“Microbatalhas” são travadas constantemente dentro de nós e também na superfície de nosso corpo. Na maioria das vezes nem percebemos, mas além de nosso sistema de defesa composto pelas células do sistema imune também somos protegidos por micro-organismos do bem que convivem conosco de forma harmônica.
Porém, algumas vezes somos surpreendidos por inimigos desconhecidos e muito agressivos. O novo coronavírus (chamado cientificamente de SARS-CoV-2) é um exemplo. Esse vírus tem grande facilidade de ser transmitido pelo ar e gotículas de saliva e em contato com um novo indivíduo em geral tem como alvo o pulmão. Vale lembrar que o pulmão está acostumado a enfrentar muitos contaminantes do ar, inclusive biológicos e lança mão de seu arsenal de defesa para nos proteger. Mas diante deste inimigo em particular, o sistema imune exagera na resposta fazendo uma tempestade, melhor dito - uma verdadeira enxurrada. Como consequência a ventilação (troca de CO2 por O2) fica muito prejudicada, levando a faltar o ar.
Outra “microbatalha” que está em estudo acontece no intestino. Acabamos de publicar um artigo científico sobre isso (Antunes e colabores 2020). Além do nariz e dos olhos, a boca é uma possível rota de entrada do novo coronavírus. Provavelmente esse invasor também infecta o intestino já que algumas pessoas com COVID-19 apresentam sintomas de diarreia e náuseas, além de positivar para o vírus nas fezes. Nosso intestino está acostumado com batalhas permanentes e diante do novo coronavírus irá responder melhor ou pior, dependendo de seus soldados. Estilo de vida, hábitos alimentares e problemas de saúde tais como diabetes, obesidade, pressão alta entre outros, podem levar a um pior quadro da COVID-19 com complicações mais graves.
Micro-organismos do bem, que chamamos de probióticos, podem conferir uma “microajuda”. Não pelo fato de ser ínfima, mas para ilustrar o universo diminuto no qual ela ocorre. Quando a nossa microbiota (ou flora) está em equilíbrio ela agirá de forma mais orquestrada para combater agentes invasores. Aqui me refiro não apenas a flora do intestino, mas os pulmões também apresentam sua própria flora. Por outro lado, quando esta comunidade está em desbalanço as reações podem ser exageradas e tão perigosas quanto a próprio agente que nos ataca. Aí, corre para tomar anti-inflamatório!
Interessante dizer que flora do intestino e do pulmão apresentam uma conexão. Então quando o intestino está com flora em harmonia, o pulmão também deverá estar.
Com isso, queridos leitores, aponto para estilo de vida saudável e boa alimentação (rica em fibras e em alimentos naturais) como uma medida preventiva para muitas doenças, inclusive a COVID-19. Os probióticos contidos no iogurte podem ajudar a fortalecer defesas naturais tanto para as “microbatalhas” cotidianas como nos grandes combates.
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Referências bibliográficas
ANTUNES, AEC, VINDEROLA, G., XAVIER-SANTOS, D., SIVIERI, K. (2020) Potential contribution of beneficial microbes to face the COVID-19 pandemic. Food Research International. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0963996920306025?via%3Dihub