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Em 2 minutos, qual a sua percepção sobre a qualidade da água utilizada na sua produção leiteira?

POR JOÃO LUIS DOS SANTOS

GESTÃO DA ÁGUA

EM 26/05/2020

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 12/03/2024

O Manual para Elaboração do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL), além de conter tópicos relacionados à Boas Práticas Agropecuárias (BPA) e pontos fundamentais para o atendimento às Instruções Normativas n° 76 e 77/2018 do Ministério da Agricultura (Mapa), inclui recomendações e exemplos práticos que visam auxiliar empresas, técnicos e produtores na aplicação dos requisitos previstos nesta nova legislação, que com certeza irão ser definitivos para a melhoria do leite nacional.

No item 4.1 Ferramentas para o diagnóstico de situação há um guia contendo perguntas de orientação para elaboração do plano, no qual uma das questões é a 4.7 A qualidade da água fornecida aos animais é boa?

A avaliação de quais parâmetros devem ser considerados a fim de estabelecer se uma água é boa ou não requerem algumas observações, percepções e análises do contexto geral da água de cada propriedade.

No mesmo documento, ainda no capítulo 4, ocorrem as seguintes perguntas no item 5 do check list:

  • 5. Qualidade da água
  • 5.1 As fontes de captação de água são devidamente isoladas?
  • 5.2 Os reservatórios de água são periodicamente higienizados?
  • 5.3 Há registro da higienização dos reservatórios de água?
  • 5.4 A água utilizada na limpeza de equipamentos é potável?
  • 5.5 São realizadas análises para avaliação da qualidade da água?
  • 5.6 Existe algum tratamento da água?

O documento ainda verifica que há pontos importantes a serem enfatizados nos quesitos planejamento, gestão, monitoramentos, ações e verificações e auditorias.

Quadro 1. Ações importantes para implantação e avaliação contínua do PQFL no quesito água.

qualidade da agua PQFL leite
Fonte: Manual para Elaboração do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL)

Fundamentado nestes pontos destacados por profissionais do setor leiteiro, que se ampararam em normas e legislação vigentes, como às Instruções Normativas n° 76 e 77/2018 do Ministério da Agricultura (Mapa), elaboramos um questionário com 10 perguntas que avaliam exatamente os mesmos pontos.

O questionário foi enviado por um mês, todas semana, para um universo de mais de 100.000 produtores de leite buscando obter dados para levantamento da percepção e qualidade da água nas propriedades.

Ele contém 10 perguntas com respostas de múltipla escolha, sendo que 8 focam nos requisitos do manual e duas são de identificação. A identificação não é obrigatória exceto se o produtor de leite desejar receber a avaliação de suas respostas, o quão próximo está do ideal, o que precisa fazer para se adequar e como ele está quando comparado com os demais produtores que responderam. O sistema informa que quem respondeu dedicou em média 2 minutos para concluir a pesquisa.

Esta avaliação foi oferecida gratuitamente, mas a baixa adesão, por si só, já revela a pouca importância dada ao tema. Apenas 23 produtores dedicaram 2 minutos de seu tempo para responder o questionário.

O ideal seria que obter no mínimo 10.000 respostas de produtores de norte a sul do país para se ter uma ideia mais próxima e representativa da realidade. Entretanto, as respostas obtidas não estão distantes da percepção que tenho dentre todos produtores que já visitei e profissionais que converso.

Caso seja um profissional da área, de uma cooperativa ou empresa produtora de leite, ou mesmo de um setor ligado ao seguimento leiteiro, ajude a divulgar o link para acesso a pesquisa:  Qualidade da água na produção leiteira.

A resposta dada a cada pergunta atribui uma pontuação que no fim somadas indicar em que % cada produtor atende os requisitos recomendados pelo manual.

Na sequência segue a avaliação estatística das respostas recebidas.

Pergunta 1. A qualidade da água fornecida aos animais é boa?

A pergunta tem como objetivo avaliar a percepção que o produtor tem sobre a sua água.

Quadro 2: Avaliação da percepção da qualidade da água.

Gráfico 1: Avaliação da percepção da qualidade da água de dessedentação animal.

Embora 56% considerem a água boa, afirmam que não beberiam desta água. Isso demonstra que o produtor sabe que algo não está de acordo. Essa percepção pode ser sensitiva, ou seja, gosto, odor, cor ou turbidez ou mesmo técnica como ausência de tratamento que leva o produtor a deduzir que não deve consumir essa água. Assim, se não deve consumir também não deveria utilizar na produção de leite. 13% assumem que essa água é totalmente imprópria para uso na produção de leite.

Pergunta 2: As fontes de captação de água (superficial ou subterrânea) são devidamente isoladas?

A pergunta 2 é simples, visa identificar se os animais têm acesso a fonte de água ou se estas estão devidamente isoladas. Aqui o objetivo é evitar não apenas a ingestão desta água, uma vez que isso não seria possível em um poço por exemplo, mas também se a fonte está protegida da contaminação que estrume e urina podem causar.

Quadro 3: Proteção das fontes de água.

A percepção deste ponto é boa, quase 50% garantem que não há acesso e 22% que apenas precisam fazer melhorias para garantir que não haja acesso.

Gráfico 2: Proteção das fontes de água.

Pergunta 3. Qual é a sua fonte de abastecimento de água?

Neste ponto, a intenção está mais relacionada a um levantamento dos tipos de fontes mais utilizados. Utilizando o critério de pontuação, considere que 5 é a maior nota e, portanto, a fonte mais segura e 1 a fonte menos segura.

