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O que leva à morte de bovinos por excesso de calor? Entenda o caso que ocorreu na Argentina

EDUCAPOINT

EM 14/02/2019

7 MIN DE LEITURA

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A Argentina registrou recentemente centenas de mortes de bovinos devido a uma onda de calor. Com uma sensação térmica superior a 45°C, as longas viagens dos animais das fazendas até a cidade de Buenos Aires pioraram a situação. Alguns chegaram mortos e outros caídos ou em condições tão extremas que morreram poucas horas após o transporte. Também nos frigoríficos, e em algumas propriedades, dezenas de animais foram perdidos.

Você sabe como o clima afeta os animais?

O clima atua diretamente sobre os animais, principalmente através de seus agentes. A temperatura é neste aspecto, o componente do clima de maior importância. Os bovinos são homeotérmicos, isto é, têm a habilidade de controlar sua temperatura corporal dentro de uma faixa estreita, quando expostos a grandes variações de temperatura, graças ao fato desses animais serem dotados de aparelho fisiológico termorregulador.

Este aparelho termorregulador é comandado pelo hipotálamo, pequeno agrupamento de células, parte do diencéfalo, na base do cérebro. A regulação acontece quando as terminações nervosas da pele recebem as sensações de calor ou frio e as transmitem ao hipotálamo que atua sobre:

- outras partes do cérebro/sistema nervoso;
- sistema circulatório;
- hipófise;
- tireóide.

Isso gera efeitos como:

- vasodilatações ou vasoconstrições;
- sudação;
- aceleração do ritmo respiratório;
- queda ou aumento do apetite (sensação de fome);
- maior ou menor ingestão de água (sensação de sede);
- maior ou menor intensidade do metabolismo;
- acamamento ou eriçamento dos pelos;
- maior ou menor termogênese (produção de calor) ou maior ou menor termólise (eliminação de calor).

A temperatura ótima para a a criação de bovinos tem uma grande variação, de acordo com a raça, fase de produção e adaptação.



O efeito do calor na temperatura corporal é determinada não somente pelo clima (temperatura do ar, umidade e radiação solar), como também, pela disponibilidade de água e alimento. As fontes disponíveis de alimento e água em ambientes quentes exercem influência na temperatura do corpo através das interações fisiológicas entre o metabolismo energético que libera calor para mantença e atividade produtivas e a água que entra no sistema via metabolismo intermediário e resfriamento evaporativo.

Fatores que afetam a perda de calor por bovinos

a) relação entre tamanho (peso) do indivíduo e sua superfície corporal.

Essa relação tende a diminuir à medida que aumenta o tamanho do animal. Assim, um animal pequeno tem mais superfície corporal por unidade de peso do que um grande. Em outras palavras, à medida que há um decréscimo do tamanho do corpo, a relação superfície/volume do corpo aumenta, e portanto, a superfície relativa através do qual o calor é dissipado aumenta.

b) o desenvolvimento da pele em dobras, pregas, barbelas, etc.

O aumento de dobras na pele, sendo esta pele mais solta, grossa e vascularizada, permite o aumento da superfície corporal e facilita a eliminação do excesso de calor, conferindo maior adaptação aos animais zebuínos ao clima tropical.

c) pelagem, cor da pele e sua conformação.

A cor dos pelos e da pele, além de sua conformação, também afetam a o comportamento de absorção e reflexão solar e consequentemente na adaptação ao calor. O ideal é a conjugação de pelagem branca ou creme com pele pigmentada, característica que se apresenta na maioria das raças zebuínas tropicais.

Eliminação do calor por evaporação

Nos climas quentes, a evaporação é o principal processo de eliminação do excesso do calor corporal. Ela é prejudicada pela umidade do ar elevada e favorecida pelos ventos. A evaporação processa-se principalmente na superfície do corpo, mas ocorre também no seu interior, na intimidade do aparelho respiratório.

