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Pequenas propriedades leiteiras podem ser eficientes

POR ALEXANDRE DE CAMPOS GONÇALVES

E PAULO ARARIPE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/08/2002

5 MIN DE LEITURA

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A sobrevivência de pequenas propriedades produtoras de leite no Brasil é um tema que gera bastante discussão, dada a situação em que a atividade se encontra no momento (baixa produtividade, desestímulo governamental, grande incidência de impostos, pequeno número de laticínios compradores, oferta inconstante de produto, escassez de assistência técnica de qualidade, etc.) e o cenário econômico que o país vive. Se para as fazendas que produzem muito leite já é difícil sobreviver, o que dizer das pequenas que não podem desfrutar do fator escala para reduzir custos?

É fato que a escala de produção é importante para manter uma boa saúde econômica em qualquer atividade, principalmente na agropecuária. Esta nuance da economia agrícola segue a mesma dinâmica em quase todo o mundo, independente da situação financeira do país. Neste sentido, para tentar entender o que realmente define a rentabilidade de sistemas de produção de leite, apresentamos um artigo publicado nos Estados Unidos, onde é discutida exatamente a sobrevivência das pequenas fazendas produtoras de leite e a relação entre eficiência e tamanho da propriedade.

Para se ter uma idéia, o número de fazendas de leite no EUA caiu 40% na última década: de 192.660 fazendas em 1990 para 111.220 em 1999. Esta redução veio exclusivamente da perda de pequenas fazendas leiteiras. No estado de Nova Iorque, por exemplo, o número de fazendas com menos de 100 vacas caiu de 11.100 em 1990 para 6.200 em 1999. Observem que o número de cabeças para uma propriedade leiteira ser considerada pequena nos EUA é bem maior do que a média das pequenas propriedades no Brasil. Embora isto pareça ser uma disparidade e possa prejudicar as comparações, salientamos que naquele país, o custo de insumos e mão-de-obra é bem maior, deixando as referidas propriedades em pé de igualdade econômica com as daqui. Além disso, estas propriedades têm características semelhantes com as pequenas brasileiras, pois contam com mão-de-obra familiar em reduzidas áreas de terra.

Segundo o artigo, o ponto chave da sobrevivência das pequenas fazendas leiteiras é a competitividade com as maiores. Em resumo, a sobrevivência está ligada aos baixos custos de produção e à eficiência na utilização dos recursos. A relação entre número de vacas e o custo de produção de leite é desfavorável para as pequenas fazendas leiteiras, em virtude da baixa competitividade que apresentam. Porém, um olhar mais criterioso demonstrará que existem pequenas fazendas leiteiras nos EUA que têm custos de produção tão baixos quanto as grandes fazendas.

São comuns pequenas fazendas com custos totais de cerca de US$ 28,60 a US$ 30,90 por cem litros. Isto é semelhante aos níveis alcançados pelas melhores fazendas grandes norte-americanas. Obviamente, algumas fazendas pequenas acharam modos para produzir leite a um nível competitivo de custo.

Em economia, dividimos freqüentemente o custo de produção de uma fazenda em dois componentes. O primeiro é o custo mais baixo possível para determinada tecnologia ou prática que aquele pecuarista pode usar. Isto pode ser chamado de a "melhor prática" ou "custo de eficiência". Custos maiores que a "melhor prática" acontecem se um pecuarista é ineficiente usando as melhores técnicas.

O segundo componente de custo é a ineficiência da fazenda, que chamamos de "custo de ineficiência"; consiste em vários pequenos fatores que afetam as despesas de uma fazenda. Por exemplo, algumas fazendas produzem forragem de qualidade mais alta, a custos maiores, enquanto que alimentos comprados com a mesma qualidade são mais baratos no mercado. Neste sentido, é preciso lembrar que alguns centavos economizados aqui e uma moeda economizada lá por quilo de matéria original aparam os custos dos pequenos significativamente durante um certo tempo. Estes valores quando entram na composição do custo do litro de leite fazem a diferença.

Usando 314 fazendas, o autor do artigo calculou o custo da "melhor prática" (eficiente) e o "custo de ineficiência" através do tamanho de fazenda. O custo de produção por cem litros de leite vendido inclui custos operacionais, depreciação, o custo de oportunidade do capital do patrimônio líquido, o trabalho de operador e administração e o valor do trabalho familiar não pago. Isto cerca o total de custos necessários para produzir leite. No longo prazo, estes custos totais precisam ser computados, embora no curto prazo só os custos operacionais (variáveis) precisam ser cobertos.

A tabela abaixo mostra o custo médio de produção por tamanho de fazenda (baseado em número de vacas), dividido em custo da "melhor prática" (eficiente) e os componentes do "custo de ineficiência". A tabela também mostra a diferença em custo para fazendas eficientes de vários tamanhos comparadas com uma fazenda eficiente com 500 vacas. Àquela diferença de custo nos referimos em economia, ao efeito escala.

Tabela 01: Separação do custo de leite nos componentes eficiência, ineficiência e tamanho em 314 fazendas de Nova Iorque (US$/100 litros de leite).
 

 


Fazendas com 50 vacas tiveram custos médios de US$ 37,37 por cem litros de leite, porém US$ 7,36 deste custo eram originários da ineficiência com que operavam suas práticas e da falta de controle de despesas. Se essas fazendas fossem eficientes os custos médios teriam sido US$ 30,00. Este nível de custos ainda é US$ 1,28 mais alto que a fazenda eficiente com 500 vacas. Esta diferença não é uma desvantagem insuperável para a pequena fazenda eficiente.

A fazenda com 150 vacas tem um custo mais baixo de produção, de US$ 29,70, que é US$ 0,97 mais alto que o custo de operação da fazenda eficiente com 500 vacas. A fazenda comum com 150 vacas também tem um "custo de ineficiência" de US$ 5,93 que é mais baixo que a fazenda com 50 vacas, mas ainda maior que a fazenda com 500 vacas. Embora o rebanho de 500 vacas tenha um custo eficiente de produção de US$ 28,73, a fazenda comum de 500 vacas também teve um componente de custo ineficiente de US$ 1,83. Assim, a fazenda de leite eficiente com 50 vacas, que tem um custo de US$ 30,00, se torna mais eficiente que as fazendas comuns com 500 vacas que têm custo de US$ 30,56 na média.

Portanto, a maior parte do alto custo observado em pequenas fazendas leiteiras não advém somente devido ao tamanho reduzido de seus rebanhos, mas porque há um fracasso para fazer mais para aparar despesas. Além disso, a eficiência na produção de alimentos e no manejo dos animais (reprodução, genética, ordenha, etc.) ainda deixa a desejar, não explorando todo o seu potencial.

Fazendas pequenas eficientes podem sobreviver. A grande sacada é a captação de informação e utilização das tecnologias mais adaptadas ao seu tamanho. Aliando-se isso a uma administração que garanta sempre a melhor relação benefício/custo no momento da compra de insumos e venda da produção, teremos certamente propriedades rentáveis, sejam elas grandes ou pequenas.

Adaptado de texto publicado por Loren Tauer no periódico Hoard's Dairyman - Março de 2002

 

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