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A estreita relação entre doenças respiratórias e o manejo de bezerros

POR LUCIANE MARIA LASKOSKI

E JOELSON ANTÔNIO SILVA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/01/2010

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 30/05/2023

As doenças respiratórias são comumente observadas em bovinos de produção leiteira, sendo um problema crítico em muitas propriedades. Normalmente acometem os bezerros, logo nas primeiras semanas ou meses de vida, o que ocasiona perda de muitos animais e gastos financeiros com medicamentos, sendo que a criação das fêmeas numa exploração leiteira tem impacto direto na produtividade da fazenda.

O acometimento destes animais após duas semanas justamente ocorre por ser o período crítico de imunidade, ou seja, quando o número de anticorpos que o filhote recebeu da mãe pelo colostro começa a reduzir, e seu organismo precisa produzir seus próprios anticorpos. Desta forma, muitos animais passam por um período desprotegidos, o que facilita o desenvolvimento de diversas doenças, principalmente enterites e pneumonias.

Para o avanço da exploração leiteira foi necessário reduzir drasticamente o tempo de amamentação natural dos bezerros. A prática de separar os bezerros das vacas ao nascimento, após mamar o colostro, tem sido adotada para aumentar a produção de leite, bem como acelerar o retorno da vaca à vida reprodutiva. O bezerro é então apartado para receber o leite normalmente em balde, criado em baias individuais ou coletivas até o desmame. Além do estresse da apartação materna precoce, os bezerros normalmente recebem leite diluído em água ou apenas sucedâneos do leite, para reduzir os custos com sua alimentação. Desta forma, o recém-nascido, que deveria apenas mamar o leite materno com os nutrientes necessários para o seu correto e saudável desenvolvimento, torna-se predisposto às mais diversas infecções ambientais.

São diversas as condições que contribuem de maneira significativa para o desenvolvimento das doenças respiratórias. Relacionadas ao manejo deve-se destacar a superlotação com animais de diferentes idades, calor ou frio excessivo, sujidades e umidade no ambiente, parasitismo e outras doenças concomitantes. Existem ainda peculiaridades orgânicas dos bovinos que os torna mais predisponentes a lesões pulmonares que outras espécies, como limitada capacidade de troca gasosa e reduzida quantidade de células de defesa no pulmão.

Vários microorganismos podem causar doenças respiratórias em bezerros, de modo especial as broncopneumonias que apresentam mortalidade de até 80% nos animais acometidos. Os vírus e bactérias ocupam lugar de destaque entre os vários patógenos, sendo que muitas vezes ocorre uma associação deles nas infecções observadas. Nesse particular, é importante destacar novamente o manejo de agrupar bezerros de diferentes idades num mesmo lote, o que obriga animais imunodeprimidos a frequentar o mesmo ambiente que outros animais doentes ou que estejam vivenciando melhora de alguma afecção, mas que ainda são importantes disseminadores de microorganismos, especialmente se as condições do lugar não estiverem adequadas, bem como o manejo alimentar.

Os principais sinais clínicos observados são tosse úmida e dolorosa e aumento da frequência respiratória. Alguns animais se apresentam deprimidos, com falta de apetite, presença de febre e muitas vezes com diarréia. O bezerro pode também apresentar corrimento nasal, e caso o mesmo esteja com odor fétido é sinal de putrefação dos tecidos acometidos pela lesão, o que pode indicar mais gravidade do quadro clínico.

Existem métodos para o diagnóstico do agente etiológico causador do problema, principalmente pelo isolamento microbiológico do conteúdo obtido por lavagem broncoalveolar, realizado por um médico veterinário. No entanto, relembrando que muitas vezes a etiologia é multifatorial, o tratamento é basicamente o mesmo para todos os casos, principalmente a base de antibióticos, antiinflamatórios e medicamentos que facilitam a expectoração, receitados de acordo com cada caso. Deve-se deixar o animal em ambiente limpo, seco, bem arejado, confortável e livre de poeira, com alimento que não forme pó e água fresca em abundância.

Considerando que o tratamento, quando se pensa em diversos animais acometidos, representa sempre alto custo, o ideal é sempre optar pela prevenção do problema. Ao observar as causas que predispõem o bezerro ao desenvolvimento das afecções pulmonares, fica claro que para reduzir a incidência das doenças deve-se repensar no manejo praticado na propriedade.

