A IN 62 revogada era clara ao orientar que a cloração deveria ser controlada diariamente. A IN 77 apenas menciona duas vezes que a água deve ter qualidade. O Guia Orientativo do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite – PQFL menciona a necessidade de cloradores, um suprimento de água com quantidade e qualidade adequadas e adverte:
4.5. Qualidade da água:
Objetivando o suprimento de água de boa qualidade para os animais e para a higienização dos equipamentos, devem ser estabelecidos procedimentos que visem a adequada proteção e captação das fontes naturais e higienização dos reservatórios. Para a água destinada a higienização de equipamentos, procedimentos de cloração e monitoramento devem ser estabelecidos.
Embora não mencione a frequência e pontos de monitoramento, devemos ter em mente que esse procedimento é o mesmo adotado em qualquer sistema de abastecimento.
No meio rural, mais de 50% das propriedades possuem sistemas alternativos de abastecimento de água. Isso implica dizer que são produtores e consumidores de sua própria água e que não recebem água de um sistema público de abastecimento.
Por essa razão, a Portaria de Consolidação nº 5 – Anexo XX que versa sobre qualidade de água para uso humano orienta que o controle da cloração deve ser feito diariamente em sistemas alternativos.
O consenso que se deve ter sobre o tema é que no meio rural um único dia de água sem cloro pode prejudicar todo um ciclo de trabalho desenvolvido com muito custo.
A leitura do cloro residual na água pode ser realizada com grande facilidade e praticidade utilizando a fita teste para controle, além do cloro ainda poder identificar o pH, alcalinidade e dureza. No mercado, o tubo pode conter de 25 a 50 fitas ao valor de R$ 40,00 a R$ 60,00.
Os pontos de controle devem ser:
Saída do clorador: todas as vezes que houver reabastecimento de pastilhas, limpeza do clorador ou do reservatório, mudança brusca na qualidade da água, como por exemplo, ocorrência de chuvas quando se realiza captação de água de nascentes ou açudes. Sempre que notar queda no cloro da saída do reservatório.
Saída do reservatório: controle deve ser diário no início e, quando estabilizar, a cloração pode ocorrer a cada 3 dias no máximo. Se notar queda do cloro deve checar o dosador, reajustar o cloro e checar diariamente até estabilização.
Sala de ordenha: controle diário sempre antes da ordenha. Se notar redução de um dia para o outro, checar o dosador e fazer controle diário até total estabilização no reservatório.
Ponto de abastecimento mais distante: definir o ponto mais distante do reservatório para leitura. A presença de cloro nesse ponto indica que todos os pontos de consumo antes deste estão com água clorada.
O cloro ao ser adicionado na água elimina as bactérias presentes na mesma e oxida a matéria orgânica. Assim, a quantidade de cloro a ser dosada e o residual nos pontos de consumo depende muito da qualidade da água.
Em uma água limpa, de poço artesiano, pode-se ajustar um clorador para dosagem de 3 mg/L. Na saída do reservatório, depois que esse cloro estabilizar no mesmo, deve ser lido algo entre 1,5 mg/L a 2 mg/L. Nos ponto de consumo como sala de ordenha, residência e bebedouros deve ser encontrado algo entre 0,5 mg/L e 1,0 mg/L.
Caso seja possível e haja um reservatório específico na sala de ordenha seria recomendável instalar um segundo dosador nessa caixa e aumentar a cloração para 5 mg/L. Uma água com um teor maior de cloro potencializaria os processos de higienização e limpeza.
Água de qualidade é uma água isenta de contaminação microbiológica. Obviamente outros tratamentos podem ser necessários, mas a descontaminação é um processo básico e contribui para redução de CBT no leite.
Dosador de cloro instalado em reservatório: