Transfusão de plasma como forma de corrigir a colostragem de bezerros |
A transferência de imunidade passiva que ocorre através do consumo de colostro é determinante para a manutenção da saúde e consequentemente do desempenho dos bezerros. Isso por que o colostro é a principal fonte de imunoglobulinas (anticorpos) que os bezerros recebem, já que não ocorre transferência de anticorpos durante a gestação, devido a estrutura placentária da fêmea bovina. Entretanto, pelos mais diversos motivos, é comum que os bezerros tenham falhas na transferência de imunidade passiva (FTIP) como resultado do consumo inadequado de colostro, seja por volume, qualidade ou tempo. A FTIP faz com que os animais sejam mais susceptíveis a doenças até que o seu sistema imune esteja apto a enfrentar os desafios.
Em casos onde o bezerro não teve a correta ingestão de colostro, podendo resultar em FTIP, a transferência de imunidade pode ocorrer de maneira alternativa através da transfusão intravenosa de hemoderivados como o plasma. Esta prática ocorre de forma mais comum na espécie equina, mas ainda há muitas dúvidas nos bovinos com relação a concentração, dose utilizada e tempo de permanência na circulação.
Um estudo foi realizado por Boccardo et al. (2016) para avaliar a eficácia do plasma centrifugado em promover concentração sérica de IgG maior que 10 g/L em animais privados de colostro e quais os efeitos na mortalidade e morbidade dos animais. Os 12 animais do grupo controle receberam 4 litros de colostro de boa qualidade (Brix ≥ 22%) nas primeiras horas de vida. Um outro grupo de 12 animais recebeu a transfusão intravenosa de plasma fresco que foi congelado para armazenamento e descongelado no momento da transfusão. O plasma foi obtido através da coleta de sangue, seguida da centrifugação para obtenção do plasma de vacas sadias em período seco, do mesmo rebanho dos bezerros.
O cálculo da dose para atingir uma concentração de sérica de IgG de 10 g/L foi realizado para cada bezerro, utilizando a fórmula sugerida por Chigerwe e Tyler (2010):
As concentrações de IgG e proteínas totais foram mensuradas antes do recebimento do colostro ou da transfusão, um dia, três dias e uma semana após o nascimento. Também foi realizado exame clínico dos animais todos os dias. A dose de imunoglobulina transfundida para os bezerros variou de 58 to 69 g, correspondendo a um volume de plasma de 2,6 ± 0,3 L (57,6 ± 6,6 mL/kg of PV). Nenhum bezerro apresentou sinais clínicos de reações a transfusão, a qual durou no máximo 3h.
O grupo que recebeu transfusão alcançou a concentração desejada de IgG (>10g/L) até 7 dias após a transfusão, mas as concentrações foram sempre menores que aquelas observadas nos animais que receberam colostro (Figura 1). O resultado mostra que a simples centrifugação seguida do congelamento do plasma, sem uso de tratamentos químicos que podem encarecer e inviabilizar a técnica, foi capaz de manter a integridade das imunoglobulinas levando a manutenção dos níveis de IgG superiores a 10 g/L até a terceira semana de vida. Diferentemente, outros trabalhos não mostram manutenção das concentrações de IgG em animais transfundidos, devido ao maior catabolismo de IgG.
MILAINE POCZYNEK
Mestranda em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP
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