Os pesquisadores liderados pelo professor Mateus J. R. Paranhos da Costa, Grupo ETCO - Bem Estar Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Jaboticabal, constataram que a adoção de práticas de manejo menos radicais, e sim mais cuidadosas, apresentam excelentes resultados quanto à redução de doenças e aumento de desenvolvimento dos animais no período de amamentação artificial. O estudo foi realizado com dois grupos de animais: aqueles sob o manejo tradicional, condicionados em instalações individuais, recebendo leite em duas mamadas em balde individual, feno, água e concentrado a vontade até a desmama, e o outro grupo denominado de manejo racional. Neste segundo grupo, os animais de até 30 dias eram mantidos juntos no mesmo galpão metade do dia, e no outro período soltos em piquete. O leite fornecido em baldes com bico, inicialmente seis litros por animal, decaindo gradativamente até os 70 dias de vida. Os animais eram escovados pelas tratadoras até terminar a ingestão de leite, sendo que esta escovação permitia um contato individual e carinhoso com cada animal. Entre 30 e 70 dias os bezerros eram soltos permanentemente em piquete. Da mesma forma que no primeiro grupo, havia a disposição de concentrado e água a vontade no piquete e no galpão.

Com o manejo racional verificou-se redução significativa no número de mortes dos bezerros e da necessidade de medicamentos aos animais doentes, além de melhor disposição e vigor dos animais, o que demonstra a eficácia do manejo em reduzir o número de afecções neste período tão crítico.

O manejo de agrupar os animais num mesmo galpão, que foi feito neste experimento, teve o objetivo de socializar os animais desde jovens, uma vez que os bovinos são animais gregários, com tendência a viver em grupos. Como foram adotadas boas práticas alimentares e de manejo geral, não houve aumento de doenças neste grupo, e sim redução em relação ao grupo em que se empregava o isolamento dos animais.

A amamentação dos bezerros por meio de balde com bico torna a digestão do leite mais adequada, pois ele simula o movimento de sucção que naturalmente o bezerro faria na vaca. Assim, o leite irá para o compartimento gastrintestinal adequado, e não apodrecerá como ocorre na ingestão de leite por balde comum, o que ocasiona diarréia e predispõe a outras doenças como pneumonias. No entanto, a higiene deste balde deve ser feita todos os dias para que o bico não funcione como disseminador de microorganismos, facilitando o acúmulo de leite entre as mamadas.

Portanto, propriedades que apresentam alto índice de animais com doenças respiratórias ou mesmo mortalidade elevada, devem preocupar-se inicialmente com a correta administração de colostro, leite produzido nos primeiros dias do parto, que deve ser feito preferencialmente de 6 a 12 horas após o nascimento. Também deve ser dada especial atenção ao tipo de manejo adotado, e repensar se alterações, como as sugeridas, não poderiam ser empregadas na tentativa de reduzir a incidência de moléstias que comprometam a produção da propriedade.

Referências Bibliográficas

BRUM, M.C.S. et al. Enfermidade gastroentérica e respiratória em bezerros inoculados com amostras brasileiras do vírus da diarréia viral bovina tipo 2 (BVDv-2). Ciência Rural. v.32, n.5, p.803-820, 2002.

COUTINHO, A.S. Complexo das doenças respiratórias de bezerros. II Simpósio Brasileiro de Buiatria. Disponível em: https://www.ivis.org/proceedings/abmg/2005/pdf08.pdf. 2005.

JERICHO, K.W.F.; KOZUB, G.C. Experimental infectious respiratory disease in groups of calves: Lobar distribution, variance, and sample-size requirements for
vaccine evaluation. The Canadian Journal of Veterinary Research. v.68, p. 118-127, 2004.

GONÇALVES, R.C. O sistema respiratório na sanidade dos bezerros. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/viewFile/7922/5783

SILVA, L.C.M.; MADUREIRA, A.P.; COSTA, M.J.R.P. Mais carinho no manejo de bezerros leiteiros: uma experiência bem sucedida. Disponível em: https://www.portaldoagrovt.com.br/agro/pecuaria/manejo_de_terneiras.pdf

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ROSIMAR SILVÉRIO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2020

O que eu dou para ela tomar
MARIO VIEIRA

JAGUARIBE - CEARÁ - ESTUDANTE

EM 14/01/2020

Oi.meu pai tem uma bezerra que sempre desde que nasceu ao mamar fica cansanda e empasinada .
Hoje ela tem 3 messes e hoje 14 de janeiro ela ficou tão cansada que quase morreu.
Queria saber algum tratamento para ela
Desde ja agradeço
MARIO VIEIRA

JAGUARIBE - CEARÁ - ESTUDANTE

EM 14/01/2020

Oi.eu tenho uma bezerra que ja naceu com problemas respiratorios
Hoje ela tem 3 messes e semple ao mamar ele fica cansada e empasinada
Mas hoje quando ela mamou ficou muito cansada quase veio a obito.
Queria saber se existe algum remedio para o tratamento.
Desde ja agradeço
MIROSMAR MORAES

EM 04/09/2019

Tem uma bizerrinha com 15 dias de idade ela começou em durecer e respirar mal e levou 2 dias para morrer
Qual é a doença
ORLANDONALDA LIMA

ACOPIARA - CEARÁ

EM 12/02/2019

Queria saber qual remédio da
ORLANDONALDA LIMA

ACOPIARA - CEARÁ

EM 12/02/2019

Tenho um bezero de 22 dias de nascido e ele é injetado tá cagando mole e liguento e ele fica tipor cansado o que sera
PAULA

CAMPO ALEGRE - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 09/09/2011

Oi, tenho uma bezerra de um mês de idade e ela esta apresentando os seguintes sintomas, não fica de pe ,come e se movimenta porém não levanta ,esta ofegante ,já esta assim a 7 dias, o que pode ser ?Paula.