O ar inspirado, em contato com a umidade dos alvéolos pulmonares e das paredes dos condutos respiratórios, acarreta a sua evaporação, pois o ar expelido é quase saturado de vapor d’ água, o que contribui para a perda de calor.

Para aumentar essa evaporação, quando os demais aspectos do aparelho termorregulador não são suficientes para evitar a elevação da temperatura corporal, o animal acelera o ritmo respiratório.

A aceleração do ritmo respiratório acarreta vários efeitos indesejáveis, como a diminuição da reserva alcalina do sangue, uma vez que a grande quantidade de ar expirado determina uma perda excessiva de dióxido de carbono do sangue, provocando a alcalemia e perturbando o sistema compensador que evita alterações na acidez do sangue.

Além disso, a taxa elevada de movimento respiratório implica em grande atividade muscular do animal, a qual, aumentando consequentemente a sua produção de calor, anula em parte o seu objetivo, acarretando um verdadeiro círculo vicioso como também excessivo trabalho dos pulmões e coração. Esse é um dos fatores que coloca em risco a vida dos animais dependendo da temperatura e umidade.

As raças zebuínas, apresentam um grande número de glândulas sudoríparas, de forma que perdem calor mais facilmente pela sudorese que as raças taurinas, e por isso são mais tolerantes a temperaturas elevadas que as raças taurinas, ou seja, elas possuem uma temperatura crítica superior mais elevada que os taurinos.

Quando acontece o estresse calórico?

Há um limite da temperatura ambiente, chamada temperatura crítica, do qual o mecanismo termorregulador começa a não ter capacidade de assegurar o equilíbrio térmico, ocorrendo em consequência a hipertermia, a elevação acima do nível normal da temperatura do corpo, provocada pela elevada temperatura ambiente.

O estresse calórico ocorre quando os animais são expostos a temperatura ambiente acima da sua temperatura crítica superior.


 
Representação esquemática das temperaturas críticas do meio ambiente e as zonas abrangidas por elas

A temperatura crítica também é influenciada pelos outros agentes do clima como a umidade, radiação e vento, e também varia nas diversas espécies domésticas, e mesmo nas raças e até nos indivíduos.

A alta temperatura ambiente associada à alta umidade do ar e à radiação solar são agentes causadores de estresse térmico nos animais.

Vários estudos mostram a influência térmica do ambiente sobre respostas fisiológicas dos animais domésticos, representadas pela temperatura retal, temperatura da pele, frequência respiratória, frequência cardíaca, produção e dissipação do calor.

A literatura cita, que a partir de 26,5oC ocorre aumento na temperatura retal, da pele e do pelo do gado bovino europeu e no zebu, porém o aumento no segundo é menor. A frequência respiratória no europeu a 26,5oC já é acentuada e no zebu apenas a 33-35oC.

Esse aumento na frequência respiratória tende a interferir na ventilação alveolar afetando o pH e as concentrações CO2 e O2 no sangue. Consequentemente, ocorre a redução de secreção ácida renal e aumento da eliminação de bicarbonato de sódio via urina e sudorese.

Estes efeitos causam prejuízo aos mecanismos homeostáticos de controle do metabolismo, podendo afetar diversas funções fisiológicas do animal.

Na Argentina, grande parte do rebanho de animais de corte é formada por raças europeias como Angus e a Hereford, que são animais com pelagem escura, e mais adaptados a climas amenos. Assim, considerando a onda de calor que acometeu o país recentemente com médias de 45ºC e umidade do ar acima de 60%, estes animais tiveram dificuldade de eliminar o excesso de calor e alcançaram alta temperatura corporal, justificando-se as mortes por hipertermia.


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Fontes consultadas:

Apostila de Bioclimatologia Animal, de Prof. Luís Fernando Dias Medeiros e Profa. Debora Helena Vieira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Dealing With Heat Stress in Beef Cattle Operations

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