estudos ainda tratam do uso de doses muito baixas de rbST. Essas dosagens menores podem aumentar a fertilidade de vacas leiteiras lactantes (ver abaixo).

Embora poucos estudos sejam idênticos, há algumas tendências entre a maioria das pesquisas sobre rbST e reprodução. O número de serviços por concepção não muda no caso de vacas tratadas com rbST. Ao mesmo tempo, o intervalo parto-concepção pode aumentar um pouco e a taxa de prenhez cair em torno de 10%. Tanto o número de serviços por concepção como o intervalo parto-concepção são calculados com base nas vacas prenhes. Portanto, as vacas que ficam prenhes ao serem tratadas com rbST, aparentemente, não precisam de mais inseminações ou muito mais tempo para ficarem gestantes. Geralmente, não há registros sobre o número de serviços nas vacas que não ficaram prenhes nem por quanto tempo foram inseminadas. Assim, é difícil tirar conclusões sobre as causas da infertilidade em vacas tratadas com rbST que nunca ficam prenhes.

Como já citado, o intervalo parto-concepção pode aumentar em rebanhos tratados com rbST. O maior número de dias vazios pode estar relacionado a uma menor expressão do estro. Morbeck et al. (1991) observaram que a detecção do estro diminuiu de 75% para 48% em vacas lactantes tratadas com rbST. Em outro estudo, essa mesma taxa foi de 100% nas vacas de controle e 57% nas vacas tratadas com rbST (Kirby et al., 1997b). Os fatores que controlam a expressão do estro em bovinos não são muito bem conhecidos. Lefebre and Block (1992) pesquisaram o efeito da rbST na expressão do estro em novilhas ovárioectomizadas tratadas com estradiol. As novilhas tratadas com rbST apresentaram menor número de montas em comparação àquelas tratadas com soro fisiológico. Outras medições da expressão do estro foram semelhantes. Essas mudanças na intensidade do estro em novilhas ovárioectomizadas podem sugerir uma menor sensibilidade do cérebro ao estradiol, quando os bovinos são tratados com rbST. Isso teoricamente prolonga o intervalo parto-concepção, pois vacas tratadas com rbST apresentam menor intensidade de sinais exteriores de cio e tem menores chances de serem inseminadas. Pode ser necessária uma detecção mais rigorosa do estro em rebanhos suplementados com rbST.

Com ou sem o uso de rbST, algumas vacas lactantes não ficam prenhes após repetidas inseminações. Isso ocorre em todos os rebanhos de gado de leite. Naqueles em que se utiliza a rbST deve-se esperar uma leve queda da taxa de prenhez sem alteração no número de serviços por concepção. O motivo dessa redução na taxa de prenhez após o uso da rbST não está claro, sendo provavelmente causada por vários fatores desconhecidos que contribuem de forma cumulativa para tal diminuição. As vacas não prenhes em um rebanho deveriam ser tratadas com rbST. As vacas assim tratadas acabarão ficando prenhes com um pequeno aumento do intervalo entre partos.

É possível melhorar a reprodução com o uso da rbST?

Dados de vários estudos sugerem que a dosagem e o tempo da administração da rbST podem determinar a resposta reprodutiva dos bovinos à essa substância. Ao administramos uma pequena dose de rbST (167 mg), registrou-se aumento da taxa de concepção em vacas, mas não em novilhas (Quadro 1; Bilby et al., 1999). A pequena dose de rbST causou um leve aumento das concentrações de IGF-I, que pode ter melhorado a função ovariana e uterina nas vacas. Talvez o ovário e o útero sejam mais sensíveis aos efeitos da rbST do que a glândula mamária e se beneficiem de uma menor dosagem de rbST. Em outras palavras, o efeito de estímulo à reprodução ocorre sem alteração na produção de leite, pois a glândula mamária necessita de mais rbST e IGF-I para responder. Portanto, as vacas que recebem uma pequena dose de rbST não vão apresentar um equilíbrio energético negativo, podendo ser observados seus efeitos benéficos na reprodução. Em geral, as novilhas apresentam níveis de IGF-I mais altos do que as vacas, podendo, portanto, não responder à pequena dosagem de rbST.

Quadro 1. Taxa de concepção (número prenhes/número inseminadas) em vacas e novilhas tratadas com 167 mg de rbST de liberação prolongada (Posilac; Monsanto) ou 1 mL de soro fisiológico (controles) na inseminação (Bilby et al., 1999)

Quadro 1


Em um estudo semelhante, Moreira et al. (2000) trataram vacas leiteiras lactantes com rbST no início de um programa de inseminação com sincronização da ovulação e verificaram que as vacas suplementadas com rbST apresentaram um aumento de 15 pontos percentuais na taxa de concepção. Por conseguinte, a suplementação de rbST pode melhorar as respostas à inseminação com sincronização da ovulação em vacas em lactação.

Conclusões

A somatotropina bovina é um fator de crescimento com ampla variedade de atividade em inúmeros tecidos. Muitos de seus efeitos são mediados pelo IGF-I liberado pelo fígado ou tecido-alvo. O uso da rbST é mais difundido em gado de leite por aumentar a produção de leite. Há uma ligeira redução do desempenho reprodutivo das vacas leiteiras suplementadas com rbST, semelhante ao esperado nas vacas de maior produção de leite. Portanto, uma vaca suplementada com rbST deve receber o mesmo tipo de manejo reprodutivo que qualquer outra de alta produção de leite.

fonte: MilkPoint

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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