Paula,

Talvez o melhor local para fazer essa pergunta seja o fórum técnico, onde você poderá interagir com grande número de leitores: https://www.milkpoint.com.br/forum/
LUCIANE MARIA LASKOSKI

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/12/2010

Prezado José Carlos,

É de extrema importância manter um banco de colostro em propriedade leiteiras ou mesmo de corte, uma vez que no momento do parto podemos não ter outras vacas com poucas horas ou pós-parto.

No artigo a seguir comento sobre o colostro e como manter um banco de colostro na propriedade, o qual armazenado de maneira correta, em freezer, tem duração de seis meses, chegando até mesmo a um ano.

Abraço,

Luciane Laskoski.
JOSÉ CARLOS SILVA JÚNIOR

PASSOS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/09/2010

boa noite!

Primeiramente queria parabeniza-los pelo artigo, foi de muita importancia nos meus estudos, por conter linguagens claras e obijetivas. Sou fã da bovinocultura leitera e é a área que pretedo me especializar daqui pra frente.
Li uma vez um artigo que falava sobre as vantagens e desvantagens do banco de colostro, e lendo seu artigo, gostaria de ter sua opinião quanto a qualidade do colostro em relação as imunoglobulinas já que segundo o artigo elas perdem suas propriedades.


Muitissimo obrigado!
José Carlos Silva Júnior
LUCIANE MARIA LASKOSKI

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/08/2010

Prezado Eduardo,<br><br>Existe sempre a indicação de manter um banco de colostro, não só na bovinocultura leiteira como também de corte. O colostro é a única maneira do recém-nascido adquirir imunidade no pós-parto, uma vez que os anticorpos da mãe não passam pela placenta, como acontece na espécie humana e outras. Assim, sempre que possível, deve-se recolher o colostro excedente das vacas nos dois primeiros dias do pós-parto, e coloca-los em vasilhame de vidro (não se recomenda plástico) muito limpo, com identficação, e mantê-los por seis meses em temperatura de -20°C. Ao descongelar, fazê-lo em temperatura ambiente ou em banho maria, não ultrapassando a temperatura de aquecimento de 50° C. Lembrando que o colostro deve ser fornecido preferencialmente até as seis horas após o nascimento, ou doze horas, onde a passagem é um pouco menor, mas ainda possível.<br><br>Espero ter ajudado, abraço.<br><br>Luciane Laskoski.
EDUARDO GRACIANO PEREIRA

CONCEIÇÃO DO RIO VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/07/2010

Parabens Luciane e Joelson , tema de grande importancia na pecuaria leiteira atual principalmente em sistemas intensivos . Gostaria opiniao dos autores da utilizaçao banco colostro em propiedades que tem dificuldade de manter bezerro junto a mae depois do parto , obrigado .
WILSON MENDES RUAS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 08/01/2010


Parabéns à Luciane e ao Joelson, pelo artigo, especialmente, pela argumentação bem fundamentada. Agora eu tenho um norte para enfrentar esse desafio. Tenho vivido este drama em minha fazenda, quase todos os anos. Em 2009 perdi 20% das minhas bezerras. Elas são amamentadas 2 vezes ao dia no balde, ração e água à vontade e mantidas presas individualmente, pelo sistema chamado Argentino, o que lhes permitem certa mobilidade. Tenho observado que as mortes ocorrem mais no verão, época de umidade e calor intensos. Pedi explicações ao veterinário e ele me disse que nessa época do ano, principalmente, quando chove mais é assim mesmo. Não fiquei satisfeito e já
estava pensando em construir casinhas que as protegessem de chuva e sol. Mas achava o investimento pesado, vinha protelando a decisão. Agora, com essa matéria, percebo que tenho alternativas mais econômicas. Obrigado.
MARINA RESENDE PIMENTA

OUTRO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/01/2010

Tenho otimas experiencais tambem com o manejo racional de bezerros, tenho propriedades em que dou assistencia em que os bezerros são separados em piquetes de gramineas como tifton de acordo com a idade, e que ate 30 dias de idade sao fechados quando chove ou muito frio, a partir dai ficam apenas nos piquetes. Sempre os piquetes com mais tempo de descanço são reservados para os animais menores e os maiores repassam atras. Tambem acho uma opção mais natural e saudável para os animais.

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