Novo composto antimicrobiano promete revolucionar a prevenção da mastite

Pesquisadores desenvolveram um composto sustentável, eficaz contra bactérias multirresistentes e capaz de prevenir infecções no úbere sem afetar produção, qualidade do leite ou bem-estar animal. Testes em fazendas mostram resultados promissores e a tecnologia já avança para uso comercial.

Publicado por: MilkPoint

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Pesquisadores desenvolveram uma solução sustentável para combater a mastite em vacas leiteiras, usando ácidos carbônicos oligomidazólicos (OIMs) como uma alternativa aos antibióticos. Os OIMs demonstraram eficácia em testes em fazendas, prevenindo infecções sem deixar resíduos. A tecnologia é biodegradável e pode reduzir custos significativos para os produtores. Planos para ampliar os testes e aplicar a tecnologia em outras espécies estão em andamento. O estudo foi publicado na revista Nature Communications.

Uma nova solução sustentável pode ajudar a eliminar a mastite. Para reduzir a dependência de antibióticos e combater a doença, pesquisadores internacionais desenvolveram um método inovador que diminui o risco de infecções no úbere de vacas leiteiras por meio de um mecanismo inédito.

A pesquisa, divulgada recentemente, busca oferecer “uma classe alternativa de compostos antimicrobianos potentes, que podem ser usados na agricultura para combater bactérias multirresistentes”, explica a professora Mary Chan, colíder do estudo da Escola de Química, Engenharia Química e Biotecnologia da Nanyang Technological University e da Lee Kong Chian School of Medicine.

Os compostos, chamados ácidos carbônicos oligomidazólicos (OIMs), foram desenvolvidos inicialmente para combater bactérias resistentes que causam mastite. Chan, pesquisadora principal do grupo interdisciplinar de Resistência Antimicrobiana (AMR) da Singapore-MIT Alliance for Research and Technology (SMART), destaca que esses compostos foram projetados para uso como pré-dipping preventivo pós-ordenha, reduzindo efetivamente o risco de infecção antes que as bactérias se instalem.

 

Testes em fazendas

Em uma fazenda com vacas holandesas, os pesquisadores testaram os OIMs como desinfetante preventivo em um ensaio preliminar. As vacas que tiveram os tetos imersos nos compostos não desenvolveram infecções ao longo do tempo, mesmo expostas a bactérias. Os cientistas observaram que os OIMs matam bactérias convertendo partes dos compostos em estruturas chamadas carbenos, que atravessam rapidamente as membranas das células bacterianas e danificam seu DNA. Como o método é altamente eficaz contra bactérias como S. aureus, apenas doses reduzidas são necessárias.

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O estudo também mostrou que os compostos podem ser facilmente removidos, sem deixar resíduos detectáveis, e que não alteram produção, qualidade ou segurança do leite. Não houve sinais de irritação na pele ou mudanças no comportamento dos animais, como inquietação ou chutes — indicativos comuns de desconforto. Chan ressalta, porém, que um dos desafios foi adaptar o protótipo desenvolvido em laboratório para as condições reais de campo, garantindo praticidade e facilidade de uso para os produtores, etapa indispensável no desenvolvimento do produto.

Esses pontos serão investigados com mais profundidade à medida que os cientistas ampliam os estudos para avaliar o uso prolongado em diferentes ambientes de fazenda, reforçando segurança e confiabilidade da solução.

 

Mastite e impacto econômico

A mastite causa prejuízos significativos aos produtores, espalhando-se rapidamente entre os animais e resultando em grandes perdas. A doença custa bilhões ao setor todos os anos devido à queda na produção de leite. Embora ainda não haja estimativas financeiras definitivas para os compostos, Chan destaca que prevenir a mastite pode reduzir de forma expressiva os custos veterinários, diminuir o descarte de leite contaminado e aumentar os rendimentos gerais. “Hoje, os produtores perdem cerca de US$ 147 por vaca ao ano por falta de proteção adequada contra a doença, o que mostra o potencial econômico de soluções mais eficientes”, afirma.

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Além dos benefícios financeiros, os novos compostos apresentam vantagens sustentáveis.Os OIMs são biodegradáveis e se decompõem em moléculas naturais que não são tóxicas nem poluentes, portanto, esperamos que sejam mais ambientalmente amigáveis”, explica Kaixi Zhang, cientista do SMART AMR e coautor do estudo.

Escalonamento e próximos passos

Após resultados promissores em laboratório e em campo, estão em andamento planos para ampliar os testes em parceria com a indústria. Os OIMs já estão sendo comercializados por meio de uma empresa derivada, e um grande teste em fazenda foi iniciado em Malaca, na Malásia, para otimizar os compostos. Empresas agrícolas da Austrália, Bélgica, Malásia e Nova Zelândia também avaliam seu uso comercial para prevenir e potencialmente tratar mastite bovina.

Os estudos de maior escala, que ocorrerão ao longo dos próximos seis meses, irão refinar a dosagem ideal e avançar o processo rumo ao uso comercial, mediante testes ampliados e aprovações regulatórias.

Outras espécies

Segundo Chan, há planos para aplicar a tecnologia em outras espécies de produção, como aves e suínos. Ela afirma que o mecanismo bactericida dos compostos permanece eficaz mesmo na presença de matéria orgânica comum a diferentes ambientes de fazenda, o que amplia o potencial de uso. “Os compostos representam uma mudança de paradigma e oferecem uma alternativa mais sustentável aos antissépticos tradicionais. Eles têm potencial para remodelar as práticas de prevenção da mastite e outras áreas da pecuária”, conclui.

O estudo foi liderado pela Nanyang Technological University, Singapura (NTU Singapore), em colaboração com o grupo de Resistência Antimicrobiana (AMR) da Singapore-MIT Alliance for Research and Technology (SMART), braço de pesquisa do MIT em Singapura. Os resultados foram recentemente publicados na revista Nature Communications.

As informações são do Dairy Global.

 

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