Quadro 4: Tipos de fonte de água.

As respostas revelam que 30% dos produtores utilizam água superficial, ou seja, rio ou açude. Estas são águas altamente susceptíveis a contaminação por atividades antrópicas. 48% utilizam água de nascentes e isso é bom, desde que estas nascentes sejam devidamente isoladas e protegidas. Ainda, o desvio deve ocorrer apenas da água a ser utilizada, sem desperdícios, permitindo que o excedente continue em seu curso natural mantendo o equilíbrio do meio ambiente. 21% fazem uso da fonte mais segura, poços profundos, aquele que atinge a rocha.

Gráfico 3. Tipos de fonte de água.

Pergunta 4: Os reservatórios de água são periodicamente higienizados e há registros da limpeza?

Fator importante na manutenção da qualidade da água, a higienização dos reservatórios deve ser realizada a cada 6 meses. Entretanto muitos produtores talvez nunca tenham visto seus reservatórios por dentro.

Quadro 5. Higienização dos reservatórios.

Surpreendentemente quase 40% afirma higienizar os reservatórios a cada 6 meses. Isso corrobora com a informação dos 30% que afirmam que beberiam a água na pergunta 1. Mas, 60% não fazem limpeza periódica, sendo que quase 40% praticamente nem sabe dizer se já fizeram essa higienização.

Gráfico 4. Higienização dos reservatórios.

Pergunta 5. A água utilizada na limpeza de equipamentos é potável?

Entrando na operação, essa pergunta é mais incisiva e tem objetivo de fazer com que o produtor tenha conhecimento da qualidade da água utilizada na sala de ordenha.

Quadro 6: Qualidade da água na ordenha.

Embora na pergunta 1, percepção geral da qualidade, apenas 30% tenham afirmado que beberiam desta água, aqui 56% fazem a mesma afirmação. Isso pode indicar que na sala de ordenha a água tenha algum tratamento diferenciado da água de uso geral.

Gráfico 5: Qualidade da água na ordenha.

Pergunta 6. São realizadas análises frequentes para avaliação da qualidade da água?

A análise é fundamental para que o produtor comece a conhecer os impactos da água na produção, produtividade e qualidade do leite. Há fatores diretos de relação, mas infelizmente 52% afirmam que nunca analisaram a água.

Quando 7. Análise da água.

Temos que observar nesse ponto que é no mínimo paradoxal que, embora 56% afirmem que beberiam da água utilizada, apenas 13% analisaram a água que possivelmente beberiam. O ideal é que seja analisada mensalmente em laboratório e diariamente monitorada no local.

Gráfico 6. Análise da água.

Pergunta 7. Existe algum tratamento da água?

Causa espanto identificar que 52% não tratam a água sabendo que este procedimento é uma norma e que tem impacto fundamental na redução de CBT. Por outro lado, é bom perceber que 39% fazem a cloração e 9% um tratamento completo.

Quadro 8. Tratamento da água.

Gráfico 7. Tratamento da água.

Pergunta 8. Há suprimento (quantidade) adequado de água limpa para as operações de ordenha?

A quantidade de água é um fator definitivo para se obter qualidade. O produtor deveria ter um armazenamento suficiente para pelo menos 3 dias de operação caso ocorra algum problema no abastecimento e tenha tempo para buscar outra fonte de abastecimento sem prejudicar a produção e a qualidade do leite.

Quadro 9. Suprimento em quantidade de água.

Este é o quesito mais bem avaliado no geral, 87% afirmam ter água suficiente sem prejuízos mesmo durante a operação e maior demanda.

Gráfico 8. Suprimento em quantidade de água.

Na classificação geral temos abaixo em termos de % o quanto os produtores estão atendendo cada um dos requisitos orientativos do manual e das normas vigentes.

Quadro 10. Classificação geral e pontuação média por pergunta respondida.

Nesse quadro temos as perguntas e a pontuação média alcançada em % de atendimento aos requisitos do manual e das normas. Quanto mais próximo de 100% mais próximos estão de atender as recomendações de boas práticas na gestão da qualidade e quantidade da água.

Neste ponto é difícil avaliar que, se a pontuação média nos quesitos tratamento (P7) e análise (P6) são respectivamente 61% e 54%. as respostas que avaliam a qualidade, P1 e P5 estariam na faixa de 80%.

O que podemos inferir é que possivelmente, o conceito de qualidade de água ainda não seja percebido da forma correta por produtores e profissionais do seguimento leiteiro.

No gráfico que segue temos por faixa de atendimento a quantidade de produtores e a % alcançada dos requisitos.

Gráfico 9. Pontuação por faixa de atendimento.

Na avaliação individual, 3 produtores atendem entre 91-100% das recomendações. Se pegarmos a faixa entre 71-90% teremos 12 produtores o que indica que falta pouco para evoluírem pata a faixa d 91-100%. 7 produtores estão abaixo de 60% do atendimento o que exige um empenho extra para se adequar.

Quanto a localidade, apenas 10 dos que responderam se identificaram como sendo da região Sudeste.

Quanto a faixa de produção de leite pode ser vista no gráfico que se segue e nota-se que 56% dos produtores produzem menos de 1000 litros de leite por dia.

Gráfico 10. Faixa de produção de leite.

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JOÃO LUIS DOS SANTOS

Mestre em engenharia agrícola pela Unicamp/Feagri na área de concentração de águas e solo. Atua a mais de 15 anos no desenvolvimento de soluções e tecnologias para tratamento da água na produção animal. Diretor e fundador da Especializo.

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