Confira as dúvidas mais frequentes sobre o diagnóstico da doença no rebanho
A tripanosomose é uma das doenças de maior impacto da pecuária leiteira na atualidade. Com sintomas difusos, que podem ser confundidos com outras enfermidades, ela avança silenciosamente pelos rebanhos brasileiros trazendo uma série de prejuízos para os produtores.
No campo, a identificação da tripanosomose continua sendo um desafio, pois existem muitas dúvidas sobre como realizar o diagnóstico assertivo da doença.
O Médico-veterinário e Gerente Técnico de Bovinocultura de Leite da Ceva Saúde Animal, Alex Souza respondeu algumas das principais questões relatadas no campo sobre a doença. Confira:
O diagnóstico parasitológico negativo é sinal que não há doença no rebanho?
Alex: Essa é uma dúvida recorrente nas propriedades. No campo, é muito comum encontrarmos casos de rebanhos com sinais clínicos evidentes de tripanosomose, com resultados negativos nos testes microscópicos. Isso ocorre por conta da sensibilidade do exame por meio de microscopia, que é muito baixa, ele só é indicado quando o animal apresenta sinais clínicos e picos de febre e mesmo assim, se a parasitemia não estiver muito alta ou se o técnico não tem boa experiência, dificilmente o Tripanosoma é encontrado. Outro teste muito utilizado é o parasitológico com a técnica de WOO, que por meio do uso do tubo capilar de micro hematócrito, possibilita
a identificação do tripanosoma no soro, mas esse teste também tem uma sensibilidade muito baixa. O mais indicado para o diagnóstico da tripanosomose é a realização de exames sorológicos como Elisa ou imunofluorescência ou testes moleculares com a metodologia de PCR, pois eles realmente detectam o tripanosoma com maior sensibilidade.
Por que o termo usado nos testes é reagente ou não-reagente, ao invés de positivo ou negativo?
Alex: O termo “reagente” ou “não-reagente” faz referência a presença de anticorpos contra o Tripanosoma. Mas vale lembrar que no caso do tripanosoma, o animal reagente tem o parasito na corrente sanguínea pois a taxa de auto-cura é muito pequena. Assim o animal pode ter uma parasitemia baixa ou esteja assintomático, porém ele é uma fonte de risco para infecção de outros animais no rebanho e por isso, precisa ser tratado conforme recomendações de professores e especialistas.
Qual momento é o mais indicado para fazer os exames parasitológico e o sorológico? Por que?
Alex: A sensibilidade do exame parasitológico é baixa, por isso ele não seria muito indicado. Porém, durante o surto febril, no pico de parasitemia, se o teste parasitológico por microscopia for feito adequadamente por um técnico com experiência, é possível detectar a presença do Tripanosoma no animal. Já no caso da sorologia, é necessário esperar cerca de 2 a 3 semanas após a exposição do animal ao parasita para realizar o teste, pois esse é o tempo que o animal vai demorar para começar a produzir anticorpos contra o Tripanosoma. Esse exame é indicado à nível de rebanho, quando o produtor não sabe exatamente quando o animal se contaminou. Nesse caso, é feita a coleta de amostras de pelo menos 12 animais, padrão estatisticamente definido em termos de epidemiologia para a detecção de pelo menos 20% de incidência de vacas doentes no rebanho.
Após o tratamento, o animal ainda estará positivo na sorologia?
Alex: Após o tratamento com o Isometamidium, que irá matar o Tripanosoma e curar o animal, os anticorpos contra o parasito ainda podem ser detectados por um período que pode variar de seis a nove meses. Alguns estudos mostram casos com persistência desse anticorpo por até um ano. Por isso, se a propriedade for realizar uma pesquisa para verificar a presença de tripanosomose no rebanho após o tratamento com isometamidium, o exame mais indicado seria o PCR, pois o teste molecular irá encontrar o DNA do parasita e irá indicar se realmente existe a presença do Tripanosoma.
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